Promises

54 10 2
                                    

Maya não conseguia parar de contemplar a mulher deitada ao seu lado. Tentou lembrar-se de quando havia sido tão feliz como naquele instante e sua mente viajou há séculos atrás, quando teve o privilégio de ser amada por aquela mesma alma, mas alguma coisa tornava o momento presente ainda mais significativo. E ela tinha a clareza do que era.

Exatamente todos os anos, décadas e séculos que precisou esperá-la.

Todos os momentos em que chegou a duvidar que o reencontro poderia ser possível, das vezes que pensou em desistir, mesmo sabendo que isso seria praticamente impossível e que não teria tal direito. Também se lembrou das pessoas que passaram em sua vida, algumas delas tornaram-se bastante especiais, mas não era ela.

E apesar das boas estórias que vivenciou, nada se comparava ao que sentia quando estava com ela.

Sua metade, aquela que preenchia cada lacuna, que despertava os desejos mais profundos e que era capaz de fazê-la uma pessoa muito melhor.

Pensou em todas as mudanças que Carina promoveu em sua vida, da forma como ela chegou sem pedir permissão e foi ocupado todos os espaços, atordoando tudo o que Maya considerava mais sólido, literalmente abalando suas estruturas.

A observando dormir tranquilamente em seus braços, rememorou todos os eventos desde que ela entrou em sua vida, ou melhor, retornou para ela.

Pensou em como foi cega, pois estava evidente desde o primeiro momento em que se olharam, ou quando ela a segurou nos braços devido a um machucado no pé dela. A necessidade crescente de saber mais sobre ela, o que no fundo, pouco tinha a ver com as desconfianças acerca da Ordem.

Simplesmente precisava tê-la mais e mais em sua vida.

"Sempre tão ousada!"

Pensou enquanto afastou um cacho impertinente que lhe caia sobre os olhos. Não temeu lhe afrontar em seu próprio território quando apresentou seu trabalho com brilhantismo singular.

Provocando um verdadeiro abalo sísmico nas estruturas da sempre segura Bishop. Sentiu-se arrepiar ao lembrar-se do texto que ela escreveu diretamente para ela e de como cada palavra tinha o poder de mexer com ela.

E então ela foi ocupada cada vez mais espaço, permeando fantasias, lhe tirando de sua zona de conforto. Foi por ela que provou, pela primeira vez, o amargo gosto do ciúme.

Nunca havia sentido nada parecido com aquilo. Inevitavelmente pensou em Gabriela. Que daquela vez representava uma ameaça real e que agora não era mais.

Havia questionado a Carina sobre a relação delas, como ficaria após o reencontro delas e a morena lhe tranquilizou dizendo que não tinha mais nada com Gabriela e que ela estava se relacionando com uma outra pessoa, embora Carina tenha sido sincera ao dizer que sabia que Gabriela ainda a amava, mas que compreendia que a estória entre elas já havia terminado e que era melhor serem amigas.

Sentiu-se uma tola por ter entrado no apartamento de Carina e ter encontrado aquele bilhete. Era o carinho sincero externado em poucas palavras. Mas não podia esperar outra coisa. Carina era o tipo de pessoa que atraia o bem para si e Gabriela definitivamente era uma pessoa boa e se pegou feliz em saber que Carina tinha alguém como ela como amiga.

Pensou que agora poderia se permitir conhecer melhor aquela mulher que inclusive lhe ajudou quando estava machucada. Fez uma anotação mental que deveria agradecer por aquilo.

Assim como precisava recompensar suas irmãs, Anne e Ingrid, pois foram elas que chegaram poucos minutos depois que ela apagou nos braços de Carina e a ajudaram a socorrê-la e a dar um destino aquela gangue. As lembranças daquela noite ainda incomodavam com pequenas pontadas, mas já não era nada insuportável.

Deserve YouOnde histórias criam vida. Descubra agora