Assisto com atenção mais uma jogada armada no treino do time feminino, eu e meus companheiros de equipe fomos convidados para assistir o treino. Particularmente, está bem agradável para mim.
Elas estão fazendo um jogo, e tenho que admitir que o vôlei feminino é sim mais emocionante do que o masculino. As defesas, os ataques... tudo.
A central é alta, deve ter quase minha altura, o ataque dela parece um tiro de tão veloz. Foi assim que elas ganharam o último jogo, com ataques precisos. Esse treino é para isso, o próximo jogo dos playoff's. Elas tem que vencer, assim já se classificam para as semifinais.
Entre todas as jogadoras, Bia é a que mais me chama atenção. Não só pelo fato de ser incrivelmente linda e única, mas por ser completamente diferente quando está em quadra. Ela se transforma. O foco é totalmente no jogo, os olhos dela brilham mostrando sua paixão pelo esporte e sua dedicação realizando cada fundamento.
A visão de jogo dela é muito boa, tenho inveja disso. Ela sabe a hora certa de largar ou atacar, seu lugar na defesa... tudo. Ela é muito inteligente e acho que isso que a torna cada vez mais interessante.
— Tá babando aí, olha. — um dos meus colegas de time brinca. Disfarçar não é um ponto forte meu.
O jogo vai rolando e ela vai para a defesa. Meu Deus. Acho que ela só não é líbero pois tem uma força imensa, porque defesa boa e altura ideial ela tem. Mas como ponta ela se destaca muito. Ela gosta de atacar, eu percebo isso porque sinto o mesmo.
— Você tá amando, né? — Max parece me observar 100% do tempo quando estou minimamente perto dela. Reviro os olhos.
Respiro fundo e me levanto, vou ao bebedouro encher minha garrafa.
Fico pensando no episódio do beijo. Quando eu disse que aquilo havia respondido várias das minha perguntas, não sabia que iriam aparecer mais. E essas não tem respostas. Até tem, mas só se sairem da boca dela... tal ato que não sou corajoso o suficiente para efetuar.
Eu sou um cara legal, mas e se ela disser "não". Se for outro beijo eu sei que é "sim", mas ela é totalmente capaz de dizer "não" quando quer. Ela sabe ser bem fria quando quer. Já recebi "nãos" dela, mas agora é diferente. Talvez agora eu não sinta a mesma coisa que antes, talvez agora eu realmente sinta alguma coisa real.
A água transbordar da minha garrafa, que nem meus pensamentos dentro da minha cabeça.
Volto para a arquibancada, Liam parou o jogo para dar instruções para as meninas. Antes que eu sentasse os meninos se levantam e vão saindo, faço o mesmo quando descubro que deu nossa hora para irmos fazer treino físico.
Ficamos três horas na academia, depois saímos para o almoço. Fui para casa depois disso, pensando ainda sobre Bia.
Me deito na cama, exausto. Abro o Instagram e depois de minutos na timeline, o perfil dela aparece como sugestão. Não clico, mas a foto de perfil me chama atenção, as cores vibrantes e a bandeira de seu país me fazem lembrar que Bia é brasileira.
Lembro do dia que tive que arrumar sua porta depois que ela disse um palavrão na língua dela... português, se não me engano. Abro o tradutor. Digito na minha língua "oi, tudo bem?" e meu Deus, português é difícil. Eu fiquei que nem um idiota falando em voz alta repetidas vezes o cumprimento mais básico até que saísse como um nativo.
Deu certo, gostei. Nunca que eu vou falar isso na frente dela, ela vai me humilhar.
Quando percebo um sorriso bobo surgindo em meus lábios, fechos os olhos na hora com força. O que está rolando comigo?
Foi uma pergunta retórica.
Eu sei a resposta, mas é bem difícil declarar para mim mesmo que eu tenho grandes sentimentos por Beatriz. Mas também não consigo evitar falar dela, ou pensar nela, ou querer ela...
Eu não sei se ela sente o mesmo que eu. Naquela noite do beijo eu me senti o cara mais incrível de todos, por estar beijando Bia e por ter dito tudo o que era preciso para ter certeza que ela queria o mesmo que eu, mesmo estando brava comigo.
E dias atrás quando abracei ela. Cara, foi tão incrível quanto beijá-la, parece que tudo fica incrível com ela. Deve ser porque ela é incrível.
Meu Deus.
Eu perco a linha quando falo sobre ela, só percebi agora.
Escuto um "toc toc" na porta, fazendo-me sair dessa brisa.
— Eu tô te mandando mensagem tem uns vinte minutos, droga. Tá dormindo é?
Max literalmente invade meu apartamento. Ele vai abrindo a geladeira enquanto olha aos arredores tentando descobrir o que eu estava fazendo para não responder as suas mensagens.
— Eu tava brisando aqui, só isso. — digo rápido, para que ele pare de me olhar desconfiado.
— Me deixe adivinhar... — ele coça o queixo. — Beatriz.
Bato palmas sarcasticamente para o Sherlock que tenho como amigo. Fico em silêncio. Ele sabe de mais, mas não o suficiente para entender minha relação com Bia. Se nem eu entendo...
Teoricamente falar pessoalmente seria a melhor opção para resolver as coisas mas, meu Deus. Qual a dificuldade? Se eu não fosse tão besta eu iria até a porta dela e diria tudo que tenho para dizer, mas aí ela iria me achar muito emocionado. Nos beijamos uma vez e o resto do tempo juramos por tudo que nos odiamos, se declarar é um plano precipitado e arriscado.
Meu amigo decide ir ao supermercado quando percebe que na minha geladeira não tem coisas que o agradam. Depois de muito insistir, eu vou com ele. Troquei a camisa por uma regata preta e permaneço com a bermuda de mesma cor.
Não era longe do clube, era bem perto do shopping. Eu peguei algumas coisas que estavam faltando, um pote novo para colocar frutas e uma nova garrafa d'água.
Voltamos para casa conversando sobre os jogos e a colocação na tabela. Vemos alguns caras do time jogando na quadra de areia, Max diz para deixarmos as compras em casa e voltarmos para jogar. Eu concordo, onde já se viu recusar jogar vôlei?
Eu coloco o uniforme de treino e espero o meu amigo. Já na quadra, somos chamados para o mesmo time e começamos a partida. Eram seus contra seis. Obviamente que fiquei como central. Muitos bloqueios, ataques.
Eu amo isso.
O sol das quatro da tarde ainda está bem quente, tiro a camisa para evitar tanto calor no meu corpo. Muito bom jogar com amigos, sem pretenção de ganhar, apenas para se divertir com eles. Dar risadas... o que mais me dói é saber que faltam apenas alguns meses para o fim dessa temporada.
Quando percebemos que são sete da noite, decidimos ir para casa. Como também não temos planos marcados para a parte da noite, decidimos sair. Tomo um banho, passo meu melhor perfume, coloco uma calça de moletom azul e uma blusa cinza de baixo do moletom da mesma cor, combinando com o tênis branco.
Uma noite para distrair a cabeça de tantos pensamentos.
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Our Match Point
Hayran KurguBeatriz, uma jovem atleta brasileira recém chegada nos Estados Unidos para sua nova temporada de voleibol em um dos melhores clubes de Los Angeles, viverá coisas que jamais imaginou viver. A ponteira passadora se vê em conflito quando um rapaz alto...