Capítulo 03

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O Passado Retorna
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A casa de Tia Joaquina sempre trouxe para Akin uma sensação de nostalgia e conforto que ele raramente encontrava em outros lugares. Ao cruzar a soleira da porta, ele foi imediatamente envolvido pelo aroma delicioso do pão fresco, misturado com o cheiro de ervas e especiarias que ela sempre usava na cozinha. A cena era tão familiar que Akin quase podia ouvir as risadas e conversas do passado, como se o tempo tivesse parado ali dentro.

Tia Joaquina, como sempre, estava atarefada na cozinha, movendo-se com uma graça que desmentia sua idade. A cada passo que Akin dava, ele sentia uma conexão profunda com as memórias que aquela casa guardava. Ele se lembrava de Black, seu fiel companheiro, que agora estava deitado preguiçosamente aos seus pés, como costumava fazer quando era apenas um filhote, atrapalhando sua passagem com aquele jeito desajeitado, mas sempre presente e protetor.

E então havia Aruna, a doce e radiante menina que agora corria pela casa, a imagem viva de Juliana e Yumi, as meninas que antes corriam pelos mesmos corredores, enchendo a casa com suas risadas e sonhos infantis. O riso de Aruna ecoava pelo ambiente, lembrando-lhe dos dias em que Juliana e Yumi faziam exatamente o mesmo, trazendo vida e calor ao espaço que agora parecia eternamente acolhedor.
Cada detalhe na casa de Tia Joaquina era uma lembrança de tempos mais simples, de um lar que sempre estava lá para ele, não importando o quão distante ele fosse. A nostalgia apertava seu peito, mas era um sentimento bom, uma lembrança de que, não importava o que acontecesse no mundo lá fora, ele sempre teria um lugar para chamar de lar, com pessoas que o amavam incondicionalmente.

Depois de todos esses anos, ela ainda via aquele mesmo garotinho que corria pela cozinha e pegava bolinhos enquanto ela não via, agora era um homem adulto, marcado pelas batalhas e pelas cicatrizes da vida. O abraço dela, firme e reconfortante, ofereceu um alívio temporário das memórias que assombravam Akin. Ele se afastou um pouco, olhando para o rosto envelhecido e ainda assim familiar de Joaquina.

— Como vocês tem passado, Tia? — ele perguntou, a preocupação evidente em sua voz. Ela sorriu com um misto de tristeza e carinho.

— Estamos bem, meu filho. A vida aqui continua, como sempre. Mas eu sinto a sua falta, e Brasaian também sente. As coisas mudaram, mas o amor e a lembrança permanecem.

— E a "Vossa Alteza Juliana"?- Brincou Akin ao se lembrar da sua irmã caçula, depois que ele partiu, ela havia se apaixonado por um príncipe Português que pediu a sua mão em casamento, oque melhorou muito a vida de Tia Joaquina e dos outros habitantes em Brasian

— Ah, nossa Juliana — respondeu Tia Joaquina com um sorriso caloroso, enxugando as mãos no avental enquanto se aproximava de Akin. — Ela realmente se tornou uma verdadeira princesa, não é? O casamento dela foi uma bênção para todos nós aqui. Não só trouxe mais recursos para a vila, mas também encheu nossos corações de alegria. E você deveria ver como ela está feliz, meu filho. Ela sempre pergunta por você, sabe?

Aruna, que ainda estava grudada ao lado de Akin, balançou a cabeça em concordância.

— Ela sempre manda cartas, e às vezes ela manda presentes para mim! — disse Aruna com entusiasmo, seus olhos azuis brilhando. — Mas ela sempre diz que sente falta de você, Akin.

— Fico feliz em saber que ela está bem — disse Akin, sua voz suave e cheia de emoção. — Eu gostaria de ter estado lá para vê-la casando, mas... — Ele hesitou, as palavras morrendo em sua garganta, a culpa e o dever sempre pesando sobre seus ombros.

— Você está onde precisa estar, Akin. Juliana entende isso, e nós também. -Tia Joaquina tocou o braço dele gentilmente, como sempre fazia quando queria confortá-lo.-Todos aqui sabemos que, mesmo longe, você nunca nos esquece.

Eu sou um Renegado - Arthur M.C. SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora