Capítulo 2

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Raphael narrando

Os tenentes e sargentos ficaram nos observando, enquanto caminhavamos para perto dos soldados.

- Olá, pessoal. Com licença. - Os meninos me olhavam surpresos, uns levantaram e prestaram continência. - Podem se assentar, não precisamos de formalidades aqui, estamos entre amigos.

- É sério isso? - Um soldado falou. - É difícil alguém nos tratar assim. Não podemos nem olhar na direção dos oficiais, a não ser por Eli. - Ele olhou para Eli e sorriu.

- Então escolhi o cara certo para eu andar. - Falei e apertei a mão de Eli. - Bem, hoje é minha festa de boas vindas, vai ser tudo por minha conta. Posso me sentar com vocês?

- Sério isso? - Eli me olhou surpreso e olhou para os oficiais no outro ambiente.

-  Claro que é. Liguem para os outros meninos que ficaram no quartel, hoje vamos acabar com a comida desse restaurante. - Sorri.

- Ah, o senhor é o melhor. Um dos soldados falou.

Os outros meninos foram chegando e juntando as mesas, eles me abraçavam e apertavam minha mão.
Comemos até nossa barriga não aguentar mais.
Informei que uma vez por mês faríamos isso, eu pagaria a conta. Os meninos ficaram eufóricos. Do que adianta ter dinheiro e não contribuir para a felicidade dos outros?
Dinheiro nunca foi problema para mim, nasci em família milionária.

Os oficiais passaram por nós e me encararam. Virei o rosto, fingindo não ver a indignação que estava estampada no rosto deles. Prendi o riso.

Está sendo bem tranquilo liderar meus soldados, eles tem sido muito atenciosos e esforçados.
Todos cooperam e ouvem os conselhos e ordens com precisão.

Os oficiais almofadinhas, pau mandados, começaram a punir os meninos que vão para o restaurante quando marco o encontro.
Fui informado no terceiro mês, eles estavam aumentando a carga horário dos meninos só para atrasa-los e eles não conseguirem ir para o restaurante.
Como sou chato e sei ser implicante, sou gêmeos com Alanna fui bem treinado na implicância. Pedi ao dono do restaurante para fazer o almoço no quartel uma vez por mês.
Se eles não podem ir ao restaurante, o restaurante vai até eles.

Os oficiais almofadinhas ficaram sem reação ao ver, no quarto mês, o almoço sendo servido, churrasco para os soldados.

- Isso vai sair do bolso de quem? - Um tenente veio me perguntar, Vagner estava parado do meu lado, mas olhava para frente.

- Primeiramente, boa tarde. - Estávamos na entrada do refeitório. - Pode se servir, é por minha conta.

- Quem você acha que é pra chegar aqui e mudar as regras do quartel? - Ele me olhou de solsaio.

- Só acho que pessoas felizes trabalham melhor. E eu? Eu não sou ninguém. - Bati no ombro dele e entrei no refeitório. Ao me ver, os soldados gritaram meu nome.

- Capitão Raphael é o melhor! - Gritaram uníssono.

- Que bagunça é essa? - Falei sério.

- Desculpe senhor! - Eles responderam de imediato. E fizerem uma fila, prestando continência. Eu estava sorrindo por dentro.

- Descansar! - Dei a ordem e eles foram em direção as comidas.

Vê -los se distraindo é gratificante. Estou me sentindo um pai, quando realiza um sonho do filho.

Depois de seis meses no Brasil, fui na Espanha fazer uma visita para minha família. É tão bom estar com quem nos ama. Não vejo a hora de poder ter uma esposa e filhos. Estou voltando revigorado, de tanto amor que recebi dela, mas pensativo.

Entrei no avião, voltando para o Brasil e fiquei pensando nisso. Vejo o quanto minha irmã é feliz e Igor também, meus sobrinhos são as coisas mais lindas que já vi na vida.
Vai ser difícil eu achar uma esposa, sou muito exigente. Mas o dia que eu me apaixonar vai ser para sempre.

Recebemos a notícia que o avião teria que pousar antes, pois a pista onde ele pousaria deu um problema.
Pousamos em outro estado do Brasil. Fiquei sentado, esperando o outro avião.

- Com licença, tem alguém sentado aqui? - Uma moça tocou no meu ombro, me fazendo pular. Estava distraído, estudando pelo celular. Estou estudando para ser mecânico de avião.

- Oi, desculpe. Estava distraído. - Olhei para ela. Que rosto perfeito. Ela me olhava esperando a resposta.

- Desculpe se o assustei. - Ela olhou para baixo envergonhada.

- Não precisa se desculpar. Pode se sentar, está vazio.

- Obrigada. - Ela se sentou e eu voltei ao meu foco, só que meu foco foi comprometido. Nunca ninguém consegui me desconcentrar assim, nem Alanna com suas chatices. Ela olhava para os lados, parecia desconfortável.

- Você está esperando o vôo que teve alteração? - Perguntei.

- Sim. - Ela olhou para mim e respondeu gentilmente, com um sorriso logo atrás. Que mulher perfeita.

- Você parece cansada. - Sou bom em ler o semblante das pessoas.

- Pior que estou mesmo e cheia de fome. - Ela sorriu. - As coisas dentro do aeroporto são muito caras. Não tenho dinheiro para isso. - Ela olhou ao redor. - Não conheço nada por aqui, tenho medo de sair para comprar algo e acontecer alguma ruim comigo.  - Só dela falar em acontecer algo ruim com ela, me deu um gatilho, lembrei de Alanna sequestrada.

- Você pode olhar minha bolsa, por favor? Tenho que fazer uma coisa. Antes que ela pudesse falar eu me levantei e saí. 

Entrei na cafeteria e pedi o maior combo que eles tinham, para duas pessoas. Eu também estava começando a ficar com fome.
Aguardei alguns minutos e sai com as coisas embrulhadas para viagem, talvez não desse tempo de comer antes do avião decolar.
Ao avista-la de longe, vi que tinha um homem de pé na frente dela.

Ele falava algo com ela, mas o rosto da moça estava virado de lado, não o encarava.

- Por que você não quer me dar seu contato? O que custa? - Ele falava com ela. Cheguei por trás dele e senti o desespero dela.

- Algum problema aqui, meu amor? - Falei por trás do homem, fazendo ele e ela se virarem para olhar para mim..

- Ah, você voltou? - Ela se levantou e passou pelo homem. Me abraçou pela cintura e encostou a cabeça no meu peitoral. - Obrigada. - Falou baixinho. Dava para sentir seu corpo tremendo. Minhas mãos estavam ocupadas, tinha uma caixa com dois cafés em uma mão e na outra uma sacola com os sanduíches.

- O senhor deseja alguma coisa? Quer alguma informação? - Olhei por cima dela e encarei o homem.

- Eu? Não, já estou indo. Só queria saber do vôo, acho que está atrasando muito. - Ele olhou  o relógio, disfarçando.

- O senhor pode ir na recepção e perguntar ou procure alguém que trabalhe no aeroporto. Está vendo essas pessoas com colete azul? Eles podem te auxiliar. - Ela permanecia abraçada em mim.

- Entendi, muito obrigado. Com licença. - O homem se afastou.

- Ele já foi. - Falei após o homem sumir de nossas vistas.

- Obrigada, muito obrigada. - Ela começou a chorar.

Raphael James Chevalier - Triologia Fake Love 3° Onde histórias criam vida. Descubra agora