Capítulo 01

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São quatro da manhã, minha cabeça não para. Bem-vindos á mente de uma atleta, uma atleta recente chegada nos Estados Unidos em busca do seu sonho.

Eu treino desde os nove anos, mas nunca imaginei que com dezessete estaria fora do Brasil jogando meu esporte favorito. O vôlei abriu diversas portas para mim, e essa é mais uma. Hoje tem exatamente 14 dias que estou fazendo parte de um time de Los Angeles, "The Angel's".

Não comecei a treinar definitivamente, mas já conheci o local de treinos, a equipe técnica e o clube todo. Inclusive, estou num alojamento do time, ou seja, um prédio de apartamentos dentro do clube para os atletas que vem de fora.

Eu morava com meus pais no Brasil até duas semanas atrás, está sendo um pouco complicado o lance de morar sozinha, mas sei que vou conseguir. Meus pais nem sempre me apoiaram no vôlei, o que não ajuda já que sempre tive o sonho de me tornar uma jogadora de verdade.

Eu jogo como ponteira, algo que esse time estava á procura. Eu amo minha posição, amo executar cada fundamento com ela e vibrar com o restante do time. Ontem o time fez o exame técnico, para saber velocidade, altura e peso de cada atleta. E como aqui temos atletas do feminino e masculino de várias categorias, levou o dia todo.

Os treinos começam hoje e eu estou extremamente animada, e claramente ansiosa. Recebi os uniformes as oito e meia da noite, são todos perfeitos, os de treino e os de jogo.

Tomei um chá quente e voltei para cama, odeio chá mas o jeito que ele me tomba é impressionante. Dormi em minutos, das quatro e meia da manhã, ás sete.

Tomei café, me arrumei, fiz um rabo de cavalo, peguei minha mochila e fui para o ginásio. Avisto algumas meninas do time e um pouco mais longe o nosso técnico, dou "bom dia" a todas e começo a me aquecer.

— Bom dia, garotas! — Liam parece ser um bom técnico, é simpático e educado.

— Aí, você é a brasileira, não é? Seja bem-vinda! — uma garota loira diz se abaixando e sentando ao meu lado. — Eu sou a Callie.

— Eu mesma. Prazer, Beatriz.

Depois dela várias meninas foram me recepcionar e notei que o time era sim novo, porém eu era uma das únicas estrangeiras alí.

Conheci grande parte do time e da comissão técnica. O técnico deu uma mini palestra de como funcionará o cronograma de treinos e a temporada de jogos.

Só aí que começamos nosso primeiro treino. Ele pediu que fizéssemos duplas para ataque e defesa. Eu fiz com Camila, a outra ponteira e brasileira do time. Somos as únicas brasileiras então falar com alguém em português num país de língua inglesa é libertador.

Ela disse que é do Rio de Janeiro, tem a mesma idade que eu, e também joga de oposta.

Depois do aquecimento, Liam nos organizou e fez um tipo de aquecimento de rede, como nos jogos oficiais. Eu fiquei na defesa com as outras duas ponteiras e as duas líberos, enquanto as outras atacavam.

A decisão de titulares desse time vai ser quase impossível, todas as atletas são muito boas. Tanto no passe e defesa quanto levantamento e ataque. O técnico tem dois auxiliares, que fizeram anotações e cochicharam com ele o treino todo.

No final fizemos por vez, algumas atacavam de um lado da quadra com a levantadora e do outro só passe e defesa para a outra levantadora, que só segurava a bola e devolvia ao preparador físico que ajudou no treino. Começamos a ver um movimento. O time masculino estava se acomodando e começando a se aquecer, o treino deles é logo em seguida.

Eu admiro muito o vôlei masculino. A força, a precisão, as pancadas... os jogos masculinos são incríveis de se assistir. Nós não vamos ver esse porquê marcamos de almoçarmos todas juntas no restaurante do clube. Não tinham tantos meninos e uma das garotas do time disse que é pelo fato de que a temporada do masculino começa depois da nossa, então o time não está 100% formado.

Fomos ao restaurante e já temos uma dieta prescrita. Peguei uma colherzinha de arroz e feijão, frango cozido e salada. Sentamos todas juntas para podermos nos enturmar e conhecermo-nos melhor. Já sei o nome da maioria delas e são todas muito legais. Conversamos como se nos conhecêssemos a anos e isso foi de mais!

Voltamos para nossos quartos e descansamos um pouco pois mais tarde temos academia. Ah, o físico. Chato e doloroso, mas necessário. Odeio academia mas quando vi a importância na vida de atleta, passei a odiar menos. E agora que vou treinar em grupo, talvez seja mais legal e motivador.

Três da tarde descemos juntas para a academia. Fomos conversando sobre nossas vidas pessoais e como chegamos até aqui. Digo, elas conversavam isso enquanto eu e Camila falávamos em português sobre nossas vidas uma para a outra.

Quando chegamos na academia, parecia um shopping de equipamentos de exercício. Uma academia enorme com alguns atletas e professores. Nos apresentamos e começamos a treinar. Enquanto sofríamos nos aparelhos, batíamos papo e ríamos.

Enquanto Liam lia nossas fichas técnicas ele foi até mim, enquanto eu fazia a cadeira extensora.

— Você é pequena, não é? — disse rindo.

Sim. Para a minha posição eu realmente não era a mais alta, eu ri com ele e achei fofo isso.

Ficamos até as cinco lá e voltamos para os quartos. Uma carta estava na porta de cada uma de nós, dizendo que hoje haverá uma confraternização de boas-vindas á todos os atletas e comissão técnica da temporada. Fiquei super animada, eu como uma boa brasileira amo uma festinha e uma desculpa para me arrumar e tirar várias fotos. Fizemos um grupo para batermos papo, um com os treinadores e um só do time, e já começamos e fofocar.

Fui tomar um banho e lavar meu cabelo, a festa começa as oito e já são quase seis da tarde.

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