HELENA DUARTE
você conhece aquela sensação de estar sendo observada a todo momento? Aquela que arrepia os pelos dos seus braços e causa um formigamento incômodo e estranho na barriga? Faz alguns dias que essa sensação não me abandona, a impressão constante de que alguém está me vigiando. Tem sido tão intenso que comecei a criar mil teorias sobre o que pode estar acontecendo, mas prefiro acreditar que é só coisa da minha cabeça.
Hoje, por sorte, consegui sair de casa sem que meu padrasto percebesse. Na rua, em frente à casa onde moro, noto novamente alguns carros que parecem absurdamente caros. Eles contrastam de maneira estranha com o ambiente nada urbanizado da vizinhança, o que me causa uma leve inquietação. Como em todos os dias, assim que coloco os pés fora de casa, a sensação de estar sendo observada retorna. Tento ignorá-la e seguir meu caminho.
Caminho lentamente pelas ruas quase desertas, exceto por algumas poucas pessoas que, provavelmente, estão indo para seus trabalhos também. A cada passo, sinto o peso invisível de olhos que não consigo localizar, como se estivessem escondidos nas sombras, acompanhando cada movimento meu. Tento afastar o desconforto, mas ele persiste, tornando o ar ao meu redor pesado e difícil de respirar.
Enquanto avanço, um pensamento me ocorre: e se não for apenas coisa da minha cabeça? E se realmente houver alguém me observando? Tento afastar a ideia, mas a paranóia começa a se instalar, mais forte a cada minuto. Continuo andando, cada vez mais alerta, meus olhos varrendo o ambiente em busca de qualquer coisa fora do comum, qualquer sinal de que não estou sozinha.
Será que estou sendo seguida? A ideia me apavora, mas tento manter a calma. Acelero o passo, forçando-me a acreditar que é apenas coincidência, que tudo isso está na minha cabeça. Mas a sensação não desaparece, e agora meu coração bate mais rápido, a ansiedade se misturando ao medo.
Quando chego à parada de ônibus, sinto um alívio ao ver algumas pessoas ao meu redor. A presença delas me faz sentir um pouco mais segura, como se a multidão pudesse oferecer uma proteção contra a sensação persistente de estar sendo observada.
Enquanto espero o ônibus, mantenho um olhar atento aos arredores. Os carros que vi antes ainda estão na minha mente. Lembro-me dos seus formatos e do modo como pareciam estar posicionados estrategicamente. Tento me convencer de que eram apenas carros comuns e que minha paranoia está exagerando.
Aos poucos, o ônibus se aproxima e, com ele, uma sensação de alívio momentâneo. Entro no veículo e me sento, tentando relaxar e deixar a tensão acumulada para trás. No entanto, enquanto o ônibus avança pelas ruas, não posso deixar de olhar para fora da janela, observando se os carros ainda estão por perto.
Enquanto o ônibus segue seu percurso, fico cada vez mais consciente de que, se alguém realmente está me observando, eles poderiam estar esperando o momento certo para agir. Tento me concentrar na rotina do dia, mas a sensação persistente de vigilância continua a pesar sobre mim, tornando cada minuto mais tenso e incerto.
MATTEO RUSSO
Mesmo após dias, a inquietação em relação à pequena garota da cafeteria persiste. Sinto que, a qualquer momento, poderei me tornar tão obcecado por essa figura feminina que perderei o controle. Eu, que sempre fui um líder nato e tive tudo sob controle, estou perturbado por uma pequena presença que não sai de meus pensamentos.
Sempre obtive tudo o que desejei, e com ela não será diferente. Esta garota será minha, e nada nem ninguém poderá alterar isso. A determinação que sempre me guiou me leva a crer que o controle sobre essa situação é apenas uma questão de tempo. Vou fazer o necessário para garantir que ela se torne parte da minha vida, e nada poderá me deter em minha busca por esse objetivo.
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Sussurros na escuridão
RomanceHelena Duarte tinha apenas dezessete anos quando sua vida mudou drasticamente. Ela acreditava que havia escapado de uma realidade cruel ao deixar para trás um passado marcado por abusos. No entanto, ao cair nas mãos de Matteo Russo, um homem poderos...