— Que porra é essa? — Jake fala assim que a porta se fecha.
— O quê?
— Esse pano de chão que você está usando como camisa.
— Ah. — olho confusa. — É do BS.
— Jura? Pensei que era do... — ele vira o pescoço para ver melhor. — Cameron.
— É que foi ele quem me deu para...
— Tira. — ele diz sério.
— O quê?
— Tire-a.
— E por qual motivo eu faria isso?
— Por que eu digo para fazer.
— Ah, tá bom. Nos seus sonhos.
Ele para na minha frente, atrapalhando minha passagem. Olho para cima para encontrar seus olhos e vejo uma fúria neles que eu não sabia que era possível acontecer por causa de uma simples camisa.
— Tire a camisa. — diz pausadamente.
— Agora? Tá doido?
— Agora.
O olho na mesma intensidade, eu não queria tirar, mas mesmo assim eu sinto que deveria.
Tiro a bolsa do ombro e coloco na máquina mais proxima, coloco o celular junto e faço o que Jake diz. Tiro a camisa, sem olhar em seus olhos. Sinto a minha pele queimando. O top preto por baixo da camisa é tão justo quanto o do treino, nada que Jake já não tenha visto.
— Satisfeito?
— Não faz ideia do quanto. — seu olhar é fixo em mim, percorre por meu corpo. — Eu já odeio você o suficiente, não se odeie colocando uniformes de jogadores e times adversários do meu.
Ele diz isso olhando nos meus olhos. Meu corpo está mais quente do que deveria. A firmeza em sua voz me estremece, muito. Minha respiração falha, a dele está ofengante.
— Ou o quê, Jake?
— Ou da próxima vez, sou eu quem vou tirar a camisa de você. — ele disse sem pestanejar.
Minha barriga doeu. Uma dor de nervoso, o nervoso de pensar em seu toque na minha pele mais uma vez, como naquele dia. Engulo em seco.
Ele fica me secando por mais uns segundos antes de parar os olhos na minha boca... pelo amor de Deus. Ele concentrado me faz alucinar. Por um impulso, eu passo a língua nos lábios. Ele aprecia e em seguida fecha os olhos jogando a cabeça para o lado e abrindo um sorriso fraco de lado.
— Tá vendo? Como as vezes você realmente complica as coisas...
Eu acabei de perceber. Eu poderia continuar, mas não sei até onde isso iria e eu não ia pagar para ver. Pego a camisa, a bolsa, o celular e saio. O mais rápido possível. Quando o sino da porta bate eu saio rápido para casa e esbarro em algo.
— Bia? — Camila diz assustada. — Oxi, cadê minhas coisas? E porque você tá sem camisa?
Ela levanta a sobrancelha que nem o meme da Mc Mirella e me encara, antes que eu pudesse recuperar o fôlego para me explicar, ela olha para além de mim.
— Bia, esqueceu isso aqui.
Jake estende a mão com as roupas de Camila para mim. Eu não digo nada.
— Obrigada! — ela diz, entrelaça meu braço com o dela e me puxa para o caminho que deveríamos estar tomando.
Respiro melhor quando chegamos na porta da minha casa.
— O que foi isso que acabou de acontecer, amiga? Pelo amor de Deus!
Ela diz mais feliz do que o normal dando pulinhos.
Bebo um copo com água e explico para ela, desde á entrada até á saída daquela bendita lavanderia.
— Ai. Meu. Deus.
Ela tem um leve surto de alegria misturado com outras coisas que não identifiquei.
— Ai amiga, mas deve ter alguma treta envolvendo essa galera aí, viu. Ou ele realmente só odiou ver a garota que ele possivelmente está afim com a camisa do rival.
Me engasgo com a água.
— Ele não está afim de mim! Não ouviu a parte que ele disse que me odeia?
Ela revira os olhos e fala uma teoria maluca que, na cabeça dela, indica que ele supostamente está afim de mim.
Ele diz que me odeia e ela nessa, imagina se ele dissesse que me ama...
— Um dica: devolva essa camisa para o Cameron. Joga o verde que ela deu azar hoje e que não quer que eles percam mais, por isso está devolvendo.
Pensei na mesma coisa. Eu coloco a camisa para lavar, não vou mandar ela de volta banhada com o meu perfume.
— Eu levo para você pra lavanderia, já que você provavelmente vai querer ficar oitenta e dois dias distante daquele lugar.
— Não...
— Não pra camisa ou não para a distância?
— Ai, que merda! Esse merda me deixa confusa, desnorteada, perdida... que saco.
— Isso é ruim?
— Não... é, mas... é um confuso prazeroso... um confuso que eu sei que no fim, a solução é ele.
Ela ri baixo. Eu odeio admitir isso mas eu tenho que ser realista pelo o menos uma vez.
Ela levanta e me abraça, "siga o seu coração" diz. Ela pega a camisa e diz que amanhã eu pego com ela para que eu devolva. Eu estou com a cabeça rodando. Tomo banho, coloco o pijama e me deito. Durmo depois de três horas, já que fiquei pensando, pensando e pensando.
Na manhã seguinte estava um calor insuportável, o mesmo que senti noite passada na lavanderia.
O treino foi sem camisa, muito suor e água. Eu amo tanto isso. Foram quatro horas de treino, uma á mais que o normal. Eu estava exausta, mas feliz que o treino foi muito bom e produtivo.
— Boa, pequena!
Liam grita ao final quando estamos saindo.
— Posso falar com você? — olho confusa mas faço que sim com a cabeça. — Então, não que tenham dedos-duros aqui, mas, alguém disse que ontem você estava com uma camiseta de um outro time e... isso não pega bem.
Eu arregalo os olhos surpresa.
— Principalmente pro seu contrato e tudo mais...
— Tudo bem, Liam. Peço desculpas, não vai se repetir. — digo forçadamente.
Caramba Jacob, que merda.
— Mas fica de boa, pequena. É porque depois pega mal pra você e eu não quero isso, tá bem?
Sorriso e confirmo com o cabeça novamente, dou um tchauzinho e sigo para fora do ginásio, daonde minhas parceiras já haviam saído há um tempo. Eu estava fervendo. De calor e de ódio. Quem mais poderia ter dito algo a não ser aquele idiota?
Paro no bebedouro antes de sair e a água desce trincando minha garganta. Relaxo um pouco e o sol bate em meu rosto assim que saio do local.
A ida para casa é curta, mas quando avisto o time masculino, ela fica menor ainda. Vejo ele e o meu corpo volta a esquentar. Meu passo acelera e quando percebo já estou na frente dele enquanto seu time olha para nós.
— Eu já devolvi a porra da camisa, vê se para de ser insuportável. — digo olhando bem nos olhos dele, aqueles olhos... escuros e intensos.
Ele não responde, apenas retribui o olhar, dou um passo e os meninos abrem caminho, saio e volto ao meu ritmo normal. Respiro fundo, da onde eu tiro essas ideias, hein?
Em casa, ligo de chamada de vídeo para Camila e conto desde o "sermão" de Liam até agora, ela ri, mas diz que fui ousada e que deveria ser mais assim. Eu acho melhor não, não quero ficar desempregada.
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Our Match Point
FanfictionBeatriz, uma jovem atleta brasileira recém chegada nos Estados Unidos para sua nova temporada de voleibol em um dos melhores clubes de Los Angeles, viverá coisas que jamais imaginou viver. A ponteira passadora se vê em conflito quando um rapaz alto...