Acidente

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**S/N Point Of View**

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Termino o treino exaustivo e vou para o banheiro do ginásio. Com os músculos doloridos e a respiração ofegante, subo minhas roupas e me dirijo ao chuveiro. A água quente escorre sobre minha pele, proporcionando um alívio imediato e uma sensação de anestesia depois de testar minha força na barra. Fecho os olhos, permitindo que a água lave não apenas o suor, mas também os pensamentos tumultuados que invadem minha mente.

De repente, sinto um arrepio quando a porta do banheiro se abre, revelando Flávia. Nua. Meu coração dispara e minha respiração acelera.

— O que você tá fazendo aqui? Tá louca? — pergunto, tentando cobrir meu seio com a mão livre, minha voz saindo em um sussurro trêmulo.

— Preciso de um banho, não precisa tapar, eu já vi e toquei em tudo ontem — ela responde com um sorriso malicioso, revirando os olhos. Flávia entra na cabine, obrigando-me a dividir o chuveiro com ela. A proximidade de seus corpos nus intensifica o ambiente, e o vapor do chuveiro parece aumentar o calor entre nós.

— Eu tive uma conversa com a Jade hoje — diz, sem que eu pergunte, enquanto a água escorre por suas curvas, hipnotizando-me.

— É? Falou pra ela que a gente transou? — pergunto, desejando que ela dissesse que não, minha voz carregada de ansiedade.

— Não, ela me disse que tem um tempo que quer te beijar. Então eu disse pra ela sobre o que sua mãe disse a meu respeito — junto as sobrancelhas, intrigada, tentando processar suas palavras.

— Ela quer mesmo quebrar minhas pernas? — Flávia pergunta enquanto minha mão desliza em volta de sua cintura, trazendo-a mais para perto. Nossos corpos se tocam, e sinto um calafrio percorrer minha espinha.

— Talvez tenha dito da boca pra fora. Mas mesmo assim, irei me prevenir. Então, quando eu estiver perto dela, não olha, não toca, não pensa e nem fala comigo — digo, olhando profundamente em seus olhos, tentando transmitir a seriedade da situação.

— É meio difícil não pensar... Toda vez que eu fecho os olhos, eu lembro disso aqui — sua mão desliza até minha parte íntima, provocando um arrepio que percorre todo o meu corpo. Minha respiração se torna mais pesada, e sinto meu coração bater mais rápido.

— Na minha boca — sussurra, enquanto me molha o rosto em seguida. Fecho os olhos por um momento, absorvendo a sensação.

Flávia começa a me beijar, e a intensidade aumenta à medida que nossas mãos exploram cada centímetro dos nossos corpos. O calor do chuveiro se mistura com o calor do nosso desejo, e o banheiro enche-se de vapor, criando uma atmosfera quase irreal. Nossos lábios se encontram em um beijo profundo e malicioso, enquanto suas mãos deslizam pelas minhas costas, provocando arrepios. Cada toque, cada carícia, intensifica a conexão entre nós, fazendo com que o mundo ao nosso redor desapareça.

De repente, ouvimos a porta do banheiro se abrir novamente, e a voz familiar da minha mãe ecoa pelo espaço, trazendo-me de volta à realidade com um choque.

— S/N! Você está aqui há muito tempo, precisamos ir embora!

— Mãe! Eu... eu já estou saindo! — respondo rapidamente, tentando esconder o nervosismo. Viro-me para Flávia, que ainda está próxima de mim. — Droga, minha mãe está aqui. Preciso sair.

— Pode ir  — sussurra Flávia, dando-me um último beijo antes de sair da cabine. Seus lábios deixam um rastro de calor no meu, e sinto uma mistura de frustração e desejo enquanto ela se afasta.

Saio do chuveiro e me visto rapidamente. Encontro minha mãe do lado de fora do ginásio, seu olhar cheio de suspeita.

— Desculpa a demora, mãe. Eu estava dolorida do treino e demorei no banho — explico, tentando parecer natural, embora meu coração ainda esteja acelerado.

— Vou te levar em casa — ela responde, com um olhar desconfiado. Sabia que ela não acreditava completamente na minha desculpa, mas não insistiu.

No caminho de volta para casa, o silêncio no carro era quase palpável. Minha mãe parecia tensa, mas não disse nada. Eu podia sentir a pressão do seu olhar de vez em quando, mas mantive meus olhos fixos na estrada à frente, tentando controlar a tempestade de emoções dentro de mim.

Quando finalmente chegamos, subi para o meu quarto para trocar de roupa. Enquanto tirava a camiseta, percebi que minhas costas e seios estavam marcados por causa de Flávia. Não tive tempo de esconder as marcas antes que minha mãe entrasse no quarto.

— O que é isso nas suas costas? E nos seus seios? — ela pergunta, a voz carregada de raiva, seu rosto se contorcendo em uma expressão de fúria.

— Mãe, não é nada... — começo, mas ela me interrompe, avançando em minha direção com um olhar de pura indignação.

— Não é nada? Você acha que sou idiota? Quem fez isso com você?Foi aquela menina de novo! Eu já disse que não vou suportar você e essa garota tendo qualquer tipo de contato — ela grita, a voz cortante como uma lâmina. Sinto meu coração afundar, e a raiva começa a borbulhar dentro de mim.

— Mãe, por favor, calma. Não é o que você está pensando — tento explicar, minha voz tremendo, mas sua fúria só aumenta. Ela não quer ouvir.

— Você é uma vergonha! Como pôde fazer isso? Quer mesmo acabar com tudo, sua vagabunda!  — ela continua, despejando os piores xingamentos em mim. Cada palavra é um golpe, e sinto minhas defesas desmoronarem. Sinto o sangue ferver de raiva e tristeza. Não aguentava mais essa situação.

— Chega! Saia daqui! — grito, apontando para a porta. — Eu não quero mais ouvir a porra da sua voz! — Minha voz ecoa pelo quarto, carregada de dor e desespero.

Minha mãe hesita por um momento, mas depois sai do quarto, batendo a porta com força. Sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto me visto rapidamente. Cada movimento é um esforço, cada respiração uma luta. Sem pensar, desço para o ginásio do meu apartamento.

Entro no ginásio, ainda com as lágrimas queimando meus olhos, e começo a me preparar para um sozinha. A raiva e a frustração borbulham dentro de mim, e eu sei que preciso canalizar essas emoções de alguma forma. Amarro meus cabelos em um coque apertado, amarro as fitas nos pulsos e calço as sapatilhas. Cada movimento é preciso, mas feito com uma urgência desesperada.

Começo com os exercícios de aquecimento, alongando cada músculo até sentir a tensão se dissipar. Faço uma série de saltos, cada aterrissagem ecoando pela sala vazia. Minha respiração é pesada, mas o ritmo constante do treino começa a me acalmar.

Subo na trave de equilíbrio, sentindo o familiar tremor da altura. Cada passo é calculado, cada movimento é controlado. Faço uma série de giros e saltos, tentando esquecer as palavras venenosas da minha mãe. Mas a raiva ainda está lá, um fogo ardendo dentro de mim.

Finalmente, me dirijo ao solo. A música começa a tocar, e eu começo minha rotina. Cada salto, cada giro, cada movimento é executado com uma intensidade feroz. Sinto meus músculos queimando, mas a dor física é um alívio bem-vindo comparado à dor emocional. As lágrimas se misturam ao suor, mas eu continuo, perdendo-me na dança da ginástica.

A raiva e o ódio me impulsionam a ir além dos meus limites. Faço um salto mortal, aterrissando com perfeição, mas não paro. Faço outro, e outro, cada vez mais alto, cada vez mais arriscado. A exaustão começa a se instalar, mas eu a ignoro. Preciso continuar, preciso sentir algo além dessa dor.

Em um momento de descuido, minha mão escorrega ao tentar um movimento mais complexo. Perco o equilíbrio e bato a cabeça com força no vidro do espaço. Sinto uma dor aguda, e em seguida, tudo fica escuro. Caio no chão, desmaiada, enquanto o mundo ao meu redor desaparece. O som do vidro ressoando é a última coisa que ouço antes de ser consumida pela escuridão.

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A S/n se quebrou todinha bichinha, agr eu vou me arrumar pra dormir pq amanhã eu infelizmente trabalho, bjs de luz

Duelo - Flávia Saraiva/YouOnde histórias criam vida. Descubra agora