Jisoo

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Entramos finalmente na cidade, e meu companheiro de viagem ainda dormia

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Entramos finalmente na cidade, e meu companheiro de viagem ainda dormia. Jin devia mesmo estar cansado, afinal de contas, estava havia quase quatro horas dormindo sem nem mesmo acordar com o balanço do
carro, desvios de buracos na rodovia ou barulho no trânsito.

Eu mesma não conseguia dormir assim com outra pessoa – ainda mais um desconhecido – dirigindo. Ficava o tempo todo tomando conta da estrada quando ia de carona e, na maioria das vezes, pedia para eu mesma
dirigir.

Eu amava estar no controle, inclusive de veículos. Aprendi a dirigir com meu pai ainda muito jovem, na fazenda. Ele nos colocava para guiar tratores, máquinas de porte pequeno e, já quando adultas, apreendemos até a lidar com colheitadeiras e maquinário pesado. Danielle nunca gostou muito, mas eu amava, sentia-me poderosa e fazia questão de provar a todos que, mesmo sendo uma menina, podia fazer o mesmo que meus primos faziam.

Sorri, sentindo aquela nostalgia de regressar onde tive uma infância muito feliz, correndo pelos campos, convivendo com a natureza e com as plantações, aprendendo um pouco sobre de onde vinha o dinheiro da nossa
família e o sustento de tantas outras que trabalhavam conosco.

Diminuí a velocidade quando entrei no perímetro urbano, passando pelas lombadas, vendo praças e ruas onde eu andava de bicicleta ou mesmo de patins. Suspirei, porque fazia anos que eu não patinava e eu amava aquela atividade. Era sempre nas nossas férias, lotávamos a fazenda com
primos e amigos e saíamos em bando para brincar nas ruas tranquilas da cidade.

Foi uma infância boa até a adolescência, quando comecei a sofrer por causa do meu tamanho, do meu corpo, e a criança feliz e saltitante passou perder o brilho, a querer se remodelar para caber na preferência dos outros, para manter e fazer amigos.

— Tudo bem?

A voz sonolenta do passageiro recém-desperto me assustou e eu o olhei rapidamente, achando-o ainda mais charmoso ao acordar.

— Tudo! Por quê?

Ele se ajeitou no banco, baixou o quebra-sol e ajeitou os cabelos no espelhinho.

— Seu semblante era de alguém que estava tendo pensamentos sombrios. — Deu de ombros. — Mas devo ter me enganado... — Olhou em volta. — Onde estamos?

— Em Gupon. — Sorri. — Acabamos de chegar.

Pela expressão do rosto dele, eu também não tinha dúvidas de que aquela era uma informação que ele não esperava ter.

— Onde?

— Chegamos aonde fica a fazenda da minha família.

Jin pegou o telefone e conferiu as horas.

— Eu dormi esse tempo todo?! — Assenti, virando a curva para entrar na estrada de chão que dava acesso à fazenda. — Alice não me disse que a encomenda dela estava tão longe assim.

A proposta - JINSOOOnde histórias criam vida. Descubra agora