Carina pressionava suas unhas contra o couro do banco onde estava, denotando o quão tensa estava. Não era medo nem receio.
Era a ansiedade da espera, a expectativa de finalmente ter aquilo que tanto ansiava.
Aquilo que mais buscou sem nem mesmo ter a clareza da busca.
Ela, aquela pessoa, aquela mulher que tanto permeava suas fantasias e abalava com todas as suas estruturas, estava ali, ao seu lado.
Tão próxima que conseguia sentir, claramente o calor emanado por seu corpo.
A despeito do frio do lado de fora, o interior daquele carro estava quente, beirando ao quase insuportável, pois ambas respiravam ofegantes, despejando lufadas de ar quente que insistiam em embaçar os vidros do carro.
Ambas evitavam se olhar diretamente, apenas tendo a ciência de que estavam uma ao lado da outra, da presença quase sufocante e da necessidade gritante que lhes consumiam.
Maya ainda tinha o sabor da pele de Carina em sua boca após ter, sorrateiramente, lambido o lóbulo da orelha dela.
Era doce e provocante na medida certa e enchia sua boca de água, como se a sede por ela só fizesse aumentar. Querer, desejar, ansiar em sorver tudo de Carina, cada gota possível e imaginária.
Estremeceu com a imagem que veio em sua mente que parecia fugir a seu controle.
O gemido da mulher a seu lado lhe indicou que ela acabara de ter o mesmo vislumbre. Sem nem se quer ter pensado ou racionalizado, haviam se conectado e ambas tiveram a certeza de que estavam prestes a viver a mais surreal das experiências.
Estavam no limiar de suas forças, não sabiam se conseguiriam suportar a presença da outra sem se lançarem em seus braços, pois eram dolorosamente palpáveis as sensações que as arrebatavam.
Era como se sentissem estar se tocando sem nem mesmo fazê-lo, pois a energia de uma chocava-se contra a da outra, na medida em que seus acelerados corações pulsavam. Era um verdadeiro duelo de vontades e Maya sabia que deveria estar sendo ainda mais difícil para Carina, pois havia outra pessoa.
Queria não pensar naquilo durante aquela noite, mas era inevitável, pois havia lhe feito uma promessa que estava certa de que não cumpriria, pois já não tinha mais forças e só não faria se Carina assim o desejasse, mas as mensagens que o corpo dela lhe passava lhe diziam que ela estava na mais perfeita e completa agonia.
Ansiando as mesmas coisas.
Sendo dominada por um tesão absurdo e uma necessidade gritante.
E a ansiedade de viver tudo aquilo fez com que Maya acelerasse o seu potente carro que cortava as ruas de Paris, vencendo a distância que precisavam percorrer em poucos minutos.
Felizmente (?) chegaram ao seu destino no exato instante em que Carina estava com ambas as mãos apertando as próprias coxas e de olhos cerrados, empurrando fortemente o seu corpo contra o encosto do banco.
- Carina? Chegamos! – Maya a despertou.
- Hã? – Ela abriu os olhos um tanto quanto aturdida e viu o rosto do simpático manobrista que segurava a porta para que ela descesse.
Virou-se para Maya e essa lhe olhava com um misto de solidariedade e provocação nos olhos, pois ela queria deixar claro para Carina que também não estava sendo fácil para ela.
Desceram do carro, que fora levado por um dos rapazes enquanto o outro as guiou pelo caminho de acesso ao singular restaurante que Maya queria levá-las.
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Deserve You
FanfictionReleitura da obra "A Ordem do Labrys: Crônicas da Herdeira" de "Juliana Lucena" "Não se aproxime demais ... é escuro aqui dentro." Uma das habilidades mais incríveis que o Tempo possui, é a capacidade de absolver ou amaldiçoar. Entretanto, ironicam...