Capítulo 5

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Raphael narrando

Com uma semana de operado, recebi a visita da minha família. Ainda bem que comprei uma casa, a família é grande.
Minha mãe cuidou de mim por duas semanas. Já estou conseguindo levantar, com a ajuda das moletas.
Eles ficaram por quinze dias e voltaram para a Espanha.
Me sinto tão feliz por tê-los em minha vida.

Após eles irem, fiquei observando a casa enorme que comprei. Isso fez com que me sentisse muito solitário, a casa tem seis quartos e duas suítes, três banheiros, três salas, sauna, acadêmia, piscina, garagem para cinco carros.
Vou comprar um apartamento, daí deixo a casa para quando for receber visitas da família.

O médico fisioterapeuta começou me atender em casa, mas a agenda dele está um pouco cheia, em breve vou ter que arrumar outra pessoa para cuidar de mim.
Ele indicou uma caminhada pela manhã, não posso correr ainda.

Já vai fazer dois meses e ainda sinto um pouco de dor. Eli fica na minha casa todos os dias de sua folga, ele está com uma gratidão infinita. Também sou grato por ter conseguido preservar a vida do meu amigo.

Hoje começarei a caminhada, ao lado da minha casa tem uma ciclovia, da para caminhar por ali enquanto vejo a praia.

Melissa narrando

Já se passaram dois anos, desde que encontrei aquele anjo no aeroporto. Não tem um dia sequer que não penso nele. Por que não aproveitei mais o momento ao seu lado?
Apesar de ter dormido em seu ombro. As vezes fecho os olhos e volto minha memória na hora em que o abracei, fingindo que ele era meu namorado. Seu cheiro ficou gravado em minha memória.
Após entrar no carro de aplicativo, naquele dia, perdi o papel com o contato dele.

O pior de tudo é que eu estava em um estado que não é o meu, fui fazer um estágio em um hospital específico. Se eu morasse por lá procuraria por ele todos os dias.

Naquele dia, tive que sair correndo por causa do atraso, tinha horário para chegar no estágio, se soubesse que o perderia assim tinha ficado mais tempo e colocado o celular para carregar. Assim teria gravado seu contato, teria perdido o estágio, mas estaria em contato com ele agora.

Sinto raiva de mim todos os dias, por ter dado esse mole.
Já se passaram dois anos, com certeza ele já está com alguém.
Já procurei tanto na internet, sei que ele não é brasileiro, daí fica mais difícil por não saber o sobrenome dele. Nem sei se ele está no Brasil ainda.

Conclui minha faculdade de fisioterapia e estou fazendo um preparatório para uma prova. Vou tentar a área militar, tenho estudado por anos.
Um dia sim e um dia não vou para o curso, ando muito de ônibus. Não tenho condições financeiras para comprar um carro.
Minha família é muito simples, minha faculdade foi pública, tenho que dar duro para conseguir as coisas.
Estou vendo se consigo atender algumas pessoas no particular, daí vou guardar o dinheiro para comprar uma casa ou um carro. 

- Oi Melissa. - Raquel parou do meu lado.

- Oi amiga. - Raquel é uma amiga de infância, ela sempre foi muito amável e gentil comigo. Sua mãe divorciou e arrumou um homem que mais parece um maníaco.

- Posso ir para sua casa hoje? Não quero ter que dar de cara com Augusto. Olha, aquele cara me dá nos nervos.

- Claro que pode, mas ele vai implicar com isso, você sabe.

- Desde que eu não tenha que olhar para ele. Minha mãe vai chegar tarde hoje, vou ter que ficar sozinha com ele em casa. Ele tem me olhado cada vez mais estranho.

- Eu reparei isso, da última vez que teve uma festa em sua casa. - Tinha sido aniversário dela. Até para mim ele se insinuou.

- É complicado amiga. Eu reparei que ele estava se insinuando para você também, sinto vergonha por isso. Não sei o que tem na cabeça da minha mãe, de aceitar isso. - Seu semblante se abateu.

-  Vamos parar de pensar nisso. Daqui a pouco vamos passar na prova igual ao seu irmão, daí vamos embora daqui. Só vou sentir muita saudade de meus pais.

- Eles são uma benção.

- São sim. Agora vamos, se perdermos esse ônibus, só daqui há uma hora e meia.

Entramos no ônibus e fomos conversando durante o trajeto. O irmão de Raquel está em outro estado, tem que ficar lá por um ano, para se formar, vai voltar sargento. Logo será nós duas.
O ônibus parou no fiscal e eu virei um pouco o rosto, olhando para fora, encostei a bochecha no vidro e permaneci assim.
Raquel tinha descido para comprar água.

Ela voltou e sentou do meu lado, o motorista ligou o ônibus e eu permaneci olhando para fora.
O ônibus começou a se movimentar e eu olhei em direção a ciclovia. Um ser se destacava entre a multidão, não porque ele usava uma muleta, mas por seu porte físico e estatura. Levei um choque quando vi.

Fiquei o observando até sumir das minhas vistas. Me fez lembrar muito Raphael, pela estatura. Ele estava de boné, não consegui vê-lo com tanta propriedade.

Meu coração disparou só de pensar em Raphael, tenho sofrido por todo esse tempo, tenho me iludido que o encontrarei um dia.
Além dele estar em outro estado, ele nem brasileiro é, talvez já tenha voltado para seu país de origem e eu aqui me iludindo. A dor está me fazendo ber coisas.

As vezes fico me perguntando se foi algum tipo de anjo mesmo, que só veio pra me socorrer no momento que estava mais precisando.
Tenho uma eterna gratidão por ele.

- Você está escutando o que eu estou falando? - Raquel me olhava.

- Desculpe amiga. - Sorri sem graça. - Pensei ter visto um conhecido, acabei viajando na minha imaginação.

- Estou vendo. - Ela começou a gargalhar. - Pelo jeito bateu uma saudade forte aí. Me conta quem é? - Ela começou a me fazer cócegas. - Me fala quem é! Pela sua cara é alguém especial.

- Para Raquel. - Eu gargalhava dentro do ônibus. - Vão pensar que somos loucas.

- Então me fale que é. Ou vou continuar fazendo cócegas.

- Foi uma pessoa que posso dizer que salvou minha vida de um maníaco. Foi na última viagem que eu tive que fazer, do estágio.

- Há dois anos?

- Isso. Eu ainda tenho dúvidas se foi gente ou se foi um anjo. - Sorri.

- Pelo jeito foi um anjo, roubou seu coração assim em um dia. Só pode ter sido anjo. - Ela sorriu. - Nunca a vi falar de alguém assim, olha que os caras caem matando em cima de você. Nunca te vi assim Melissa, aí tem.

- Você acredita em amor a primeira vista? Foi isso que aconteceu. Ele foi o primeiro homem que me olhou como mulher, não como um pedaço de carne. Geralmente os homens são bem nojentos nessa parte, esquecem de conquistar a mulher primeiro. Vou ter contar como aconteceu, daí você me diz se é gente ou se é anjo.

Raphael James Chevalier - Triologia Fake Love 3° Onde histórias criam vida. Descubra agora