Capítulo 30

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Liam dispensa o treino de hoje, sem muitas explicações ao grupo. Mas eu sabia que era sobre ontem.

As meninas foram ao jogo, obviamente The Angel's saiu com a vitória. Eu dormi antes que chegasse o horário do jogo, não tinha condições de ir. Fico pensando se Jake notou minha ausência...

Meus planos eram ficar em casa dormindo, mas Liam me mandou uma mensagem dizendo para que o encontrasse na quadra e conversasse com ele. Coloquei o uniforme do time e fui. O BS já foi embora, então o perigo estava longe.

Cheguei e Liam estava na entrada anotando algumas coisas na prancheta dele. Quando me viu, abriu um sorriso caloroso e parou se escrever.

— Eu contei para a diretoria dos dois clubes tudo o que ouvi ontem...

Eu arregalo os olhos, tomo um susto.

— Não se preocupe. Cameron não vai mais te incomodar.

— Como assim? — digo baixo.

— O time do BS demitiu ele. — meu coração acelera. E agora? Ele vai me matar. — Mas, optamos por mandar ele para o Canadá, pra um time ótimo para o nível dele.

Meus olhos brilham.

— Fica calma tá, Bia? Ele não vai voltar a te incomodar, tudo bem?

Ele fala tão calmamente que faz meu coração desacelerar. Abraço ele, ele retribui ainda mais forte... Liam é como o pai que eu nunca tive e o esporte me deu.

Volto para a casa aliviada, e feliz que Liam realmente se importa com o nosso bem-estar, cuida de todas nós tão bem que me faz querer renovar o contrato até os meus quarenta anos.

[...]

Uma semana se passou e estava demorando para que os Instagram's de fofoca começassem a postar sobre a saída e transferência repentina do jogador de um dos times mais famosos dos EUA. Não deram detalhes, não citaram nomes, mas sabem que não foi algo bom.

Pelos comentários, li que algumas atletas de times conhecidos aqui também foram "vítimas" dos papos do Cameron. Meu Deus porque raios eu não acreditei na droga do Jake pelo o menos dessa vez? Eu deveria pedir desculpas para ele, mesmo sabendo que ele iria ouvir e ignorar.

Camila me manda uma mensagem dizendo que vai passar aqui em casa, para tomarmos milkshakes que ela comprou. Ela chega cinco minutos depois e começa a me fazer perguntas sobre tudo o que aconteceu, como se fosse uma jornalista. Toda vez que tem um acontecimento em minha vida, relato para ela, como vocês já perceberam.

Ela ficou feliz que Liam me ajudou e que o outro vai para bem longe. Também disse que o jogo foi ótimo, que ele não jogou e foi pior que o que todos esperavam. Nosso time estava em vantagem o jogo inteiro e assim conseguimos vencer. Segundo ela, "o seu homem procurou você na arquibancada, queria que você tivesse ido para vê-lo ganhar".

Um sorrisinho tímido abriu em meus lábios. Eu me senti meio mal por não ter ido, mas não sei como ele reagiria se soubesse o porquê. Eu não devo satisfação à ele, afinal. Mas talvez eu quisesse... caramba, acho que estou carente.

Minha amiga volta para o alojamento dela e me deixa com um milkshake extra, lindinha.

Escuto toques na porta novamente e grito "está aberta!" em português, já que estava no quarto e Camila provavelmente esqueceu alguma coisa.

— Como?

A voz masculina inconfundível de Jake me faz arregalar os olhos. Como eu ia imaginar? Me dirijo até a porta, ele está encostado no batente dela, com as mãos no bolso da calça cinza de moletom. Veste uma regata preta deixando os músculos evidentes.

— Eu pergutei "quem é". — disfarço. Ele mal sabe falar a língua dele, imagina a minha.

— Os boatos que ouvi hoje, são verdade?

Ele ignora o que eu disse, não está bravo, mas não parece 100% feliz.

— Depende.

— "Ele assediou uma garota daqui e por isso foi mandado pra lá", foi tipo isso que eu ouvi.

Provavelmente meu rosto está vermelho, olho para o lado. Eu estou gritando desesperadamente a palavra "merda", em português, em minha mente.

— São verdade...

Ele respira tão fundo que poderia escutar de uns dez quilômetros de distância. Eu aperto os olhos, talvez isso seja melhor para suportar o esculacho que estou prestes a levar dele...

Sinto seu corpo quente mais próximo do meu, suas mãos passando pela minha cintura envolvendo-me em um abraço. Eu subo na ponta dos pés para que fique menos desnivelado, passo meus braços para seu pescoço e ele me aperta, deixando o abraço cada vez mais reconfortante.

— Eu sinto muito. Deveria ter batido mais naquele filho da puta quando tive a chance.

Não posso evitar o riso. E ele ri também.

Depois de nos desgrudarmos, ele vai embora. Sabe que se ficar, provavelmente teremos que relembrar os acontecimentos da lavanderia.

Droga, eu acho que eu estou... não, qual é! Eu estou bem. Não estou sentindo nada de diferente em relação ao Jake. Certo?

Convenhamos que "odiar Jake Samberg" não tem feito parte da minha rotina tem um tempo. Mas parece que meus pensamentos sobre isso estão como um novelo de lã branco, um grande embaraçado com informações vazias.

Jake deve estar totalmente decidido sobre seus pensamentos e ações, nunca parece que ele não sabe o que fazer. Não tenho certeza, mas parece que ele não me odeia mais também. O que é bom, certo? Considerando que nos beijamos... não acho que isso seja uma atitude de pessoas que se odeiam.

Dizem que a comunicação é a chave de tudo, não é? Naquele dia do beijo, só aconteceu porque nos comunicamos. Odeio quando as coisas não ficam claras ou definidas. Não vou perguntar nada para ele, e posso afirmar que ele também pensa o mesmo.

Tem muita coisa acontecendo, eu deveria estar ficada nos playoffs, não no rapaz alto e bonito que eu beijei dias atrás. Mas é algo que não posso evitar. Ele veio aqui, na minha casa, e eu não tive a capacidade de perguntar sobre "nós" já que ele abordou um assunto no qual eu nao queria falar sobre com ele. Não falei o que não queria nem o que queria.

Parece algo tão simples, mas quando se trata sentimentos eu me sinto uma completa idiota. Não sei o que falar ou como agir, principalmente quando estou perto dele. Eu penso 24 horas sobre isso e no final não resolvo nada, não chegou em conclusão alguma. Sou leiga em assuntos que envolvem relacionamentos amorosos, deve ser por isso.

Tem quase duas horas que estou sentada no tapete da sala pensando sobre isso, e novamente não chego em conclusão nenhuma.

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