— Tá tudo bem, vovó. Sei que a culpa não é minha...— Não mesmo, querida. Não dê tanta atenção á isso.
Minha avó era minha pessoa favorita da família. Ela mora na Itália e é a mulher mais elegante que eu conheço. Não foi apenas o dinheiro que a fez assim, ela sempre foi elegante.
Meu avô faleceu, e deixou uma herança bem gorda apenas no nome dela, ele sabia que minha mãe, sua filha, não merecia.
Ela me liga as vezes, e dessa vez contei á ela sobre a situação com os meus pais. Ela se entristeceu, disse que eles não ligam para ela faz um bom tempo. Ela, que nos ajudou tanto... sempre que posso ligo para minha avó, saber as novidades e contar as minhas. Ela sim, sempre me apoio no esporte.
Falando em esporte, meu voleibol hoje foi cancelado. Teríamos um jogo hoje, mas por algum problema técnico que não nos disseram, não teremos mais. Ou seja, resto da tarde livre. Mas, quem disse que iríamos aquietar?
Nos juntamos e seguimos para a quadra de areia do clube, mas de longe avisto o time masculino. De longe, senti o cheiro de suor masculino.
Um deles, um garoto bem amigável disse que podiamos jogar com eles, mas não como nos treinos, mas como amigos. Eu ri, mas concordei.
O calor estava pior que o normal, eu estava com um short da Shein e um top da Nike, meu cabelo preso em um rabo de cavalo e uma bolsinha para não deixar minhas coisas na areia pura.
Eu fiquei de próxima, ainda tinha que me aquecer. Olho para o outro lado da quadra e tem meninos fazendo o mesmo. Mas ele me chama atenção. Qual o meu problema? Meus olhos parecem procurá-lo, e quando acham, não querem desgrudar.
Ele está sem camisa, exibindo os músculos fortes e definidos. O cabelo sequinho e fofo e uma bermuda preta. Ele está distraído, não me vê observar ele.
— Gostou? Tira uma foto. — Camila sabe que não o suporto, mas não podemos negar essa beleza toda.
— Em vez de jogar contra, vamos misturar os times!
Quem foi que deu essa ideia horrível? Bom, tarde de mais pois já está misturado.
E adivinha... sim, Jake está no meu time. E eu estou de levantadora.
Mundo bom de acabar.
Era a nossa vez, eu fui para o meio da rede, e os outros se organizaram. Jak estava na ponta. Ele de ponteiro? Desse tamanho? Meu Deus.
Já começou errado. Ele errou o passe, foi tão longe que eu nem ne movi. Foi assim em mais cinco pontos... eu já estava alí de enfeite, bufando.
O passe veio, eu levantei para o oposto, ponto nosso.
— Bola bem colada, não é? — escuto sua voz grossa mais próxima á mim.
— Lógico, com esse seu passe cu, não tem muito o que fazer.
Ele levantou a sobrancelha e soltou um "hum" emburrado.
Depois disso, foi só passe na minha mão, ou seja. se eu errasse ele me mataria.
Tentamos, mas perdemos.
Não me senti tão mal porque era um jogo besta, mas mesmo assim me culpei. Coisa de atleta.
Eu tenho um pouco de agonia de ficar muito tempo na areia, e esse tempo estava quase sendo excedido.
— Vou com você!
— Para onde, Camila?
— Para onde você for, oras.
Ela entrelaçou seu braço no meu e seguimos para fora daquela mini praia sem mar.
Em vez de shopping, como sempre, preferimos pegar sorvete nas barraquinhas perto do centro. Escolhi um de chocolate com gostas de chocolate e Camis pegou um de flocos.
— Ei... quando vai assumir para si mesma que tá afim do Jake?
Eu conto tudo para ela, ela sabe de cada detalhe sobre cada acontecimento entre Jake e eu.
— Eu não tô afim dele! Corta dessa.
— Para de mentir pra si mesma, Bia. Você sabe que o que sente por ele não é só esse "ódio".
Eu reflito. Ela esta certa no sentido de que as vezes ele me faz sentir muito além de ódio. As vezes ele me faz sentir coisas que eu nem sei explicar o que são. Que droga, ele me estressa só de pensar nele.
Camis queria falar sobre isso, e tudo bem. A vida amorosa dela já está resolvida, por isso ela quer resolver a minha. Ela namora um boyzinho brasileiro, á muito tempo, segundo ela.
Ela fala sobre ele com um brilho nos olhos tão lindo, como se só de pensar nele já a fazia feliz. E fazia mesmo.
O sorvete congelando meu cérebro me faz voltar a realidade. Ela pergunta mais alguma coisa sobre Jake, mas eu ignoro. Não gosto do jeito que meu coração bate mais rápido quando falo sobre ele.
[...]
Acordo cedo, no susto. Mas a mensagem de Camila dizendo "não temos treino hoje" me faz voltar a dormir tranquilamente. Quando acordei definitivamente, já era hora do almoço.
Troquei de roupa e fui para o refeitório, algumas meninas estavam lá.
— E aí, Bia! Vai hoje? — uma delas diz quando me sento á mesa com meu prato.
— Vou para onde?
— Tem jogo do masculino! — Jenna disse.
Eu confirmei presença, já que não tinha planos para a tarde. O jogo era as seis, ou seja, daqui quatro horas. Tempo suficiente para fazer minhas coisas e depois ir.
Em quatro horas eu consegui estudar, vendo vídeos de jogadas, lavar e arrumar meu cabelo, maquiagem e ainda tenho tempo para escolher a roupa e ir.
Liam havia dito que seria melhor se fôssemos com a camiseta com nosso número e nome, o resto podemos decidir. Como eu estava me arrumando antes, informei no grupo que iríamos com a preta, sim, eu acabei de decidir isso.
Coloquei uma calça cargo bege, meu tênis branco da nike, peguei meu celular e esperei as meninas na frente do nosso prédio. Todas uniformizadas, parecendo a torcida organizada.
No ginásio, ficamos na parte vip como de costume, os meninos entraram em quadra e o jogo estava para começar. O time adversário era forte e pareciam ser bons, mas talvez fôssemos melhores.
0x1. Perdemos o primeiro set.
Parece que eles se estressaram e estavam determinados a ganhar esse jogo, até porque esse jogo garantia pontos suficientes para fazê-los subir na tabela.
Ganhamos os dois outros sets, estava 2x1 e o quarto set estava na metade.
— Eles jogam de mais, não é? — uma garota branca, loira e com a pele perfeita que também estava no vip me pergunta.
— Pois é! — digo meio confusa.
— E esse central? O 10. — meus olhos seguiram os dela, encontrando o número 10, coincidentemente, Jacob Samberg. — Sabe se ele tem namorada?
Ela disse isso em um tom tranquilo, calmo. Mas eu não estava assim, não mais. Eu estava gelada, e no impulso disse algo que não deveria.
— Ele tem. — me arrependi no mesmo segundo.
— Ah, entendo. — ou ela é uma ótima atriz ou realmente não sei ler as pessoas. Ela não esboçou tristeza, o tom tranquilo ainda estava presente em sua voz.
Eu também estou calma. Só meu coração que bate mais rápido e posso senti-lo sem colocar a mão no peito, estou gelada... fora isso, tudo calmo.
O povo grita quando nosso time faz mais um ponto. Quando percebo que minhas palmas estão em câmera lenta, abaixo minhas mãos. O jogo está quase no fim e as meninas me lembram de tirar uma foto do jogo, fazendo igual elas e pegando o celular.
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Our Match Point
Fiksi PenggemarBeatriz, uma jovem atleta brasileira recém chegada nos Estados Unidos para sua nova temporada de voleibol em um dos melhores clubes de Los Angeles, viverá coisas que jamais imaginou viver. A ponteira passadora se vê em conflito quando um rapaz alto...