Capítulo 1

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Raphael narrando

Após alguns anos servindo ao exército e as forças especiais, me tornei capitão.
Servir é minha paixão, aprendi muito com meu meio irmão Igor De La Cruz. Sempre vi seu amor pela profissão e isso me incentivou a me dedicar cada dia mais. De tanto reclamar de sua sua super proteção, me tornei um Igor De La Cruz.

Fui transferido para o Brasil, devo ficar por lá por uns dois anos, a saudade de casa já está enorme, todos os dias falo com minha família. Tenho quatro sobrinhos maravilhosos, uma irmã incrível e um cunhado que é mais que um irmão.

Meus pais são pessoas excepcionais, sou grato por ter uma família tão perfeita.

Depois do sequestro da minha irmã, anos atrás, comecei a dar mais valor a vida. Ligo para meus pais, minha irmã e cunhado todos os dias. Faço vídeo chamada para conversar com meus sobrinhos e sempre que posso viajo para a casa deles. Amo nossos momentos em família. Agora estou indo para outro país, vou ficar mais distante ainda.

Já tivemos dias de choro e angústia, mas agora só temos motivos para comemorar.

Alanna, minha irmã gêmea, que parece mais uma coelha de tantos filhos, estudou medicina e logo se formará em pediatria. Tenho muito orgulho dela e sou apaixonado por meus sobrinhos e sobrinhas.

Estava refletindo na vida quando o avião pousou em solo brasileiro.
Um terceiro tenente, Eli, veio me receber no aeroporto com mais um soldado, fui levado para a casa que irei morar. Fica dentro do quartel.

Como já passava das nove da noite, não teria como me apresentar hoje. A apresentação seria no outro dia pela manhã.

Minha roupa estava pendurada no armário, a refeição estava servida na mesa. Deixaram tudo pronto para mim.
Tomei banho, jantei, desfiz as malas e deitei para dormir.

Levantei bem disposto pela manhã. Corri em volta do quartel, ainda era bem cedo. Quando voltei, o café da manhã estava servido. Me alimentei e me arrumei.

A formatura foi perfeita, fui muito bem recebido. O ambiente é bem leve, já entrei em muitos ambientes tóxicos. Pessoas tem o poder de tornar tudo mais leve ou tudo mais pesado.

Tenho liderado alguns grupos, estou ensinando estratégias de guerra. Já vi de perto muitas coisas, tenho muitas experiências. Entrei nesse meio quando tinha acabado de terminar os estudos, estava com dezessete anos. Hoje estou com vinte e oito, lá se foram onze anos.
Amo o que faço.

- Raphael, vamos em um restaurante hoje? Estou cansado de comer a comida do quartel. - Eli é o terceiro tenente do mesmo quartel que eu. Está se tornando um grande amigo.

- Você conhece algum lugar bom? - Estávamos saindo do plantão.

- Conheço, geralmente vamos lá com a rapaziada. Do lado de fora somos pessoas comuns, sem muitas formalidades. Só que tem sempre uns oficiais que gostam de se sentirem superiores, não ligue se você ver algo desse tipo. Você tem experiência, sabe como é.

- É disso que eu gosto, Eli, de me enturmar sem formalidades. Então vamos. Vou me arrumar e te espero no estacionamento. Pode deixar que vou dirigindo. - Meu pai mandou um Bentley Continental GT preto para mim, não gosto de usar, chama muita atenção. Ele quase não é usado, fica estacionado na garagem. Vou usar meu Ranger Rover Evoque, branco, não vai chamar tanta atenção. Aqui no Brasil é mais comum ver Ranger Rover do que um Bentley Continental GT.

Fui para casa, tomei um banho relaxante e me arrumei. Vesti uma calça jeans clara, blusa gola polo preta e um tênis confortável. Vesti um jaqueta de couro, preta.
Sentei em frente ao notebook para pesquisar sobre o lugar que iríamos, pedi Eli para mandar o nome do lugar.

A neura de Igor ficou agarrada em mim, mas sabemos que proteção nunca é de mais.
Em alguns minutos ele mandou o nome do lugar, pesquisei e vi que tinha muitas residências de militares ao redor, isso me deixou tranquilo.

Coloquei minha pistola no coldre e sai de casa, caminhei até o carro e fiquei esperando Eli chegar, encostado no carro.

- Boa noite brother, pronto para curtir um pouco? - Ele apertou minha mão.

- Vou tentar me distrair. Estou muito preso a minha família, estou morrendo de saudades, sabe como é?

- Sei sim. Sofri muito quando tive que vir para cá, sou de outro estado. O pior foi no começo, tive que ficar longe de casa por um ano. Minha noiva me traiu nesse período, eu tive que manter o foco. Quase desisti de tudo. Lidar com a dor da traição não é fácil.

- Sério cara? Que barra.

- Pois é! Mas agora já foi, tem anos isso. Mas não consigo me envolver com mais ninguém, ficou um trauma. Queria poder conseguir me abrir para deixar alguém entrar nesse coração amargurado.

- Logo isso passa, você vai achar uma pessoa certa para você.

- Tomara! - Ele juntou as mãos, como quem intercede e sorriu.

- Vamos lá, pronto para estourar de tanto comer?

- Claro. - Ele gargalhou. - Já comeu o churrasco daqui? O churrasco do Brasil e muito bom. Você vai ver.

Foi tanto elogio que até me deu água na boca.
Chegamos no restaurante e era tipo um rodízio de carne e massas.
Pegamos um papel na entrada, que se chamava comanda, entramos e nos sentamos.
Logo começaram a chegar alguns soldados. Os soldados sentaram em um ambiente separado, fique observando.
Chegaram alguns tenentes e sargentos, sentaram perto de mim e Eli.

- Por que eles sentam em ambientes separados? - Perguntei para Eli. Olhando em direção aos soldados.

- Apesar de sermos todos iguais aqui fora, os superiores não se misturam. Quando estou sozinho, sento com eles. Mas tem sempre uns linguarudos que gostam de fazer fofoca. - Ele inclinou o queixo para o lado dos oficiais sentados perto de nós.

- Quero sentar com os soldados, posso?

- Sério que você vai fazer isso? - Eli me olhou com os olhos surpresos.

- Por que não? Quero que seja minha festa de boas vindas hoje. - Sorri e me levantei. Caminhei em direção a mesa em que os oficiais estavam. - Boa noite, estamos indo para o outro ambiente, querem nos acompanhar? - Perguntei.

- Deus me livre sentar com esse povo. - O homem que respondeu não era de nossos batalhão. Pelo visto muitos militares frequentavam ali. Os outros que estavam na mesa só observavam para o homem que falava comigo. Mas os outros eram oficiais do mesmo batalhão que eu.

- Ok. Com licença, então. - Me virei e fui em direção ao outro ambiente.

- Você é diferenciado mesmo. - Eli me seguiu com um grande sorriso nos lábios.


Raphael James Chevalier - Triologia Fake Love 3° Onde histórias criam vida. Descubra agora