Capítulo 23

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Convidados de Honra

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A noite avançava lentamente, a luz da fogueira tremia nas paredes da caverna, lançando sombras dançantes sobre o rosto cansado de Akin. Ele mantinha os olhos fixos nas chamas, perdido em pensamentos sobre os próximos passos. O ronronar suave de Black, seu fiel companheiro Jagerlot, acalmava-o levemente, mas a mente de Akin permanecia inquieta.

A caverna parecia respirar com eles, o eco das gotas d'água ressoava nas profundezas, como se o próprio ambiente estivesse observando. No entanto, algo naquela quietude deixava Akin desconfiado. Ele notou que na caverna havia alguns riscos e dizeres antigos, então se levantou lentamente, seus músculos protestando contra o esforço, enquanto Black ergueu a cabeça, atento ao movimento de seu mestre.

— Fique aqui, garoto. Eu vou explorar isso mais fundo — sussurrou Akin, antes de se aventurar pela escuridão que se estendia além do alcance da fogueira. As paredes da caverna eram irregulares, cobertas por musgos e raízes que se entrelaçavam como veias vivas. Mas também estava marcada com símbolos antigos e desenhos estranhos, Akin pegou um galho, o usando como tocha para iluminar tudo à sua volta, observando as gravuras mais de perto.

Seus olhos, atentos, seguiram um padrão que o levou até o fundo da caverna. Ali, grandes figuras estavam entalhadas na parede: Cinco guerreiros que cruzavam as pontas de suas lanças, as erguendo para o céu.

Cada guerreiro era uma tribo em Flottär, cinco guerreiros, cinco irmãos. Cada um deles vestiam armaduras características de uma das cinco tribos de Flottär, a história mostrava que as tribos viviam em plena harmonia, longe da corrupção do mundo exterior e as tribos eram um só, até que um dia, um homem vindo além dos mares e oceanos, lhes mostrou as maravilhas de sua terra. Aço, ouro, medicina avançada e poder eram suas promessas, em troca, o povo o abraçou como um membro da própria tribo, ensinou seus costumes e lhe deram o melhor daquela terra.

O estrangeiro havia se apaixonado por uma das mulheres da tribo, a esposa do líder da tribo Uzcar, eles se encontravam todas as noites em segredo. Mas um dia, o chefe dos Uzcar os seguiu e descobriu o segredo infiel de sua mulher nas terras dos Musakka, a tribo residentes das praias. O chefe dos Uzcar se enfureceu, ele acreditava que os Musakka, a tribo de seu irmão acobertavam a traição de sua mulher e o estrangeiro, irado, ele buscou conselho de um feiticeiro sombrio para buscar a solução.

O feiticeiro lhe ofereceu uma solução que custaria caro: um artefato amaldiçoado, forjado nas sombras e banhado em ódio. O feiticeiro garantiu ao líder dos Uzcar que o artefato lhe daria o poder de punir os traidores e obter sua vingança, mas avisou que seu uso traria consequências terríveis para todas as tribos.

Cego pela fúria e pelo desejo de vingança, o chefe dos Uzcar aceitou o artefato e, naquela mesma noite, usou-o contra sua esposa e o povo de Musakka, os extinguindo de Flöttar, manchando suas águas com o sangue do povo. No entanto, a maldição era poderosa demais para ser contida. O poder sombrio se espalhou, transformando a terra outrora fértil em um deserto infértil, os rios cristalinos em correntes de veneno, e a harmonia entre as tribos foi desfeita. A suspeita, o medo e a rivalidade tomaram conta de todos.

O estrangeiro fugiu, desaparecendo misteriosamente, e a traição quebrou o elo entre os cinco irmãos. Cada um deles passou a desconfiar dos outros, e o conflito irrompeu. As quatro tribos que antes eram inseparáveis começaram a travar guerras entre si, com cada uma buscando maior poder e controle sobre os recursos que restavam.

Akin observava as gravuras com uma sensação crescente de compreensão. Ele sabia que, de alguma forma, a história de Flottär estava conectada ao que estava acontecendo em seu próprio tempo. O ciclo de destruição e corrupção parecia se repetir, e ele sentia o peso da responsabilidade de quebrá-lo. Não era diferente do que aconteceu com Brasaian, Akin estava com sua atenção voltada para as figuras até notar que Black também encarava as figuras como se tentasse decifrar o significado delas.

Eu sou um Renegado - Arthur M.C. SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora