Capítulo 16

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Eu entendo...
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O assobio do vento sobre as copas das árvores e o canto das aves fez Akin abrir os olhos lentamente, ele fechou sua mão sobre a terra sentindo a terra entre seus dedos, ele levantou rapidamente e percebeu que estava em uma floresta. Os olhos de Akin arregalaram-se tentando compreender por que ele estava ali, ele reconheceu a vegetação densa, o canto das aves e a umidade do solo, ele estava em Brasaian, mas por que? Ele limpou a terra de suas roupas e começou a procurar a saída do lugar.

Ele passou entre as folhagens e galhos até encontrar uma clareira com uma única árvore de ipê branco no centro, mas não era um ipê comum, era grande, com suas raízes robustas se espalhando na terra como serpentes, sua flores brancas brilhavam com o reflexo do sol.

Debaixo de um dos galhos, tinha a figura de um homem, Akin ficou um pouco apreensivo, ele tentou pegar suas lâminas mas percebeu que elas não estavam com ele, nem suas facas ou qualquer coisa que ele tenha para se defender, isso o deixou um pouco mais apreensivo. Ele respirou fundo e caminhou cautelosamente até a árvore, mesmo com cautela, algo naquela figura lhe era familiar.
Aos poucos ele se aproximou do homem que estava de costas para ele e com suas mãos para trás, Akin notou que ele tinha uma aliança dourada em sua mão esquerda e uma pulseira feita de linha preta e adornado com penas vermelhas e azuis das araras de sua terra, estranhamente idêntica com as de seu pai.
O homem olhou por cima do ombro e deu um sorriso, que fez o coração de Akin quase parar ao ver o sorriso do homem. Era um sorriso que ele conhecia bem, um sorriso que fazia parte de suas memórias mais preciosas e dolorosas. Ele congelou no lugar, incapaz de avançar ou recuar, enquanto seus olhos fixavam-se na figura à sua frente. O homem, ainda com o sorriso tranquilo no rosto, virou-se lentamente, revelando sua face. Ele tinha o mesmo semblante firme e os mesmos olhos profundos que Akin lembrava — os olhos de seu pai. As rugas de expressão ao redor dos olhos indicavam sabedoria, e o brilho no olhar era acolhedor, como se soubesse que Akin o reconheceria, mesmo após tanto tempo.

— Pai...? — Akin sussurrou, quase sem acreditar. O homem assentiu, seus olhos carregando uma ternura que Akin havia quase esquecido. Ele não parecia ter envelhecido um dia desde a última vez que Akin o viu, antes daquele fatídico ataque que levou sua família e destruiu sua vida.
O homem, com o mesmo semblante sereno de quando Akin era criança, assentiu levemente e deu um passo à frente, estendendo a mão.

— Akin, meu filho. — Sua voz soou exatamente como Akin se lembrava, profunda e calorosa, cheia de sabedoria e uma força tranquila.

Akin deu um passo para trás, seu corpo instintivamente reagindo à confusão e ao medo. Ele sabia que seu pai estava morto. Havia testemunhado isso. Mas ali estava ele, em pé, diante daquela árvore sagrada, com a mesma pulseira de penas que costumava usar em vida. Akin olhou ao redor, tentando encontrar alguma explicação para o que estava acontecendo, mas nada fazia sentido.

— Como... como isso é possível? — Akin perguntou, a voz vacilando. — Eu vi você morrer.

O sorriso de seu pai desapareceu, e ele olhou para Akin com uma expressão séria, mas ainda cheia de ternura.

— A morte não é o fim, Akin. Você sabe disso melhor do que ninguém. A terra, a natureza... estão todas conectadas de maneiras que você ainda não compreende totalmente. Eu nunca te deixei, mesmo que você pense o contrário.

Akin sentiu suas lágrimas descerem sobre o seu rosto e suas pernas tremerem involuntariamente, ele caminhou com dificuldade até seu pai e lhe abraçou fortemente, Jamal retribuiu o abraço rindo de emoção, Akin se separou do abraço e se ajoelhou abaixando a cabeça em sinal de tristeza.

Eu sou um Renegado - Arthur M.C. SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora