The Prophecy

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O vento lhe acertava com intensidade no rosto, balançando seus cachos que estavam perfeitamente presos em um rabo de cavalo.

A cada passada larga e vigorosa daquela égua o coração de sua amazona parecia ganhar uma antiga e quase esquecida força.

Seria verdade o que havia sentido?

Era uma sensação forte demais, como se de fato a brisa ganhasse forma e lhe tocasse.

Mas um toque que ultrapassava os limites da pele e a atingiu direto em sua alma. Apenas ela seria capaz de sentir aquilo, pois a conexão que possuía com aquela alma era única.

Sua racionalidade prática e toda cautela edificada em séculos de experiência lhe diziam que tal sensação era impossível, que não passava de um delírio gerado pela necessidade extremamente dolorosa que sentia de seu amor.

Ela estava morta...

Fora cremada.

Ela estava lá nesse momento.

Todos estavam.

Mas então como explicar aquela energia que percorria todo o seu corpo, espalhando uma deliciosa sensação de expectativa.

Uma vontade imensurável de sorrir...

Uma alegria a muito esquecida se apossando dela.

Não podes ser leviana Misty!

Repetia em sua mente enquanto a égua se aproximava do imponente labirinto vivo que aquele castelo também possuía.

Um muito maior e mais antigo que o de seu castelo.

Numa fração de segundos, sua mente fez o cálculo e lhe disse que o mais rápido seria atravessá-lo por dentro.

Levaria muito mais tempo o contornando e sua urgência era gritante demais.

Além disso, aquela energia, aquele cheiro, aquela sensação lhe conduziam por ali. Diminuiu a velocidade assim que se aproximou dele e assustou-se com a altura de suas paredes e a cor da maioria das folhas já alaranjadas e outras em um tom marrom sombrio, o que indicava a chegada do outono.

A respiração ofegante sua e do animal lhe deixaram alerta.

Ela detestava aquele lugar, pois ele lhe trazia lembranças ruins, já que foi em meio aquelas paredes que ela, ainda uma menina beirando pouco mais treze anos, encontrou com seu arqui-inimigo pela primeira vez.

Lembrou-se do medo e do ódio que sentiu quando o viu e de como aquele encontro quase lhe custou à vida.

Naquela tarde também de outono, há mais de trezentos anos ele a convidou até lá. Uma criança impulsiva e preenchida de ódio pelo homem que matara seu pai, descoberta que acabara de fazer, e a impeliu a imprudência.

Maya fechou os olhos e permitiu que aquela lembrança viesse a sua mente.

Soube com seus muitos anos de vida que deveria aprender com seus erros e aquele poderia ter sido o seu último.

A voz sibilante dele, lembrando a de uma serpente à espreita de sua presa a chamava pelo nome e ela, tola e insolente, achava que seria páreo para ele.

Poderia até ser se ele estivesse sozinho.

Mas como um covarde que sempre fora, levou vários de seus seguidores que a cercaram.

Para cada corredor que ela tentasse fugir apareciam um ou dois homens encapuzados e com aterradoras máscaras.

O medo que congelava suas entranhas lhe impedia de concentrar seus dons e se defender.

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