Capítulo 27

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Corações Aquecidos

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Finalmente, depois de longos e árduos dias de viagem no mar, o grupo avistou a vasta e árida extensão de Sandree à sua frente. O calor era intenso, e o horizonte parecia flutuar sob o sol implacável. O deserto começava de forma abrupta com uma praia, onde a areia quente se misturava com pequenas faixas de vegetação rasteira que lutavam para sobreviver nas condições implacáveis. O vento soprava suave, mas seco, carregando consigo os grãos de areia fina que sussurravam segredos antigos de terras esquecidas.

O navio, agora ancorado no topo de uma pequena elevação rochosa, permitia ao grupo uma visão ampla da fronteira do deserto que se estendia diante deles. A areia ali começava de maneira abrupta, misturando-se com uma fina linha de vegetação ressecada e algumas poucas plantas espinhosas, que, teimosamente, se agarravam à vida. Os olhos de cada membro da equipe estavam fixos no horizonte, onde as dunas pareciam dançar e se mover, como se o próprio deserto estivesse vivo, respirando lentamente sob o calor do dia.

Akin foi o primeiro a descer do navio, seus pés firmes encontrando o chão rochoso. Ele ergueu os olhos para as dunas à frente, sentindo o peso da jornada que os aguardava. Ele sabia que atravessar Sandree seria um teste tanto físico quanto mental, e que, em algum lugar além daquelas dunas, sua irmã Yumi os esperava, assim como o destino final: Griakk e o Coração do Vazio. Eles caminharam por algum tempo sob o sol fervente, Felipe como sempre, parava de reclamar.

— Caramba, que deserto dos infernos! — Resmungava ele, secando o suor da testa. — Alguém aí tem certeza de que a bússola está funcionando?

— Felipe, já ouviu falar em "poupar saliva"?- Kenji disse, ajeitando seu chapéu de abas largas para se proteger melhor do sol. — Quanto mais você fala, mais água perde.

— Vem cá, você morava num lugar consideravelmente quente, está reclamando do quê?- Zara questiona um tanto sem paciência com tamanho drama de Felipe.

— Isso é totalmente diferente na minha terra, o calor não é desse nível e sou o único que não tem muita vontade de morrer tostado em um deserto?

— Felipe, fica de boca fechada? Logo nós vamos parar em alguma cidade ou vilarejo, mas a menos que queira engolir areia de deserto, sugiro que se cale e me deixe pensar, sim?- Akin retruca fazendo Felipe se calar de vez.

— Alguma ideia de quanto tempo ainda falta até encontrarmos esse vilarejo? — Kenji perguntou, sua voz baixa, quase como se não quisesse quebrar o silêncio opressor do deserto.

— Se os mapas estiverem corretos, algumas horas de caminhada. Mas nesse calor, pode parecer uma eternidade.- Respondeu Mary enquanto passava a mão em seu secando o suor que escorria de sua testa.

— Eternidade é um jeito educado de dizer que a gente vai fritar aqui. — Felipe comentou, ainda resmungando, mas dessa vez mais baixo. Mas então sorte parece sorrir para eles, uma cidade pequena porém acolhedora e próspera Era uma visão bem-vinda, uma mistura de construções de pedra e madeira, protegidas por uma fina camada de poeira do deserto. As ruas eram estreitas, e poucas pessoas andavam por ali, a maioria delas cobertas da cabeça aos pés, protegendo-se do sol.

— Vamos encontrar uma estalagem — Akin sugeriu. — Precisamos descansar e nos abastecer antes de continuarmos.

O grupo concordou, e logo encontraram uma pequena pousada no centro da cidade. O proprietário, um homem de idade com um sorriso caloroso, os recebeu com um gesto acolhedor.

— Bem-vindos a Sandree! O que posso fazer por vocês?

— Precisamos de quartos e comida — Akin respondeu, sua voz carregando o peso da jornada. — E água, muita água.

Eu sou um Renegado - Arthur M.C. SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora