Capítulo 19

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Raphael narrando

Desliguei e passei a mão no rosto, respirei fundo.

- O que está acontecendo? Por que você está assim?

Antes de eu conseguir falar, o tiroteio começou lá fora.
Melissa estava parada com as mãos na boca, minha reação foi abraça-la. Tentei evitar dela ver o que ia acontecer lá fora.

Eles atingiram um policial, envolvi Melissa com um braço e com a outra mão disquei para a polícia, passando as informações do carro, inclusive a placa.
O carro cantou pneu, deixando os dois polícias caídos.
Em pouco tempo chegou outra viatura e a ambulância.
Melissa se tremia dentro do meu abraço, tentei acalma-la.

Meu celular começou a vibrar na minha mão, olhei para a tela e era Igor.

- Oi mano, está tudo bem? - Ele falou assim que atendi.

- Igor, sai de perto de Alanna, tenho que te falar algo, mas não quero que ela se preocupe.

- Que bom que está tudo bem mano. - Ele disfarçou. - NANNA, VOU NO CARRO PEGAR UMA ANOTAÇÃO, PODE SERVIR O ALMOÇO. -Ele gritou do outro lado da linha. - Pode falar mano.

- Cauê está vivo.

- O quê? Como assim? Como você sabe?

- Ele estava aqui em frente a minha casa, Igor.

- O quê?

- Acho que ele só não tentou nada porque não teve certeza que sou eu que moro aqui.

- Ainda bem que eles são burros, não estudam a vítima. Mas me fala aí, o que houve, sua voz está estranha.

- Eles acabaram de balear dois policiais. Acho que vou ter que voltar para a Espanha. - Melissa se encolheu um pouco dentro do meu abraço.

- Não sabemos com o que ele está envolvido, é complicado. Ainda bem que o quartel não pode te prender nesses casos. Ainda bem que você está solteiro cara, pense na barra que seria ter que deixar alguém para trás.

- O pior é isso. - Minha voz falhou miseravelmente.

- Ah, não cara! É  sério isso?

- Sim, Igor. Não sei o que faço mano. Estou sentindo uma dor que não desejo para ninguém. - Uma lágrima escorreu em meu rosto. Melissa me olhou com os olhos tristes. Não consegui controlar o choro.

- Tenta explicar para ela. Por mais que doa, se ela te ama vai entender. Poxa irmão, quer que eu contate Amauri? Ele pode ajudar.

- Quero mano, pede pra ele cuidar de Melissa por mim. - Falar aquilo causou tanto dor em mim, quanto nela que ouvia.

- Vou falar com ele, me mantenha informado. Te amo.

- Te amo mano.

- Voce vai me deixar? - Melissa me olhava com dor. - É isso, não é?

- Eu não tenho outra opção. - As lágrimas escorreram no meu rosto. - Você viu do que eles são capazes? Não respeitam nem policiais. Esse cara estava envolvido no sequestro da minha irmã, ele foi um dos que a estuprou e a drogou até ela perder meu sobrinho. Se ele está aqui é porque está atrás de mim. Estou longe da minha família, ele pode pensar que estou vulnerável.

- Estou tentando entender, eu juro que estou. Mas como eu faço com a saudade Raphael? - A puxei e abracei seu corpo.

- Se você descobrir, me fale por favor? Eu também não sei como vou fazer. - Chorei agarrado nela.

- Não quero que nada de ruim aconteça com você. Se aqui você está vulnerável, volte hoje mesmo para sua família. Não se ponha em risco por minha causa, não vou saber lidar com a dor se algo acontecer com você por teimosia minha.

- Eu não quero ir, mas você me entende? - Passei a mão em seu rosto.

- Eu vou ser tão infeliz sem você aqui. - Ela mordeu o lábio inferior e se entregou as lágrimas. - Todo sonho bom tem um final, não é? Agora é hora de acordar.

- Me desculpe, Melissa. - Passei a mão em seu rosto. - Também estarei  infeliz onde eu estiver, tenta não me esquecer? Não guarde mágoas de mim. - Falar aquilo me causava tanta dor.

- Não esqueça de mim também. Pensarei em você todos os dias. Eu te amo, Rapha. - Tomei seus lábios com desespero.

Melissa ligou para mãe, para avisar que não iria para casa. Contou que ia ficar na minha casa, a mãe dela sabia de mim por causa das fisioterapias e do carro.
Aproveitei para ligar para Eli, pedi para ele vir na minha casa. Tinhamos que armar uma proteção para Melissa e sua família, Amauri também viria.

Passei o dia agarrado em Melissa, quanto mais as horas se passavam, mais meu coração doía. Cada hora que se passava se aproximava do momento de partir.

- Melissa, você vai ter que participar da conversa. Vai ter que contar sua rotina. Vou pedir para blindar o carro e colocar câmeras em sua casa. Está bem?

- Vou fazer tudo o que você me pedir, não quero te causar preocupações.

- Obrigado. - Forcei um sorriso.

- Deixa eu ficar com a chave da casa? Quando a dor se tornar insuportável, vou ter para onde voltar e me sentir protegida. Você faz isso por mim?

- Posso fazer o que você quiser, só não posso ficar. - Passei a mão em seu rosto, ela fechou os olhos sentindo meu toque.

- Amar dói. - Ela permaneceu de olhos fechados e uma lágrima escorreu no canto de seu rosto.

- Agora eu entendo. Por muito tempo me perguntei se teria coragem de morrer no lugar de alguém, se eu conseguiria sentir um amor tão grande assim, que fosse capaz de negar minhas vontades e abrir mão da minha própria vida. Hoje entendo, somos capazes de tudo por quem amamos, mesmo que isso nos cause a pior dor do mundo. O que vale é saber que quem você ama está em segurança. No amor não tem egoísmos, não há injustiça. Por isso não posso ser egoísta e injusto, a ponto de te carregar comigo  para essa loucura. Não posso te por em risco por uma coisa que não tem nada haver com você. Vou te proteger de longe, assim que der para eu voltar, voltarei correndo para você.

- Se mantenha bem, por favor. Não se ponha em risco, eu vou ficar bem. Não se preocupe tanto comigo.

- Isso é impossível, só estou indo porque estou preocupado com você. Te amo, Starbucks. - A puxei para beija-la.

Raphael James Chevalier - Triologia Fake Love 3° Onde histórias criam vida. Descubra agora