Capítulo 24

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Melissa narrando

Raquel está bem melhor, Eli a leva para o hospital quando é necessário.
Sua mãe veio visita-la apenas uma vez, não deu tanta importância para o que Raquel disse. Mal sabe ela que demos parte daquele nojento.
Ela prefere acreditar em Augusto do que na própria filha.

- Amiga, você está bem? - Raquel perguntou após meus pais se levantarem da mesa. Ela colocou a mão por cima da minhas.

- Sinto como que meu coração estivesse partido. Estou tentando ser forte, mas dói muito ficar longe de quem amamos. Como vou suportar ficar longe e sem notícias?

- Eli me contou, disse que eles são melhores amigos. Então vocês estavam namorando mesmo?

- Sim. Mas eu não posso contar para ninguém, pessoas podem vir atrás de mim para querer atingi-lo, você entende?

- Entendo amiga. Mas e o cara do aeroporto? Só vi você falar assim de alguém duas vezes, e os dois ainda tem o mesmo nome.

- É ele amiga, Raphael é o cara do aeroporto.

- Mentira! - Ela colocou as duas mãos na boca. - Olha, estou até arrepiada. - Ela esticou o braço mostrado os pelinhos arrepiados.

- Por isso estou sofrendo assim. - Limpei uma lágrima com a mão. - Estou morrendo de medo de acontecer algo ruim com ele. Ou ter que ficar mais dois anos sem vê-lo. - Olhei para baixo.

- Pelo menos agora você sabe que ele é real. - Ela sorriu.

- E põe real nisso, não até onde isso é bom e até onde isso é ruim. - Lembrei dele por cima de mim, olhando em meus olhos. Fechei os olhos e sorri sem perceber, lembrando daquele rosto cheio de vontade de mim.

- Eita! Pera aí, me conte tudo. - Raquel falou animada. - Que cara é essa?

- Ah, amiga. Ele é maravilhoso. - Abri os olhos e olhei para ela. - Nunca pensei que me entregaria tanto assim a alguém.

- Que forma de entrega? Então vocês...? - Ela falou animada.

- Sim. - Sorri.

- Meninaaaa, que babado. Me conta. - Raquel estava eufórica. - Esse Raphael deve ser o cara mesmo, heim! Gilson te cercou por anos e você nunca deu bola para o menino. Mas Raphael chegou causando, te conquistou só pelo jeito de ser. Coitado do meu irmão, agora que não vai ter chances mesmo. - Ela gargalhou.

- Eu amo Gilson, tá legal? Mas é como um irmão. Sou filha única e não sei o que é ter irmão mais velho. Ele sempre foi um grande amigo. - Gilson é irmão de Raquel, nós somos muito grudados. Andávamos sempre juntos e Raquel dizia que um dia seríamos cunhadas.

Ela sempre cismou que Gilson era apaixonado por mim. Teve uma fase que ele até pensou estar apaixonado por mim, mas foi por causa de um selinho que dei nele para ajuda-lo. Certo que ele me tratava diferente das outras meninas, mas é só porque sou como uma irmã para ele, é só isso.

- Tadinho do meu irmão. - Ela gargalhou. - E se o menino entrar em depressão por conta disso? Melissa, sua malvada. - Ela gargalhava.

- Pare com isso, Raquel. Vou embora, está bem? Deixa eu ir estudar, vou levar seu atestado.

- Está bem. Quero meu abraço antes de você ir. - Levantei e a abracei, sem apertar muito. - Quero saber de tudo na volta, heim. 

- Eli vem hoje? - Falei mudando de assunto.

- Não, ele está de serviço.

- E o que está acontecendo entre vocês dois, heim? - Abaixei para olhar em seus olhos e sorri.

- Vai estudar, vai Melissa. Você vai se atrasar. - Ela prendia o riso.

- Ah, então você não quer me falar? Vou perguntar para ele. - Ameacei.

- Não faz isso amiga. Só tenho medo de estar confundindo as coisas, só isso. - Ela parou de rir e seu semblante mudou, parecia estar pensativa.

- Confundindo como assim?

- Ele é militar, talvez só esteja cuidando de mim por conta da agressão.

- Você não se deu conta que ele gosta de você? Você acha mesmo que é só porque ele é militar que está fazendo isso por você? Acho que vocês sofreram o mesmo que Raphael e eu, amor a primeira vista.

- Mas, ele deve ter muitas opções amiga. Quem sou eu para ele me enxergar?

- Talvez você tenha o que as outras não tem. Se você gosta dele, demonstre que você quer ficar com ele. Mande mensagem, faça com que ele se sinta seguro quanto ao relacionamento de vocês. Eli já teve uma grande decepção, passou por uma traição, por isso ele é um pouco travado.

- Como alguém poderia trair um homem desse? Meu Deus! - Ele levantou as mãos, como quem implora algo a Deus.

- Foi a mesma coisa que eu disse. Ele está apaixonado por você e você por ele, então demonstre para ele. Não o deixe inseguro. Conte comigo no que precisar, vocês merecem ser felizes.

- Obrigada amiga, se ele vier aqui amanhã vou contar para ele como me sinto, é melhor ser bem clara e objetiva.

- Isso aí, um partidão desse não se encontra em qualquer esquina. - Sorri.

- Verdade. Ele é tão atencioso e gentil. Me sinto até constrangida com tanto afeto.

- Você merece receber muito amor e ser muito paparicada. - Dei um beijo em sua testa. - Vou indo, te amo.

- Também te amo, amiga. Cuidado na rua, dirija com atenção.

- Pode deixar, tenta repousar. Até logo. - Peguei a mochila, o celular a chave do carro e saí.

Raquel sempre foi minha melhor amiga, sua mãe era amiga de infância da minha.
Com o passar dos anos, a mãe de Raquel começou a ficar diferente. O pai de Raquel acabou se separando dela, após uma traição, deixou os filhos com a mãe, a justiça não deu a guarda para ele.
Gilson quando fez dezoito anos pediu para morar como o pai, mas continuou em contato conosco, todo final de tarde ele ia na minha casa encontrar com Raquel.

Após uns dois anos de separada, a mãe de Raquel começou a namorar. Cada ano era um homem diferente, ela está com Augusto, pouco mais de três anos.
Raquel tem sofrido nas mãos dele, ele tem passagem por abuso de mulher e agressão, não sei o que a mãe dela pensa da vida.

Ele já agrediu Raquel várias vezes, minha mãe sempre a acolheu na nossa casa. Evitamos falar para Gilson, pois ele estava se preparando para a carreira militar, não podia ter passagem pela polícia.
Ele se formou sargento do exército e há um ano fez uma prova para sargento da polícia federal, passou com louvor.

Esse ano ele volta para casa, daí vou conversar com ele sobre Augusto.

Vou pesquisar alguns apartamentos, vou compra um de presente para Raquel. Não aguento mais ver minha amiga sofrer, já que sua mãe não dá um basta, vou intervir.

Raphael James Chevalier - Triologia Fake Love 3° Onde histórias criam vida. Descubra agora