Criação de Malivore

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Quando você fica a um triz de morrer, passam tantas coisas pelos seus pensamentos. A sensação é a de que você assistiu a uma série inteira em apenas segundos.

Ficar aqui, trancada com o ser mais poderoso do mundo, deveria me causar a mesma sensação, mas não; por algum motivo, sinto que posso ficar tranquila.

Já se passaram 10 minutos que estamos lá, em silêncio. Já estava sem ideia de onde começar e Aradia se mantendo séria, mantendo a visão longe de mim

— Ok, já vi que vou ter que começar — quebrei o silêncio me ajeitando na cadeira, já que Aradia estava sentada na ponta da cama. — De onde você é?

— Faça perguntas óbvias, por favor. — nas palavras de Aradia, dava para ver a impaciência. — Vocês já sabem de onde venho, já sabem quase tudo sobre mim, e acho que têm perguntas mais importantes a serem feitas, como: "por que você não veio atrás da Hope para defender Malivore? " — Aradia disse com sarcasmo na voz.

— Tudo bem, por que não veio? — depositei  toda minha atenção nela.

— Porque não vi motivo para isso — levantou as sobrancelhas como se quisesse dizer que a resposta era óbvia.

— Como não? Lá estava escrito que você é guardiã de Malivore —  dizia analisando as expressões de ate que parei nos lábios de Aradia estavam ressecados e sabia exatamente o porquê. — Toma isso, vai pelo menos enganar um pouco sua fome — disse, entregando a bolsa de sangue.

Aradia analisava a bolsa de sangue como se aquilo fosse um crime. Como alguém pode oferecer aquilo a um vampiro? Ela entendia exatamente o que eu falava; havia dormido por 2 dias seguidos sem ter contato com nenhuma gota de sangue e se sentia desidratada.

— Isso é uma ofensa — pegou a bolsa das minhas mãos e a analisava como se procurasse a forma certa de usar aquilo. — Eu preciso de um pescoço, de um coração batendo em desespero. É disso que preciso, e não disso aqui.

— Eu entendo, mas por enquanto é o que você vai ter. Toma, a gente segue aqui e depois você vai poder ir embora.

Eu sabia que não deixariam Aradia ir embora tão fácil assim e também sabia que ela estava ali porque queria respostas. Porque, na hora em que quisesse ir embora, não haveria ninguém que conseguiria segurá-la.

a observei puxar o pino da bolsa de sangue e a colocar na boca. Por um momento, parecia que tudo estava em câmera lenta: Aradia levando até a boca entreaberta e sugando o líquido com calma, fechando os olhos após sentir o sabor.

Fechei os olhos tentando espantar aquilo da minha cabeça, pois, em algum momento, meus pensamentos se distanciaram, imaginando coisas que não deveria.

Aradia sugava o líquido com vontade, secando-o rapidamente. Após terminar, abriu os olhos eu  pude ver o quão diferente ela era, pois seus olhos estavam na cor vermelho-sangue contornado por uma cor preta e as veias negras sob os olhos. O normal seria ter olhos dourados por conta do seu lado lobo, mas não; estava longe disso.

— Melhor? — Josie perguntou, com tanto receio que parecia estar vendo alguém provar uma receita sua e aguardando a aprovação.

— É... Um pouco — deu de ombros.

percebei que, após tomar o sangue, Aradia ficou com a pele mais corada; suas bochechas tomaram uma coloração normal, um rosado intenso puxado para o vermelho, e sinceramente prendeu a minha atenção por tempo suficiente para se perder no assunto.

— Respondendo sua pergunta — colocou a bolsa de sangue vazia ao seu lado e arrumou a postura novamente — sim, fui criada exatamente para isso.

— Então? — A cada resposta, eu me sentia mais confusa.

O sangue das antigas linhagens Onde histórias criam vida. Descubra agora