Ela não volta mais

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TARDEI MAS NÃO FALHEI......

APROVENTEM

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Aradia passava as noites em claro, a mente atormentada por preocupações que a deixavam inquieta e arisca. O silêncio de sua casa era cortado apenas por seus pensamentos apressados, e a sensação de que algo estava prestes a acontecer a seguia como uma sombra. Após muitos debates e protestos, ela havia imposto uma regra: as meninas estavam proibidas de sair. Essa decisão, embora difícil, parecia ser a única forma de garantir a segurança de Hope e Josie.

Nunca antes Aradia se sentira assim. O medo não fazia parte de sua natureza; ela sempre se viu como o ser mais poderoso do mundo, um poder que desafiava a própria essência do mundo. Como a deusa do desequilíbrio da natureza, ela conhecia suas forças e habilidades, mas agora, pela primeira vez, experimentava um desespero avassalador. O amor que sentia por Hope e Josie a tornava vulnerável, e a ideia de perder uma delas, ou ambas, a consumia.

— Não aguento mais ficar presa aqui! — Hope exclamou, seu tédio transparecendo em cada sílaba enquanto se deixou cair no sofá, cruzando os braços em frustração.

— Não vou entrar nessa discussão com você de novo — respondeu Aradia, sua paciência se esgotando. A última coisa que desejava era uma briga.

— Eu sou imortal! — Hope retrucou, ironicamente. — Você sabe que só tem uma pessoa mais poderosa que eu, e é você.

— Hope! — Aradia disse, já sem forças para argumentar. — Não, por favor, não insista.

Hope bufou e se recostou no sofá, seus braços cruzados demonstrando sua resistência. Já fazia dias que estavam trancadas em casa, e Aradia compreendia o tédio que as consumia. Hope, com sua humanidade desligada, e Josie, sob a influência do seu lado Dark, estavam inquietas e desejavam liberdade.

Era sempre a mesma conversa. Hope insistia em sua imortalidade, enquanto Aradia ignorava essa vantagem. Ambas eram brechas no mundo sobrenatural, sabiam que, mesmo com poderes, a vida era frágil. Aradia estava ciente de que, por trás de cada força, havia uma forma de vulnerabilidade.

Naquela noite, quando a lua começou a ascender no céu, Aradia decidiu que precisava sair. O hospital mais próximo estava em sua rota, pois o estoque de bolsas de sangue havia se esgotado. Além de lidar com a tensão de ter as duas em casa, a fome só aumentava o estresse. Com determinação, ela conseguiu uma boa quantidade de bolsas e agora se apressava de volta para casa.

Quanda a porta do elevador abriu, uma sensação estranha a atingiu. Algo estava errado. Ao pisar fora do elevador, parou abruptamente, seus sentidos aguçados. A porta do apartamento estava entreaberta, e sua memória a alertou — ela tinha certeza de que a trancara.

Aradia se aproximou com cautela, seu coração disparando. O ar estava impregnado de perfumes estranhos, misturados com o cheiro de sangue. Ela empurrou a porta, fazendo o mínimo de barulho possível, e entrou. O cenário que encontrou era devastador: o apartamento estava revirado, com sinais de luta por toda parte. Sangue cobria o chão e as paredes, e seis corpos jaziam no chão. Dois tinham marcas de mordidas no pescoço, três estavam sem coração, e um não tinha cabeça. As roupas dos homens eram as mesmas dos que atacaram Hope na floresta.

O desespero tomou conta de Aradia. Ela correu pela casa, chamando desesperadamente por Hope e Josie, mas não havia sinal delas. O caos a rodeava, e a raiva de não saber onde estavam as consumia. Seu lobo interior queria emergir, rosnando e agitando-se dentro dela. Correu para o escritório, que também estava em desordem, e começou a procurar seu grimório, mas ele não estava lá.

Tentou inúmeros feitiços de localização, mas não obteve sucesso. Havia um feitiço de proteção que as escondia. Em um ato de desespero, Aradia agarrou um dos corpos com a mordida no pescoço e o arrastou até seu escritório, colocando-o no chão. Ela odiava usar esse poder, pois sabia que isso desequilibrava tudo ao seu redor, um preço que ela sempre pagava após usar.

O sangue das antigas linhagens Onde histórias criam vida. Descubra agora