Capítulo 17

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Segredos
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Os ventos fortes e a maré corrente colaboram para a viagem de nossos heróis, impulsionando o navio com velocidade sobre as águas agitadas. O céu estava claro, e a brisa salgada trazia uma sensação de liberdade e uma nova determinação à eles, embora a tensão entre eles fosse perceptível após os eventos na taverna. Mary, agora já sóbria, mantinha sua postura silenciosa e firme de capitã, olhando fixamente para o horizonte com os braços cruzados no castelo da proa, ainda que estivesse mentalmente cansada e envergonhada, tanto pela bebedeira quanto por acordar deitada ao lado de Akin, um homem na qual ela mal conheceu. Mas poderia ter sido pior, um ela poderia ter sido pega em flagrante por seus tripulantes e isso poderia fazer toda a tripulação comentar.

Mas no fundo ela até se sentiu bem, ser acolhida nos braços de alguém que a compreendesse, principalmente um homem como Akin, corajoso, forte, atraente. Mary balançou a cabeça afastando esses pensamentos, ele era apenas um homem que a pagaria por seus serviços, nada além disso, ela não podia se envolver emocionalmente com um homem que apenas seu pai conhecia, sabe-se lá o que um homem como Akin já fez nessa sua vida passada. A morena voltou a se concentrar no horizonte a sua volta, seu imediato se aproximou fazendo ela voltar sua atenção a ele.

— Capitã, os ventos estão favoráveis para nossa viagem, chegaremos a Mexian logo.- Disse o imediato com otimismo em sua voz, Mary assentiu silenciosamente, agradecida pela informação.- Ah... capitã, espero não ser inconveniente, mas acha que essa viagem com esses... "passageiros", vale a pena?

O imediato olhava para Akin que estava apoiado na borda do navio com uma certa desconfiança, já fazia tempo que o navio não recebia passageiros tão misteriosos, Mary suspirou cansada.

— Eles disseram que iriam nos pagar, se isso significa servir de Cruzeiro para eles e ganhar um bom pagamento, então sim.- Respondeu Mary com seriedade enquanto encarava Akin de longe.

A proximidade com Akin e os sentimentos contraditórios que ele despertava em seu coração eram perturbadores, mas ela os afastava, lembrando-se de sua função como capitã e da necessidade de manter a cabeça no lugar. Aquela viagem era apenas negócios. Nada mais.

— Capitã, deseja algo mais? — o imediato perguntou, percebendo que a conversa havia ficado em silêncio por um momento.

— Não. Apenas mantenha o curso, e me avise se houver qualquer alteração no tempo ou no vento. — Ela respondeu secamente, voltando-se para a amurada, encerrando o diálogo.

Enquanto o imediato se afastava, Akin continuava observando o mar, o olhar distante, como se também estivesse perdido em seus próprios pensamentos. Havia uma quietude nele, uma calmaria antes da tempestade, e Mary sentia que, por mais que ele fosse uma figura misteriosa e forte, algo muito mais profundo o assombrava. Ela suspirou, ainda irritada consigo mesma por se deixar envolver por esses pensamentos.

Akin se perguntava em como todos estavam em casa, Juliana, Tia Joaquina, Aruna e todos os seus amigos e vizinhos em Brasaian, ele olhava as ondas do mar e pensava o quão longe ele ia de casa acompanhado por pessoas que ele não confiava, os únicos que ele depositava sua confiança era em seu irmão de guerra e em seu animal. Sua mente se pergunta se valia a pena deixar tudo para trás novamente para seguir em uma viagem tão inesperada assim, ele logo foi despertado de seus devaneios ao notar a aproximação de Kenji e Zara indo em sua direção. Mesmo com o aroma salgado do mar, ele pôde sentir o cheiro deles se aproximando, Kenji ficou em silêncio ao seu lado se apoiando na madeira do navio enquanto Zara lançou um olhar maldoso para ele.

— Então, meu novo amigo... quer conversar sobre oque aconteceu essa noite?- Provocou Zara levantando uma sobrancelha fazendo Akin rolar os olhos.

— Não há nada a ser discutido, Zara.- respondeu Akin, sua voz carregada de desinteresse e firmeza, sem nem ao menos desviar seu olhar do horizonte. Kenji que estava ao seu lado não disse nada, mas um sorriso discreto formou em seus lábios, ele conhecia o temperamento de seu amigo e sabia que ele não suportava certas provocações.

Eu sou um Renegado - Arthur M.C. SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora