S/N Kriston Point Of View
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Logo que as garotas saíram da minha casa, deixei meu corpo cair pesadamente no sofá, como se a gravidade fosse proporcional ao peso dos meus pensamentos. Minha mente era um turbilhão de emoções conflitantes — a incerteza de como agir, a angústia de estar em apuros com Jade. Ela, cuja decepção parecia uma faca afiada pronta para cortar qualquer fio de esperança. Eu estava realmente encrencada.
O som insistente da campainha interrompeu meu devaneio, trazendo uma irritação imediata. De alguma forma, precisava de energia para me locomover até a porta. Quando finalmente abri, deparei-me com minha mãe. Ela ostentava um sorriso macabro, que só servia para aumentar minha desconfiança e frustração.
— Tá feliz? Espero que tenha boas notícias — disparei, sem esconder o ceticismo em minha voz, enquanto cedia espaço para ela entrar.
— Claro! Acabei de voltar de uma reunião com o diretor do ginásio. Fizemos algumas mudanças antes das olimpíadas — anunciou com satisfação. Eu concordei mecanicamente, fechando a porta atrás de mim, e a segui até o sofá, sem muita disposição para conversa.
— Legal, mais alguma coisa? — perguntei, tentando apressar a verdade que eu realmente queria saber: o que ela planejava fazer com aquele vídeo íntimo meu.
— Não quer saber a mudança? Só faltam dois meses para a competição — insistiu, talvez querendo prolongar meu desconforto. Eu neguei com a cabeça, minha paciência se esgotando rápido.
— Que pena, mas eu vou contar do mesmo jeito. Eu troquei sua rival, agora você vai competir com a Jade. Talvez Flávia fique desclassificada, mas ela já ia de qualquer maneira — ela informou, como se estivesse falando sobre o tempo. A indignação fervia dentro de mim com essa revelação.
— Você é retardada! Como que você faz isso?! A Flávia sempre vai ser minha maior rival, Celine! Que tipo de mãe é você? Eu estou cansada — da sua cara, da sua voz, de tudo o que vem de você — explodi, apontando o dedo tremulo em seu rosto. Ela apenas riu, uma risada que me arrepiava até os ossos, aplaudindo minha reação como se fosse parte de um show que ela dirigia.
— Olha só... Sabe o que vem de mim também? Você. Se não fosse eu, você acha que seria alguma coisa no meio da ginástica? S/n, você começou a se perder depois que começou a dar igual uma vagabunda pra essa garota! Eu não vou permitir que ela acabe com sua vida — sua voz era veneno disfarçado de preocupação, e sorri de forma incrédula, minhas mãos descansando em meus quadris.
— Ótimo, não vou competir — declarei, desafiadora. Ela se levantou abruptamente, seu rosto a um palmo do meu.
— Como assim?! Você vai! Eu sou sua mãe e eu decido quando você vai competir ou não! — ela berrou, suas palavras se impregnando no ar entre nós.
— Ah é? Então vai lá, fodona. Faça Flávia perder o posto dela, e eu faço você perder o seu posto. Além do mais, a única que vai ter algum lucro aqui... Sou eu — repliquei em um tom fino, irônico e cruel, olhando-a com desdém.
— Filha da puta.
— Você é mesmo uma puta.
A porta se abriu novamente, desta vez revelando meu pai. Agora era a hora. Eu sabia que não poderia mais adiar — era o momento de revelar o que estava escondido em meu quarto.
— Meninas? Está tudo bem? — Bruno perguntou, a preocupação visível em seu semblante. Mantive meu olhar fixo em minha mãe, que parecia finalmente demonstrar uma pitada de medo do que estava por vir.
— Pai, quando nós viemos para cá a primeira vez, você lembra que tinha câmeras? — Perguntei, ainda mantendo o contato visual.
— Eu apago! — ela gritou em pânico. Puxei seu braço, arrastando-a até meu quarto, meu sangue fervendo de raiva e determinação. Dentro do cômodo, procurei freneticamente na bolsa dela até encontrar o notebook. Lancei-o para ela, com uma determinação gélida.
— Apaga agora.
— Você vai competi...
— Apaga, agora Celine. Você vai apagar, vai sair por essa porta, e vai falar com o diretor, que é melhor ele manter a minha rival na posição em que ela estava. Se eu não for competir com a Flávia, eu vou foder a sua vida — Pela primeira vez, vi algo novo no olhar dela — arrependimento, talvez? Um vislumbre de vulnerabilidade que nunca imaginei que ela pudesse mostrar. Mas, mesmo assim, a teimosia era mais forte.
— Você é o diabo da minha vida — ela murmurou, sua voz falhando momentaneamente.
— Apaga, agora.
— Eu não vou apagar — insistiu, mesmo conforme o pânico em sua voz se tornava palpável. Ouvíamos as batidas persistentes na porta, e eu sabia que meu pai estava daquele lado, sem ideia do tumulto emocional que se desenrolava aqui dentro.
— Apaga, se você não apagar a merda desse vídeo, eu vou chamar a polícia e te expor. E olha só? Vai todo mundo saber que eu estou dando pra Flávia Saraiva, a única pessoa que conseguiu chegar na mesma pontuação que eu.
— A Jade... Ela consegue chegar perto, filha!
— Eu sou melhor que ela, caralho! Você tá delirando?! Eu não quero o mais fácil, eu quero arriscar todo o meu treinamento. Se não está satisfeita com isso, pode pedir demissão do posto de agente. Agora apaga a porra desse vídeo! — Minhas palavras estavam cheias de uma raiva cada vez mais incandescente. Para mim, era incompreensível como ela ainda resistia a apagar algo tão destrutivo.
— Não. Eu só vou apagar quando você desistir de ficar com essa garota — ela respondeu. Mas do lado de fora, surgiu a voz que ela absolutamente não esperava ouvir. Flávia estava ali.
— S/n! Abre a porta! — Pressionou Flávia, e foi nesse momento que minha mãe avançou sobre mim com uma violência inesperada. Da bolsa, sacou um cinto, que tinha agulhas afiadas por toda sua extensão, com um ar de ameaça me fez gelar.
Antes que eu pudesse reagir, fui arremessada ao banheiro. O choque da pequena colisão me deixou atordoada, mas o cinto em suas mãos me trouxe rapidamente de volta à realidade.
— Eu vou te dar o que você quer. Quer competir com a Flávia, S/n? Vai competir com a Flávia. Mas você vai abrir aquela porta e expulsar ela da sua vida. Eu quero muito que ela quebre as pernas — rezo pra isso acontecer todos os dias. Mas você, é o meu maior obstáculo. Se tentar tirar esse cinto, se não for a melhor ginasta de todos os tempos, se não der orgulho para sua mãe a partir de agora...
Ela começou a amarrar o cinto em mim, e conforme ele cravava em minha pele, uma lágrima solitária escorreu pela minha bochecha. Eu entendi que a ferida não era só da carne, mas uma cicatriz mais profunda na alma.
— Quem vai se machucar é você.
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Fiquei com medo de postar esse, sla, vai que dá algum gatilho, mais fds né, todo mundo aqui é traumatizado. Ent da nada. Não se matem.
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Duelo - Flávia Saraiva/You
FanficDuas ginastas competem a anos para saber quem era a melhor do grupo, só não imaginavam que o duelo, terminaria em outra coisa