Raphael James Chevalier - Triologia Fake Love 3°

Capítulo 25

Melissa narrando

Passei em frente a casa de Raphael, meu coração ficou apertado. Decidi parar, na rua de trás, entrei.

Olhei tudo ao redor, ainda tem o cheiro dele aqui. Fui no quarto e sentei na cama, passando a mão sobre as coisas.
Deitei e abracei um travesseiro, sentido seu cheiro. Que saudade.

As lágrimas começaram a escorrer em meu rosto. Fiquei ali por quinze minutos, chorando.
Levantei, lavei o rosto e sai, entrando no carro.

Que dor, que saudade. Dirigi até o curso preparatório, entrei me arrastando.
Minha vontade era ficar no quarto de Raphael o dia inteiro, só para sentir seu cheiro.

Após o curso, passei no supermercado e comprei algumas coisas para o almoço.
Parei na casa de Raphael e entrei novamente.
Coloquei as sacolas de compras em cima da pia e fui novamente para o quarto. Tomei um banho e vesti uma blusa dele, ficou igual a um mini vestido. Fiz um coque no cabelo e deitei na cama novamente.
Enfiei o rosto no travesseiro e chorei tudo que tinha pra chorar naquele momento.
Fui na academia e vi suas coisas de fisioterapia lá, passei a mão em cada coisa, lembrando dele deitado e eu cuidando de seu bem estar.

- Rapha, está doendo muito. - Falei em voz alta , na esperança dele me ouvir. Abaixei e abracei meus joelhos.
Permaneci assim por algum tempo. Caminhei até a cozinha e fiz a refeição. Coloquei o prato dele ao lado do meu, arrumei o meu e comi entre as lágrimas.

Tirei a mesa, lavei as louças, sequei e guardei. Deitei na cama e peguei seu edredom, abracei o edredom e acabei adormecendo ali, após muito choro.

Raphael narrando

Enviei algumas fotos para Melissa, antes do avião pousar, logo perderia o contato com ela.
Ao  descer do avião, parei onde vendia as passagens e pedi passagem de volta para o Brasil.
Eu não estava suportando a dor de ficar sem Starbucks.
Antes de eu pagar as passagens, escutei a voz de Igor me chamar.
Virei e ele estava parado, me observando. Ele caminhou até mim.

- O que está fazendo? Vai voltar? - Ele sorriu e me puxou para um abraço.

- Agora eu entendo toda sua dor, amar dói muito cara. - Meus olhos estavam rasos de lágrimas.

- É, amar dói. Mas é maravilhoso ter quem amar. - Chorei agarrado nele, enquanto ele dava leves batidas nas minhas costas.

- Não vou conseguir Igor, sinto que meu coração vai estourar a qualquer momento.

- Você vai conseguir sim, pois a mulher que você ama está correndo risco de vida. Se algo acontecer com ela, você vai se culpar? - Isso me fez refletir.

- Com certeza vou.

- Então vamos trabalhar juntos e cortar esse mal pela raiz. Isso é minha culpa, não eliminei Cauê quando tive a chance. Não averiguei se realmente ele estava morto. Eu não vou me perdoar se algo acontecer com você ou com quem você ama. Vamos trabalhar nisso junto, ok?

- Ok. - Respirei fundo.

- Tive que contar para Alanna e para nossos pais, pois todos correm risco.

- Você essa certo, sempre está. - Sorri para ele.

- Vamos, mamãe fez um almoço especial. Estão todos te esperando.

Fui recebido com todo amor da minha família. Minha perna está bem melhor, minha mãe vai cuidar daqui por diante.
Mostrei a foto de Melissa para todos, como sou muito reservado, não cheguei a falar dela para eles.

Após o almoço, subi para descansar. Meu quarto está do jeito que deixei.
Abri o notebook e digitei a senha das câmeras da minha casa no Brasil.
Ao vê-la lá, me deu mais vontade ainda de voltar para o Brasil. Chorei ao ver o sofrimento dela, estamos sofrendo na mesma proporção.
Ao mesmo tempo que queria ir embora, lembrava das palavras de Igor. Se algo acontecer com ela por minha causa, não me perdoarei nunca.

Ela foi e voltou logo após, sorri entre as lágrimas por ver minha blusa nela. Que saudade de beijar aquele boca, de enfiar meu nariz naquela pele.
A dor dela está acabando ainda mais comigo.

Após Melissa ir embora da minha casa, fui rastreando o carro, tinha o código do rastreador. Ela chegou em sua casa em segurança.

Deitei e tentei descansar, já passava das duas da manhã e eu ainda não tinha dormindo nada.
Rolei na cama, não consegui desconectar meus pensamentos. Um conflito interno surgiu forte.

Por que não a pedi em casamento e a trouxe comigo?
Mas se eu fizesse isso, a família dela ficaria vulnerável.
Pensei, pensei até que dormi por duas horas.

Levantei, tomei banho e comecei a anotar minhas estratégias.
Igor chegou para elaborarmos juntos.
Passamos o dia no escritório fazendo planos e estratégias. Almoçamos ali mesmo.
Deixei meu notebook gravando, caso Melissa fosse na minha casa novamente.

Já se passaram meses que estou aqui na Espanha, só tenho contato com Amauri e as vezes com Eli. Pensei que com o tempo iria doer menos, mas não é bem como eu pensei. Sinto tristeza e dor todos os dias, um vazio infinito.
Melissa vai na minha casa todos os dias, faz o almoço e almoça lá. Ela sempre põe dois pratos na mesa, o meu fica vazio ao lado do seu.  Já fez um ano que levei o tiro na perna, quem dera se ador que sinto pudesse ser tratada igual minha perna foi. Estou vivendo seis meses de dor, uma dor invisível e insuportável.

Não teve um dia que ela não chorou e não abraçou o edredom dormindo  ali agarrada nele, como se fosse eu.
Ouço tudo o que ela fala, isso me causa dor e me traz paz ao mesmo tempo
Ela sempre pede para eu voltar logo e diz que a dor está insuportável.

Hoje ela falou que passou na prova, que mês que vem ela vai viajar. Ficará sem ir na casa por um ano, espero voltar antes desse um ano passar.

Cauê sumiu do mapa, parece saber que estamos atrás dele. Como ele foi dado como morto, é mais complicado o acharmos.

Tenho vivido um desespero, um conflito que nunca acaba. Não consigo sorrir como antes, não consigo me alimentar direito e nem dormir.
Olha o que o amor faz conosco, só estou suportando por causa dela. Não posso voltar enquanto não conseguir pegar esse filho da mãe que tirou a nossa paz.

Meu celular tocou, olhei e era Igor.

- Fala mano.

- Raphael, preciso de ajuda. - A voz de Igor não estava normal. Me deu um gelo por dentro.

- O que houve? Fala Igor!

- Sequestraram Carmen.