Sussurros na escuridão

Capítulo XXIV

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HELENA DUARTE

O silêncio dentro da pequena sala secreta era sufocante. Eu podia ouvir apenas a respiração pesada de Giovanna ao meu lado e o leve som de Leo, que tremia em meus braços, como se sentisse o perigo iminente. Rosa estava sentada mais adiante, os olhos arregalados, tentando manter a calma, mas o medo era palpável em seu rosto.

Tudo havia acontecido tão rápido. A explosão, os tiros, e agora estávamos aqui, escondidas em uma passagem secreta que Luca havia mencionado no último segundo pelo telefone. Seu tom era controlado, mas eu conseguia sentir o pânico por trás de suas palavras. "Vá para o escritório e encontre a passagem. Fiquem lá até eu chegar."

Eu queria acreditar que tudo ficaria bem, que Luca e Vincenzo chegariam a tempo, mas, no fundo, algo me dizia que Matteo estava por trás disso. Eu sentia isso. Era como se ele estivesse sempre à espreita, esperando o momento certo para me puxar de volta para o inferno do qual eu e Giovanna havíamos sido tiradas.

Cada minuto que passava parecia uma eternidade. O sinal do meu celular havia caído, e o som abafado do confronto lá fora nos deixava à beira de um colapso. Tudo o que podíamos fazer era nos manter em silêncio e rezar para que não nos encontrassem. Eu olhava ao redor da pequena sala, me sentindo impotente. Se Matteo nos encontrasse, o que poderíamos fazer?

Leo se mexeu no meu colo, e eu o segurei mais firme, tentando transmitir a ele alguma sensação de segurança. Eu olhei para Giovanna, que estava perdida em seus próprios pensamentos, provavelmente se perguntando se conseguiríamos escapar dessa vez. Não era apenas sobre nós. Estávamos todas nessa juntos, e eu precisava ser forte por ela, por Rosa... e até por Leo.

Eu só queria que Luca chegasse. Ele prometeu que tudo ficaria bem, mas enquanto o tempo passava, minha confiança estava começando a desaparecer.

Leo começou a se mexer no meu colo, inicialmente inquieto, e em questão de segundos, soltou um latido agudo que fez meu coração parar por um momento. Imediatamente, eu e Giovanna nos entreolhamos, o pânico estampado em nossos rostos.

_Leo, por favor... — sussurrei desesperada, tentando segurá-lo firme e acariciar seu pelo, esperando que o gesto o acalmasse. Mas ele parecia sentir o perigo tanto quanto nós, e quanto mais tentávamos fazê-lo parar, mais ele se agitava, emitindo pequenos latidos.

_Leo, calma, bebê... — Giovanna sussurrava, olhando ao redor da pequena sala, como se tentasse encontrar uma solução para o inevitável. Rosa olhava para nós duas, os olhos arregalados, e começou a fazer gestos frenéticos para que o mantivéssemos quieto. O silêncio da sala secreta parecia amplificar cada som que ele fazia, aumentando ainda mais o nosso desespero.

E então, o que mais temíamos aconteceu. Ouvi passos. Pesados, firmes, vindo de fora da parede. Meu coração começou a bater tão forte que eu achava que quem estivesse lá fora seria capaz de ouvir. Os passos ficaram mais próximos, ecoando nos corredores da mansão.

_Helena... — Giovanna sussurrou, seus olhos agora cheios de medo, enquanto ela tentava cobrir a boca de Leo com as mãos, mas era tarde demais. Ele já havia latido o suficiente para chamar a atenção de quem quer que estivesse do lado de fora.

Prendemos a respiração quando os passos pararam exatamente na frente da parede onde estávamos escondidas. Eu podia sentir a tensão no ar, como se estivéssemos à beira de um colapso. O silêncio que se seguiu foi mais assustador do que o som dos tiros lá fora.
Rosa começou a rezar baixinho, murmurando palavras de proteção, enquanto eu tentava pensar em uma saída, mas não havia nenhuma. A única coisa que nos separava de seja lá quem estivesse do outro lado era aquela parede fina. E com Leo inquieto, latindo e se mexendo, seria uma questão de tempo até sermos descobertas.