Eu sou um Renegado - Arthur M.C. Silva

Capítulo 01

Como tudo começou do fim...
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Era apenas mais uma missão... mais uma morte, em mais uma maldita noite fria, com a lua em seu ponto mais alto na qual eu aguardava para o ataque. Sotto, meu líder, meu amigo, aguardava pacientemente enquanto a neve caía sobre nossas cabeças serenamente. Estávamos escondidos nas sombras das árvores em um local de grande altitude com vista para o nosso objetivo, como predadores à espreita, cada um de nós treinado para ser mortal, preciso, e implacável. O frio cortava como facas, mas estávamos acostumados a ele. Nosso sangue corria quente com a adrenalina do que estava por vir.

Mas mesmo com a paciência de Sotto, eu podia sentir minha cabeça girar e a adrenalina subir, meus olhos vidrados e sedentos para matar, senti a mão de Sotto pousar em meu ombro e seu olhar transmitindo calma, mas não sei por quanto tempo mais teríamos que esperar. Observamos de longe o nosso local de ataque, era um castelo grande e fortificado com muitos guardas, muros altos e com os aposentos reais mais altos ainda.

A estrutura daquele castelo, foi construída para evitar ataques tanto embaixo quanto de cima, evitando que escaladores encontrassem as melhores rotas de ataque e escape e onde catapultas não atingissem o castelo. Mas nós tínhamos uma vantagem, Lyanna, uma das melhores assassinas havia conseguido entrar no castelo como uma das servas do rei, estudado o castelo de seu interior e seu exterior. E nesse exato momento, ocorreria a troca dos guardas, o momento perfeito para um ataque silencioso.

– Muito bem, escutem todos...- Murmurou Sotto chamando nossa atenção.- É uma missão muito simples, sem erros. Nós entramos, fazemos o trabalho, e saímos. Não é para ser mais difícil do que qualquer outra missão.

Zack, sempre o provocador, não perdeu a oportunidade de comentar.

– É, isso se o "Killerclaw" não se empolgar de novo como na última missão.-

Zack era um dos arqueiros mais habilidosos que já conheci nessa vida, mas também era um piadista sem noção que não perdia tempo em fazer uma piada ou algum comentário sarcástico. Em nossa última missão, a lua estava cheia e em seu ponto mais alto, como hoje, eu acabei perdendo o controle sobre minhas ações e quase nos comprometi.

Antes que eu pudesse responder, Lyanna interveio. Sua voz cortante como o aço, cheia de autoridade e desdém.

– Zack, se não tiver nada construtivo para comentar, então feche a boca! – ela o retrucou, defendendo-me.

– Ora, só estou fazendo um pequeno comentário, minha cara.

– Se sua mira fosse tão excepcional quanto sua boca, Zack, você seria um bom atirador.- Kenji, meu irmão de criação, com seu olhar penetrante e postura rígida, nunca perdia a oportunidade de manter a equipe focada. Ele era o mais silencioso de nós, mas quando falava, suas palavras cortavam como as kunais que sempre carregava consigo.

Zack riu, embora sua expressão tenha mudado um pouco ao perceber que Kenji estava sério.

– Parece que ninguém nesse grupo tem senso de humor mesmo, não é? Eu só quis dizer que ficaria muito triste se um de nós morresse nessa missão por um simples erro...- Zack estava querendo me fazer perder o controle, eu não me importava com as piadinhas idiotas dele, mas hoje ele tocou na ferida aberta. Sverr, a nossa muralha, grande como um urso mas com um coração justo e bondoso pegou Zack pela gola de seu manto o tirando do chão. Kael, nosso estrategista olhava tudo em silêncio, apesar de não ser tão envolvidos em nossas rixas internas, não gostava da forma de Zack tratar tudo como uma piada – para ser honesto, ninguém gostava muito do Zack, justamente por suas piadinhas e provocações – para Kael, Zack não era nada mais que uma criança buscando atenção do grupo.