Capítulo 05

16 2 3
                                    

Fera não mais adormecida
⤛☾⤜

Na manhã seguinte, Akin acordou mais cedo do que de costume, o céu ainda tingido com cores escuras e acinzentadas, sua mente ainda estava muito confusa com a conversa que ele e Kenji tiveram na noite anterior. Akin se levantou da cama, sentindo o frio matinal de cada manhã que entrava pela janela, a brisa fresca de fora ajudava Akin em seus pensamentos. O jovem negro então decide fazer uma caminhada pela floresta para dar uma certa leveza a sua mente. Uma visita do passado que veio tão de repente, que lhe tirou a paz que havia em seu ser. As palavras de Kenji ecoavam em sua mente, como o rugido de um trovão na tempestade, um antigo mal que ele mal conhecia ameaçava a vida tranquila que tinha e a todas as vidas que eram importantes para ele. Mas a sua promessa também ecoava em seus pensamentos de não lutar novamente. Uma luta interna se formava em seus pensamentos, uma luta interna tão difícil quanto a sua luta contra Killerclaw, as lembranças daquele maldito dia ainda o assombravam, ver Sotto – o homem que o treinou, que ensinou a ele tudo oque ele sabia, que o criou como seu próprio filho – morto por causa da fúria descontrolada do Garra da Morte.

Akin se sentou em uma árvore tombada na floresta com vista para o nascer do sol e esfregou os olhos em sinal de desespero, nem mesmo com a quietude da floresta foi capaz de calar as vozes que açoitavam a sua mente. Black se aproximou e colocou a cabeça no joelho dele, oferecendo apoio, Akin sentiu a presença de Black e, por um breve momento, a escuridão dentro dele parecia se dissipar um pouco.

Akin acariciou a cabeça de seu companheiro Jagerlot, se permitindo relaxar. A companhia de Black fazia Akin se lembrar de que ainda existia uma luz que o salvava da escuridão que o ameaçava engoli-lo. O jovem negro se levantou tranquilamente, respirou fundo sentindo a brisa suave da floresta bater em seu rosto, o sol começava a nascer no horizonte, colorindo os céus de um jeito lindo que deu a ele um momento de leveza.

Enquanto voltava a sua cabana, Akin tentou organizar seus pensamentos, decidido a não aceitar ser aquele  monstro que ele era, mas dessa vez, o destino tinha outros planos para ele. De repente, o chão começou a tremer levemente sobre os seus pés, uma vibração que se intensificava. O jovem parou abruptamente, com seus sentidos aguçados, ergueu a cabeça, seus ouvidos atentos focando na direção do som.

A cada segundo a terra tremia com mais força e um som de rugidos de feras abafados ficaram mais nítidos, ecoando pelas árvores fazendo os pássaros alçarem voo apavorados. Black começou a rosnar com seus olhos atentos em uma área específica e com seus pelos da nuca arrepiados.

Sem perder mais tempo, Akin correu na direção do som, Black logo ao seu lado. À medida que se aproximavam, o ar ao redor deles parecia vibrar com uma energia estranha, uma força que Akin não sentia há anos. Finalmente, eles chegaram a uma colina, e o que Akin viu fez seu coração disparar. Um exército de homens indo em direção à cidade de Salthaven, armados até os dentes, alguns marchando a pé, outros a galopes montados em cavalos, e alguns estavam montados em Muurifantes, grandes paquidermes peludos de grandes presas, maiores que um mamute ou um elefante africano, com uma protuberância em sua cabeça.

Tal visão fez Akin ficar sem alguma reação, quem eram eles? Por que estavam ali? Enquanto ele observava, Akin notou que o exército era bem organizado, e as bandeiras que tremulavam ao vento não pertenciam a nenhum reino que ele conhecesse. Eles estavam ali com um propósito, e a intensidade em seus olhos revelava que eles não hesitariam em destruir qualquer coisa que estivesse em seu caminho. Inclusive o Vale do Sol, onde o povo de Akin estava.

O rugido dos Muurifantes ecoou pelo vale, um som profundo e ameaçador que parecia vibrar no próprio ar ao redor de Akin. Ele cerrou os punhos, lutando contra o desejo de agir. Sabia que uma vez que desse esse passo, não haveria volta. Ele voltaria a ser aquele homem, o guerreiro que jurara nunca mais ser. Mas a vida de inocentes estaria em perigo, e pior, o vilarejo também seria atacado, era apenas uma questão de tempo até chegarem lá.

Eu sou um Renegado - Arthur M.C. SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora