Antes mesmo de pensar em acordar, minha cabeça começa a doer. Aperto os olhos na tentativa falha de fazer a dor passar. Afundo o rosto no travesseiro. Espera. Esse não é o cheiro do meu travesseiro.
Abro os olhos apenas para perceber que realmente não estou no meu quarto. A cama macia com jogo de lençóis branco e o quarto com tons claros me causa confusão. Olho para os lados na esperança de lembrar o que aconteceu e porquê estou aqui, mas fica pior quando vejo o uniforme do The Angle's escrito "Bia" bem grande.
O que caralhos eu estou fazendo na cama da Bia?
Calma.
— Eu tenho que manter a calma. — respiro fundo e baixo para aonde quer que ela esteja, não me ouvir.
Eu lembro bem que fui com o time em um bar bem famoso entre os jovens aqui de LA. Depois, eu bebi... bebi para caramba. E depois eu acordei aqui.
Observar a situação. Eu, na cama da Bia, sem camisa, com mais dor de cabeça do que antes e desesperado. Essa situação não é nada boa. Meu celular. Cadê? Merda.
Ok. Respira, respira.
Quando escuto passos, volto a deitar, fecho os olhos e me cubro.
— Tá dormindo ainda? Aff.
Ela dá passos largos e abre alguma gaveta ou porta e abre as janelas. Posso sentir Bia chegando bem perto da cama, e agora do meu rosto, para checar se estou dormindo.
Ela se vira e sai do quarto. Abro os olhos e posso vê-la saindo. Ela está de pijama, um pijama meio indecente para quem tem hóspede em casa, um short curtíssimo e uma regata, ambos de cetim branco com estampa de coroas de princesa. Seguro o riso para que ela não perceba.
Meu Deus. Ela acordou por agora e o cabelo está perfeito, impecável.
Ok. Eu estou aqui porque provavelmente agi como uma criança e vim atrás da primeira pessoa que veio em minha mente, ela foi a última, então provavelmente seria a primeira que estaria lá.
Considerando que estou limpo e bem, ela deve ter me ajudado. O cheiro do quarto dela é tão agradável quanto ela. Decido me levantar para entender melhor a situação. Vou até a cozinha, ela está fazendo café da manhã e cantarolando uma música em português, nunca imaginei ver isso. Encosto-me na parede até que ela perceba que estou alí.
— Ah, bom dia!
— Bom dia, princesa. — digo olhando para o pijama fofo que ela provavelmente esqueceu que veste.
Ela cora, solto um riso fraco e dou passos para ir ao seu encontro. Ela se vira para mim, mais focando no meu tronco do que em meus olhos.
— Então, o que aconteceu?
Bia me olha confusa, como se eu fosse um idiota. O que, talvez, não seja totalmente mentira.
— Você não se lembra?
Meio que sem querer, inclino a cabeça para o lado com a expressão de tipo "sério?".
— Tá bem. Você bebeu muito ontem em algum lugar, veio até minha casa que nem um cachorrinho caído da mudança, vomitou no meu banheiro e em si mesmo, falou coisas estranhas e dormiu na minha cama.
Minha cabeça dói ainda mais. Odeio quando ela joga a verdade assim na minha cara.
— A gente...
— Não. — ela sabia o que eu ia dizer antes de terminar, e de pronto já responde e se vira voltando a fazer o café.
Respiro fundo. Eu ia me odiar por toda a eternidade se tivéssemos feito algo e não me lembrar, nem que fosse apenas um simples beijo. Me sento no banco á frante da bancada.
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Our Match Point
FanfictionBeatriz, uma jovem atleta brasileira recém chegada nos Estados Unidos para sua nova temporada de voleibol em um dos melhores clubes de Los Angeles, viverá coisas que jamais imaginou viver. A ponteira passadora se vê em conflito quando um rapaz alto...