Capítulo 21

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Mar Revolto

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Depois do ocorrido, Akin ficou apagado por longas horas. Kenji e Mary, preocupados, decidiram levá-lo à cabine de Mary, onde ele poderia descansar e se recuperar em segurança. Kenji estava particularmente inquieto, seus pensamentos oscilando entre a preocupação com a saúde de Akin e o medo do que a fúria descontrolada de seu amigo poderia significar para o futuro. Enquanto Akin repousava, o som suave das ondas contra a costa se misturava ao silêncio pesado do ambiente. Mary permaneceu ao lado de Akin, observando cada respiração sua. Ela sabia que o que ele havia enfrentado não era apenas o Fantasma, mas uma luta interna muito maior. A escuridão que Akin carregava dentro de si era uma ameaça constante, e cada vez que ele se deixava consumir por ela, parecia mais difícil trazê-lo de volta. Quando ele acordou, decidiu não tocar no assunto com ninguém, nem mesmo com Kenji. Ele sabia que se tentasse, as palavras fugiriam dele, e a dor voltaria com força total.

Ele preferiu deixar aquilo enterrado, ao menos por enquanto. A viagem seguiu assim, o silêncio de Akin gritava mais que suas palavras, enquanto olhava as ondas tranquilas do mar, ele encontrou o pouco de paz que precisava. Kenji e Mary trocavam olhares preocupados, mas respeitaram o silêncio dele, entendendo que ele precisava daquele tempo para processar o que havia acontecido. Mesmo que as palavras estivessem presas dentro dele, o peso do que ocorrera no templo ainda estava presente.

As memórias da batalha, do Fantasma e da fúria incontrolável que quase o dominou, rondavam sua mente. Akin sabia que caminhava sobre uma linha tênue entre a sua sanidade e a escuridão do monstro que ele tinha dentro de si. O isolamento parecia ser a resposta para a sua dor, pelo menos, ele acreditava que era a resposta. Akin estava tão imerso em seus pensamentos que nem percebeu que seu amigo de longa data havia se aproximado dando-lhe um seu conforto silencioso.

— Ah Black... por que tudo isso veio tão de repente?- Pergunta Akin enquanto acariciava a cabeça do animal.- A vida era dura antes, mas eu era feliz... com você, a fazenda, a paz...

Akin suspirou ao falar a última palavra, como se fosse a primeira vez que dizia algo assim, como um bebê que aprende suas primeiras palavras.

— Paz... algo que nunca conheci...-Akin suspirou profundamente enquanto acariciava o pelo macio de Black, seu fiel companheiro. Akin se lembrava dos dias mais simples, quando a vida era difícil, mas havia uma espécie de tranquilidade.- Talvez a paz seja um sonho distante... um sonho talvez, eu nunca encontre.

O silêncio ao redor era quebrado apenas pelo som das ondas suaves e o vento que soprava pelo teto da cabine onde Akin observava tudo, o belo azul sereno do céu, a água com suas ondas que trazia seu salpico salgados e tranquilizantes... era como se ele tivesse voltado a fazenda, olhando se sua varanda as montanhas, o sol resplandecente e os belo canto dos pássaros, algo que lhe trazia uma "paz" que talvez ele não veria outra vez. Akin foi interrompido ao ouvir o som de toque na madeira, Mary o chamou para descer e conversar sua próxima ação.

Ele se levantou lentamente, ainda sentindo o peso das memórias que estavam mais vívidas do que nunca. Antes de descer, deu uma última olhada no mar, como se tentasse absorver um pouco mais daquela tranquilidade passageira.

Descendo da cabine, Akin encontrou Mary e Kenji esperando por ele. Mary o olhava com uma expressão de preocupação, mas havia também determinação em seus olhos. Kenji, que normalmente era o primeiro a quebrar o silêncio com um comentário motivador, mas achou por bem apenas esbanjar um sorriso encorajador para o amigo que retribuiu com um sorriso e um aceno de cabeça, eles adentraram na cabine da capitã, Zara, Felipe e o homem que havia trago com eles. Mas antes de discutirem o próximo passo, precisavam entender quem era o homem e por que Sikkari e o Fantasma estavam tão interessados nele.

Eu sou um Renegado - Arthur M.C. SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora