Capítulo II

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HELENA DUARTE

você conhece aquela sensação de estar sendo observada a todo momento? Aquela que arrepia os pelos dos seus braços e causa um formigamento incômodo e estranho na barriga? Faz alguns dias que essa sensação não me abandona, a impressão constante de que alguém está me vigiando. Tem sido tão intenso que comecei a criar mil teorias sobre o que pode estar acontecendo, mas prefiro acreditar que é só coisa da minha cabeça.

Hoje, por sorte, consegui sair de casa sem que meu padrasto percebesse. Na rua, em frente à casa onde moro, noto novamente alguns carros que parecem absurdamente caros. Eles contrastam de maneira estranha com o ambiente nada urbanizado da vizinhança, o que me causa uma leve inquietação. Como em todos os dias, assim que coloco os pés fora de casa, a sensação de estar sendo observada retorna. Tento ignorá-la e seguir meu caminho.

Caminho lentamente pelas ruas quase desertas, exceto por algumas poucas pessoas que, provavelmente, estão indo para seus trabalhos também. A cada passo, sinto o peso invisível de olhos que não consigo localizar, como se estivessem escondidos nas sombras, acompanhando cada movimento meu. Tento afastar o desconforto, mas ele persiste, tornando o ar ao meu redor pesado e difícil de respirar.

Enquanto avanço, um pensamento me ocorre: e se não for apenas coisa da minha cabeça? E se realmente houver alguém me observando? Tento afastar a ideia, mas a paranóia começa a se instalar, mais forte a cada minuto. Continuo andando, cada vez mais alerta, meus olhos varrendo o ambiente em busca de qualquer coisa fora do comum, qualquer sinal de que não estou sozinha.

Será que estou sendo seguida? A ideia me apavora, mas tento manter a calma. Acelero o passo, forçando-me a acreditar que é apenas coincidência, que tudo isso está na minha cabeça. Mas a sensação não desaparece, e agora meu coração bate mais rápido, a ansiedade se misturando ao medo.

Quando chego à parada de ônibus, sinto um alívio ao ver algumas pessoas ao meu redor. A presença delas me faz sentir um pouco mais segura, como se a multidão pudesse oferecer uma proteção contra a sensação persistente de estar sendo observada.

Enquanto espero o ônibus, mantenho um olhar atento aos arredores. Os carros que vi antes ainda estão na minha mente. Lembro-me dos seus formatos e do modo como pareciam estar posicionados estrategicamente. Tento me convencer de que eram apenas carros comuns e que minha paranoia está exagerando.

Aos poucos, o ônibus se aproxima e, com ele, uma sensação de alívio momentâneo. Entro no veículo e me sento, tentando relaxar e deixar a tensão acumulada para trás. No entanto, enquanto o ônibus avança pelas ruas, não posso deixar de olhar para fora da janela, observando se os carros ainda estão por perto.

Enquanto o ônibus segue seu percurso, fico cada vez mais consciente de que, se alguém realmente está me observando, eles poderiam estar esperando o momento certo para agir. Tento me concentrar na rotina do dia, mas a sensação persistente de vigilância continua a pesar sobre mim, tornando cada minuto mais tenso e incerto.

MATTEO RUSSO

Mesmo após dias, a inquietação em relação à pequena garota da cafeteria persiste. Sinto que, a qualquer momento, poderei me tornar tão obcecado por essa figura feminina que perderei o controle. Eu, que sempre fui um líder nato e tive tudo sob controle, estou perturbado por uma pequena presença que não sai de meus pensamentos.

Sempre obtive tudo o que desejei, e com ela não será diferente. Esta garota será minha, e nada nem ninguém poderá alterar isso. A determinação que sempre me guiou me leva a crer que o controle sobre essa situação é apenas uma questão de tempo. Vou fazer o necessário para garantir que ela se torne parte da minha vida, e nada poderá me deter em minha busca por esse objetivo.

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