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Eu gostava de Bento e admitir isso fazia com que minha consciência ficasse pesada em relação às mentiras que o fiz acreditar que eram verdades. Ele me tratava bem, inclusive começou a me chamar de filho depois do que houve com o anel, porque ele havia entendido que eu já tinha feito o pedido oficial e que era só o cachorro devolver o anel que tudo estaria resolvido.
Joguei algumas partidas de sinuca com ele, depois fizemos dupla contra Luiz e Victor no carteado. Para minha sorte, Frei se manteve bem distante, geralmente cercado de outros amigos e do futuro cunhado de Jisoo.
Trocamos alguns olhares desconfiados e toda vez que eu o pegava me observando, encarava-o até que ele desviasse os olhos. Sentia-me como se estivéssemos medindo um ao outro, e, se fôssemos animais menos racionais, estaríamos exalando cheiro e demarcando território.
Eu achava aquilo tudo ridículo, nunca havia disputado mulher com homem nenhum e naquele caso tinha absoluta certeza de que não havia disputa, pois Jisoo nunca daria a ele uma chance de se acercar.
Mesmo assim, aquele homem me incomodava, e eu me mantinha alerta e sentia o sangue ferver quando o via brincar e sorrir para os membros da família Kim, que nem desconfiavam que o filho da puta era um babaca.
Eu ainda não sabia o que ele havia feito com Jisoo na época da escola, mas tinha desconfianças e não gostava delas, contudo achava melhor até não saber, pois temia não aguentar segurar o segredo e expor aquele desgraçado para todo mundo. E, certamente, não era isso que ela iria querer.
Senti uma certa satisfação perversa ao ver o queixo inchado e ri quando soube, por Víctor, que ele estava usando maquiagem para camuflar arroxeado que havia ficado com meu soco. Achei que tinha sido pouco, ele teve sorte de eu ser um homem mais comedido do que era quando mais jovem.
O único momento mais tenso do dia foi quando Bento e Luiz saíram por alguns instantes. Fiquei conversando com Víctor, embora também não gostasse muito do papo dele, e vi quando Gyun se aproximou de mim, mas, antes de me alcançar, Frei o segurou.
Ergui a sobrancelha, questionando se ele havia reclamado com o amigo do soco que levou e quase ri quando o rapaz mais jovem me olhou de cara feia, tomando as dores do amigo. Eu não iria me desculpar ou me sentir mal por ter criado desavença com o protagonista da festa, embora preferisse que ele chegasse perto para cobrar explicações e eu lhe contasse o que seu amiguinho sugeriu sobre sua cunhada.
Será que Gyun ia ignorar ou tomaria as dores da irmã de sua futura esposa?
Enfim, pelo menos eu senti que havia passado o recado e duvidava que Frei voltaria a se aproximar de Jisoo enquanto eu estivesse por perto. Lembrei-me do dia na piscina, do quanto ela havia tremido apenas porque ele tentara tocá-la, e senti meu sangue borbulhar de raiva.
