Capítulo XIX

126 12 25
                                    

Foi aqui que pediram um novo capítulo? Fiquei muito feliz com a quantidade de comentários e descidi presentear vocês com um capítulo novinho. Aproveitem!!

.
.
.
.
.

MATTEO RUSSO

O dia foi longo e extenuante, começando com a tensão acumulada da noite anterior e continuando com os preparativos meticulosos para o ritual. Eu e Giovanna chegamos ao local da cerimônia cedo, um edifício imponente e sombrio que parecia fazer parte de uma era antiga. A atmosfera estava carregada com o peso da tradição e da importância do evento que estava prestes a acontecer.

Enquanto aguardávamos a chegada de Helena, minha mente estava centrada em manter a impassibilidade. Sabia que a cerimônia era um evento crucial, tanto para a máfia quanto para a minha posição dentro dela. O ritual tinha uma importância simbólica imensa, e não havia espaço para fraquezas ou hesitações.

Quando Helena finalmente chegou, coberta pela venda que a impedia de ver, eu a observei de longe. O contraste entre sua aparência vulnerável e o ambiente implacável ao seu redor era evidente. A imagem dela, completamente desorientada e com medo, me atingiu de uma forma inesperada. A fragilidade dela era uma lembrança dolorosa da situação em que se encontrava.

O momento em que a venda foi removida e ela percebeu o lugar foi um instante marcante. A expressão de horror e desesperança em seu rosto era um reflexo claro da magnitude do que estava prestes a acontecer.

A cerimônia seguiu seu curso, e eu permaneci observando, impassível, enquanto o ritual chegava ao clímax. Cada movimento, cada detalhe, era como uma peça de um quebra-cabeça que eu não podia modificar. O simbolismo era profundo e implacável, e eu não tinha intenção de interferir, apesar da agonia visível de Helena.

Eu sabia que o ritual de iniciação era uma tradição profundamente enraizada na estrutura da máfia. Era um rito que consolidava o compromisso da nova esposa com a organização e servia como um lembrete brutal do controle que eu e meus predecessores exercíamos. Helena estava agora se tornando parte desse mundo de forma irrevogável, e eu precisava garantir que o ritual fosse concluído sem falhas.

Enquanto ela era preparada para a última etapa do ritual, eu a abracei para segurá-la, meu corpo pressionando o dela com uma força controlada. O ferro quente estava prestes a ser usado, e eu sabia que a dor que ela estava prestes a enfrentar era parte do processo, algo que, em última análise, consolidaria sua posição e lealdade.

Quando o ferro tocou sua pele, um grito estridente e desesperado irrompeu dos lábios de Helena. O som foi tão agudo e carregado de dor que parecia cortar o ar. O grito ecoou pela sala, a angústia e o sofrimento dela palpáveis em cada nota. Eu a segurei com mais força, sentindo-a se contorcer e tentar se afastar, mas sem sucesso. O calor do ferro era intenso, e eu sabia que a marcação era um processo doloroso e implacável.

Finalmente, o grito cessou abruptamente quando Helena desmaiou de dor, seu corpo se tornando pesado e inerte em meus braços. O som da sua respiração se tornando irregular era a única indicação de que ainda estava viva. Enquanto eu a segurava, os murmúrios ao redor aumentaram, e o homem da bata concluiu o ritual com um tom solene.

A visão de Helena desmaiada e a sensação de seu corpo inerte em meus braços não provocaram remorso. Era uma parte do que era necessário, e eu sabia que, apesar da dor e do sofrimento, ela emergiria desse ritual mais integrada ao nosso mundo. A cerimônia estava concluída, e o peso de suas consequências estava agora mais presente do que nunca.

As mulheres que haviam participado da preparação de Helena se aproximaram com um cuidado meticuloso. Apesar do ritual ter terminado, elas ainda demonstravam uma seriedade inabalável ao lidar com Helena. Uma delas trouxe um kit de primeiros socorros, e eu observei com uma mistura de impassibilidade e atenção enquanto elas começavam a tratar da queimadura.

Sussurros na escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora