HELENA DUARTE
o dia seguinte, chego um pouco atrasada à lanchonete porque o ônibus em que eu estava furou um pneu. Tive que fazer o restante do caminho a pé, e é claro que meu chefe não gostou nada disso, ameaçando me demitir se acontecesse de novo. Quase perdendo o emprego, apresso-me em trocar de roupa e vestir o uniforme da lanchonete, preparando-me para atender a enxurrada de clientes que costuma chegar nesse horário.
Já era quase hora do almoço quando uma mulher muito bonita entrou pela porta. Ela era alta, com a pele morena e brilhante, cabelos castanhos claros que combinavam com os olhos da mesma cor. Era uma beleza marcante. Ela se sentou em uma mesa nos fundo, mas não conseguia relaxar, a todo momento, olhava ao redor como se estivesse escondendo de alguém.
Eu a observo discretamente enquanto sirvo os outros clientes, mas não consigo evitar o sentimento de curiosidade que cresce dentro de mim. Algo na postura dela, no modo como os olhos varrem o ambiente, me faz acreditar que há mais naquela situação do que aparenta.
Termino de servir um senhor que pediu um café e um pão e queijo, e resolvo me aproximar da mulher. Com o bloco de notas na mão, tento parecer casual, embora meu coração esteja batendo um pouco mais rápido do que o normal.
_Bom dia, já decidiu o que vai querer?
Ela levanta o olhar para mim, e é como se uma corrente elétrica atravessasse o ar. Seus olhos, embora claros, carregam uma intensidade que me faz quase recuar. Mas me mantenho firme esperando que ela responda.
_Sim, por favor, quero um café preto e uma fatia de bolo, se não for muito incômodo.
_Claro, já volto com o seu pedido.
Enquanto preparo o café, noto que ela continua a olhar ao redor como se esperasse que alguém entrasse a qualquer momento. O que será que está acontecendo? Uma briga com o namorado? Ou algo mais sério?
Entrego o café e o bolo para ela, e quando estou prestes a me afastar, um homem alto, negro e bem trajado com um terno e óculos escuros, para ao lado dela.
Ele coloca uma nota de cem reais sobre a mesa e lança um olhar severo para a jovem à minha frente, que agora parece visivelmente assustada. Eu, também surpresa com o gesto abrupto, olho ao redor e percebo que alguns clientes observam a cena com atenção.
_Senhorita Giovanna, levante-se. Estamos indo agora. Seu irmão não está nada satisfeito com a sua fuga.
Diz o homem, cuja presença imponente faz a ameaça em sua voz ainda mais palpável.Seu tom grave provoca um arrepio em mim e parece ter o mesmo efeito sobre a jovem, que agora sei se chamar Giovanna.
_Eu não fugi, só queria respirar um pouco de ar fresco e comer algo diferente. Minha comida acabou de chegar. Não podemos, ao menos, esperar até que eu termine?
_A menos que deseje ver seu irmão mais furioso do que já está, sugiro que se levante imediatamente e entre no carro que nos espera lá fora.
O homem responde, e vejo Giovanna engolir em seco ao ouvir a menção de seu irmão.
_Poço embalar a comida para viagem, se preferirem.
Ofereço, atraindo a atenção dos dois e sentindo o constrangimento tomar conta de mim.
Giovanna hesita por um momento, olhando para o prato que acabou de chegar e depois para o homem. Seus ombros caem levemente, como se a força para resistir tivesse sido sugada dela. Ela dá um leve aceno de cabeça, resignada.
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Sussurros na escuridão
RomanceHelena Duarte tinha apenas dezessete anos quando sua vida mudou drasticamente. Ela acreditava que havia escapado de uma realidade cruel ao deixar para trás um passado marcado por abusos. No entanto, ao cair nas mãos de Matteo Russo, um homem poderos...