Jin

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Em todos os anos de vida adulta em que dividi uma cama com uma mulher, nunca tinha acontecido de ser apenas para dormir

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Em todos os anos de vida adulta em que dividi uma cama com uma mulher, nunca tinha acontecido de ser apenas para dormir.

Sorri, constatando que, mais uma vez, Jisoo tinha realizado um feito inédito. Dormi tão bem quanto não fazia havia meses, apenas um sono profundo, sem sonhos a serem lembrados, acordando com o corpo e a mente descansados. Talvez fosse o clima, o ar puro e a total falta dos sons típicos da cidade, provavelmente apenas pelo cansaço acumulado, mas eu gostava de pensar que tinha sido uma prévia dos dias tranquilos que eu teria naquele lugar.

Pensei em tranquilidade até abrir os olhos e me deparar com a mulher dormindo ao meu lado. Fiquei um tempo apenas admirando seus traços, a boca carnuda que levava minha imaginação longe, o nariz desenhado e os cílios naturalmente enormes que faziam sombra sobre seus malares.

Era bom observar alguém sem que a pessoa percebesse. Geralmente eu não fazia isso depois de uma transa, era uma dinâmica mais objetiva. Se a noite tivesse sido boa, sexo matinal e uma despedida bacana; se tivesse sido ruim, uma despedida bacana bastava. Eu nunca tinha vontade de ficar
apenas deitado ao lado da pessoa, observando seus traços, ouvindo sua respiração.

Balancei a cabeça e resolvi terminar aquela contemplação antes que ela acordasse e achasse que eu era um louco por ficar ali, olhando-a em silêncio. Não que ela já não me visse daquela forma, como um homem
completamente fora de si, afinal, aceitei um papel que eu nem sabia que teria que interpretar e me dispus a mudar minha programação para ajudar –nem sabia por qual motivo – uma mulher que tinha acabado de conhecer.

Se algum amigo tivesse me contado aquela história, eu diria certamente que estava vendo muita comédia romântica em algustreaming. Nunca teria acreditado em nada daquilo, porém estava eu ali, vivendo aquela situação minimamente acreditável.

Meu estômago roncou de fome. Coloquei uma camisa – a de treino, uma das únicas que eu tinha levado –, calcei os tênis e saí do chalé em direção à casa. A primeira pessoa que encontrei, no jardim a molhar as plantas, foi Jooana, e ela solidariamente me levou até a cozinha para tomar o desjejum.

— Todos já tomaram café, mas não quisemos atrapalhar vocês lá no chalé.

Apenas sorri, sem saber o que dizer, porque certamente eles estavam pensando que estávamos em uma espécie de lua de mel.

Jooana me serviu uma xícara bem cheia de café preto – que cheirava absurdamente bem – e fez um prato com uma broa, fatias de pão
caseiro e ainda preparou ovos mexidos que eu descobri que eram melhores do que aqueles de hotel.

— Você é um anjo, Jooana! — disse ao mastigar o pão com os ovos.

Ela ficou vermelha com o elogio e logo saiu da cozinha, deixando-me sozinho, alegando que precisava continuar a regar o jardim.

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