Capítulo 3

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Raphael narrando

Vê-la naquele estado me partiu o coração, aquele não era qualquer choro, sabia identificar.

- O que houve? Por que você está assim? Ele fez algo com você?

- Ele estava no mesmo avião que eu. Para a minha tristeza, veio sentado do meu  lado. Cismou que eu tenho que dar meu contato para ele. - Ela secou as lágrimas com as mangas do casaco. - Fiquei com medo dele puxar uma faca para mim ou algo do tipo, pois parecia agressivo nas palavras. A gota foi quando ele passou a mão na minha perna. - Ela olhou para baixo. - Mas agora está tudo bem.  - Ela secou as lágrimas e sorriu para mim. - Só estou com muito medo, não conheço esse lugar, estou aqui sozinha.

- Por acaso você viu se ele tirou alguma foto sua?

- Sim. Tirou sim.

- Entendi. - Olhei para as coisas nas minhas mãos. - Isso aqui eu comprei para mim, estou faminto. Quer me fazer companhia?

- É  sério isso? - Ela olhou para minha mão e para mim.

- Ah, tem muita coisa para eu comer sozinho. Pedi os dois maiores combos que eles tinham, mas acho que exagerei. Segura aqui.  - Entreguei o saco de papel na mão dela.

- Isso é muito caro, já pesquisei sobre essa lanchonete. - Ela estava boquiaberta. - Aqui no aeroporto é o dobro do preço.

- Então já que você a conhece, se tiver algo que você queira comer é só me falar. Pode ser servir, vou fazer uma coisa rapidinho, já volto. - Coloquei a caixinha com os cafés em cima da cadeira e caminhei em direção onde o cara abusivo foi. Ele estava sentado de costas para a porta, onde entrei. - Com licença, o senhor pode me acompanhar?

- Como assim? O que eu fiz? - Ele começou a ficar nervoso.

- Vamos até a sala da polícia, por favor.

- O quê? Vou fazer o que lá? - Ele me olhava com desespero nos olhos.

- Estou ansioso para ver algo. Me acompanhe?

- Eu não vou para lugar nenhum. - Ele segurou sua bolsa no colo e me olhou com desespero .

- Sempre tem que ser do jeito difícil. - Segurei uma de suas mãos e o puxei, o fazendo levantar. Puxei seu outro braço para trás e segurei ali.

- O que eu fiz?

- O senhor sabe, não se faça de louco.

Caminhei com ele até na sala da polícia, onde revista pessoas e bolsas. Expliquei para o policial o que havia acontecido. Pedi para que ele pudesse ver o celular do delinquente. Como vi que o polícia não ligou muito para o que eu falei, decidi agir. Peguei a algema em cima da mesa e o algemei.

- Quem algemou esse homem? - Um outro policial perguntou.

- Foi eu mesmo. - Puxei minha carteira de militar. - Prazer, Capitão Raphael. - Os olhos do Cabo Altair, que acabara de entrar, faltou pouco pular do rosto.

- Desculpe senhor! - Ele se recompôs.

- Eu mesmo faço o que te pedi. - Falei para o primeiro policial que esteva na sala. Peguei o celular do cara do bolso de trás de sua calça.

- Ei! Isso não está certo. Isso é invasão de privacidade. - Ele se debatia com as mãos algemadas. - Eu exijo um advogado.

- Mas você vai precisar mesmo e de um bom. - Coloquei o celular no dedo dele e desbloqueei. 

Entrei na galeria e tinha um monte de fotos da moça no avião ao lado dele, até esqueci de perguntar o nome dela.
Tinha a foto dele com a mão na perna dela.
Ver aquilo me deu uma raiva sem tamanho, passei a odiar pessoas abusivas e possessivas desde que tive que lidar com esse tipo de gente.

- Achou o que o senhor estava procurando? - O cabo perguntou.

- Achei. Esse nojento com a mão na minha namorada. - O policial olhou surpreso para meu rosto. - Tem umas fotos de crianças aí. - Dei o celular ao policial . - Exijo a prisão desse delinquente.

- Sim senhor! - Fiz a queixa e me retirei. Ele seria transferido para a prisão do estado que ele mora.
Voltei para onde a moça estava.

- Oi, aconteceu alguma coisa? - Ela falou, visivelmente preocupada. Entreguei o papel na mão dela.

- Me certifiquei que aquele imbecil não ficasse impune. Ele está preso.

- Sério? - Ela arregalou os olhos e tapou a boca com as mãos.

- Sim. Não vai sair nem tão cedo de lá.

- Eu não sei como te agradecer. - Ela levantou e ficou de pé na minha frente.

- Não precisa agradecer. - Coisa estranha eu agindo assim. Deve ser porque a senti muito indefesa, lembrei das meninas que estavam presas com Alanna, a cara de pavor estampada em seus rostos.

- Você é uma espécie de anjo?

- Quem me dera. - Sorri. - Por que ainda não comeu ? Não está com fome? - Olhei as coisas em cima das cadeiras.

- Estou sim, mas estou esperando por você. - Ela sorriu com os olhos. Bem que falaram que existe amor a primeira vista. Que lugar mais improvável para se apaixonar.

Nos alimentamos, logo anunciaram o nosso embarque.
Fomos para uma fila, a primeira classe estava separada da classe econômica. Eu não poderia perder a oportunidade de ficar com ela mais algumas horas.

- Você quer sentar ao meu lado? Perguntei.

- O seu é primeira classe, não é isso?

- Sim.

- O meu é a econômica, infelizmente não vou poder.

- Tem lugar na classe econômica? - Perguntei para a atendente.

- Não senhor. Está muito cheio, essa senhorita irá ter que esperar o próximo avião.

- Então ponha o dela na primeira classe por favor. - Antes que ela falasse algo eu respondi para ela. - É por minha conta. - Sorri e peguei a passagem de sua mão.

Já passava das duas das manhã. Entramos no avião e ela sentou do meu lado.

- Obrigada por isso. Você é um anjo, só pode ser isso. - Ela encostou sua cabeça na poltrona.  Fiquei olhando para fora por alguns minutos.

- Esqueci de perguntar seu nome. - Virei para falar com ela. Sua cabeça caiu um pouco para o lado e ela se acomodou no meu ombro. Dormia um sono profundo.

Peguei a coberta e a cobri, me ajeitei e inclinei nossas poltronas. Fiquei feliz que ela se sentir segura ao meu lado, a ponto de relaxar e dormir.
Fechei os olhos e permaneci assim, não sei por quanto tempo, até que peguei no sono.

Acordei com o aviso que o avião pousaria. Já era cinco da manhã,
O sol estava começando a nascer.
O avião desceu e desembarcamos.

Raphael James Chevalier - Triologia Fake Love 3° Onde histórias criam vida. Descubra agora