Capítulo XV

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HELENA DUARTE

Uma semana havia se passado desde aquela noite no galpão, mas o impacto do que aconteceu ainda ecoava em mim, como um pesadelo do qual não conseguia despertar. Cada dia desde então foi uma névoa, com meus movimentos e pensamentos completamente controlados, não apenas por medo, mas pela dor insuportável do que presenciei. Matteo matou minha mãe. Ele matou meu padrasto, e eu fiquei lá, assistindo, incapaz de fazer qualquer coisa.

Aquele lugar... O cheiro metálico de sangue, as paredes sujas, e, acima de tudo, a visão deles, marcados pela brutalidade, pela tortura que ele chamava de justiça. Eu me senti despedaçada por dentro. Não houve lágrimas, não na frente de Matteo, mas algo em mim havia se quebrado de um jeito irreparável. Eu sabia que ele esperava que aquilo fosse suficiente para me dobrar completamente. E, talvez, em certo sentido, ele tenha conseguido.

Eu não resistia mais aos toques dele. Não afastava suas mãos quando ele me puxava para perto. Não tremia mais com seus beijos. Eu simplesmente... aceitava. Cada toque, cada palavra, cada gesto. Tudo era meticulosamente controlado para não provocá-lo. Havia aprendido a ser submissa, a seguir o script que ele me impôs, e agora, eu atuava nesse papel de uma forma que me mantinha segura, ou pelo menos, mais segura do que se eu resistisse. Era como caminhar numa corda bamba, e a cada passo, eu podia sentir o abismo logo abaixo.

Matteo percebeu isso. Ele sabia que algo estava diferente, mas o que ele não entendia era que, embora eu tenha perdido uma parte de mim naquele galpão, outra parte se fortaleceu. Ele podia controlar meus movimentos, minhas ações, mas ele nunca teria o controle completo sobre minha mente. Dentro de mim, a chama da resistência ainda ardia, mesmo que apagada por camadas de cinzas.

Eu agia da forma que ele esperava. Quando ele pedia, eu fazia. Quando ele me tocava, eu respondia do jeito que ele queria. Mas tudo era uma fachada. Por dentro, eu estava gritando. Gritando por um alívio, por uma saída. Talvez ele soubesse disso, talvez não. Ele queria quebrar tudo o que eu era, mas falhou em ver que, mesmo que tivesse arrancado parte da minha alma, havia um pedaço de mim que ele nunca poderia tocar.

Naquela semana, passei a entender que essa era a minha nova realidade. Eu não poderia fugir. A única coisa que eu podia fazer era sobreviver.

Mas, enquanto Matteo me olhava, tentando decifrar o que havia mudado, eu sabia de algo que ele ainda não sabia: por mais que eu parecesse submissa, havia uma parte de mim que ele nunca teria.

Eu era sua prisioneira, mas dentro de mim, a resistência, mesmo que silenciosa, continuava viva.

Quando Matteo mandou eu e Giovanna para o quarto, meu corpo se moveu automaticamente. Não havia hesitação. Desde o que aconteceu no galpão, meu comportamento havia se ajustado às suas exigências, como se algo dentro de mim tivesse sido desligado. Cada ordem dele era cumprida sem questionamentos, mesmo quando minha mente gritava por respostas.

Giovanna estava ao meu lado, tensa, desconfortável desde o momento em que vimos aquele homem na sala de jantar. Havia algo de errado na maneira como ele olhava para ela, como se o ar ao redor dele fosse impregnado de uma ameaça silenciosa. Eu não sabia quem ele era, mas havia desconfianças. Algo na postura de Matteo ao encará-lo, na forma fria e irritada com que se dirigiu ao homem, indicava que havia uma história ali, algo muito mais profundo do que simples negócios. E o modo como Giovanna mal conseguia disfarçar o pavor na presença dele me deixava inquieta.

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