Love is a lie

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Um solavanco mais intenso lhe despertou de um sono pesado e há muito necessário. Atordoada com o leve choque de sua têmpora esquerda contra a lateral do encosto de seu assento olhou ao redor tentando se situar de onde estava. Sua mente cansada levou alguns segundos para processar as informações que lhe chegavam, enxergou com dificuldade.

Confirmou que ainda estava dentro do segundo avião que pegara para retornar para casa e felizmente, após mais de 20 horas entre voos e espera em aeroportos, pousara no Aeroporto Internacional de São Francisco e assim que olhou pela pequena janela viu o dia lindo que fazia lá fora. Isso a fez se sentir alguns por centos melhores.

Esperou que a imensa maioria dos passageiros desembarcasse. Optou por permanecer um pouco mais sentada, como se com aquilo, adiasse o fim repentino de seu sonho e a continuação de uma dor descomunal que pressionava seu peito e lhe doía na garganta. Pensou que jamais sofrera algo daquela magnitude.

Nem mesmo quando sua primeira namorada a deixou para ficar com capitão do time de basquete do colégio sentiu nada parecido com aquilo. Levantou-se com dificuldade já que sentia dores pelo corpo todo, quase como se tivesse levado uma surra além de um latejar incomodo em sua cabeça, decorrente do sono medicado que teve.

Precisou recorrer para o remedinho que Marc lhe deu, não conseguiria passar mais tempo pensando em tudo o que acontecera. Arrastou-se pelo apertado corredor da aeronave e despediu-se educadamente da equipe de bordo e seguiu por um caminho já conhecido. E

steve naquele aeroporto várias vezes e orgulhava-se dele ser considerado o melhor dos EUA, recebendo dezenas de milhões de pessoas todos os anos. Olhou ao redor e tentou ler as expressões de todos que, assim como ela, estavam parados diante da esteira de bagagens. Muitos eram turistas e vinham a passeio a uma das cidades mais incríveis da América.

Gostava daquela pequena brincadeira introspectiva de imaginar qual lugar recomendaria para cada pessoa. Foi nessa observação que percebeu o casal de mulheres que veio com ela desde Paris. Elas pareciam confusas com o guia turístico de bolso que escolheram. Carina riu e decidiu pôr em prática aquilo que só imaginava.

— Com licença... – Aproximou-se delas.

— Ah... Olá. A nossa colega de sorte e de viagem! – A mais alta delas lhe sorriu gentilmente.

— Bonjour! – A mais baixa e morena lhe saudou assim que conferiu as horas. Carina precisou se esforçar para evitar o embrulho no estômago ao ouvir aquele idioma. Intimamente jurou para si mesma que não o usaria por um bom tempo, contudo essa promessa não durou nem cinco segundos, pois precisou lançar mão dele para estabelecer um diálogo mais claro com aquelas mulheres.

— Bom dia... Me chamo Carina. – Estendeu a mão para elas.

— Prazer Carina, eu sou Ingrid e essa é a Anne. – Se apresentaram formalmente.

— Desculpe me intrometer, mas vejo que estão um pouco perdidas. – Apontou para o livro que seguravam. As duas riram levemente encabuladas.

— Sim... Um pouco, ganhamos essa viagem dos pais da Anne de lua de mel e não temos certeza do que fazer. – Ingrid, que era a mais comunicativa, disse.

— Bom, foi um presente e tanto e... Parabéns pelo casamento. – Sorriu sinceramente, embora naquele momento, estivesse completamente descrente do amor. Mas isso não significava que ele não poderia existir para outras pessoas, não é mesmo? Pensou consigo. – Mas se permitirem posso dar umas dicas para vocês. Essa é a minha cidade. – Abriu os braços orgulhosa. As mulheres se olharam e sorriram simultaneamente anuindo positivamente. – Onde ficarão hospedadas?

— O hotel se chama Inn on Castro! – Anne respondeu após conferir em seu celular. Carina arregalou os olhos e essa reação não passou desapercebida. – Você o conhece? É legal? Só vimos fotos,

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