Capíulo V

206 21 3
                                    

HELENA DUARTE

A dor e o pânico se misturavam enquanto eu tentava desesperadamente escapar da situação. A fúria de Matteo parecia ser uma força indomável, e eu me sentia completamente impotente. Quando ele me puxou pelo braço e me levantou da poltrona, a sensação de terror se intensificou. O tapa em meu rosto foi um choque brutal, e um grito involuntário escapuliu dos meus lábios. A dor era intensa, mas o medo e a vergonha eram ainda piores.

Enquanto ele me arrastava para a cama, o desespero tomou conta de mim. Meus movimentos eram frenéticos, tentando me desvencilhar de suas mãos implacáveis, mas ele era muito mais forte. Sentia a pressão de seu corpo sobre o meu, seus braços me aprisionando com uma força que parecia impossível de superar. O pânico me envolvia, e eu me sentia como se estivesse afundando em um pesadelo do qual não havia escape.

Quando finalmente me deitei sobre seu colo, a sensação de derrota era esmagadora. Ele me segurava com uma força que me impedia de me mover, e eu estava completamente à mercê de sua vontade. As lágrimas continuavam a rolar pelo meu rosto, misturadas com os soluços incontroláveis. A impotência que eu sentia era paralisante.

A Dra. Morelli estava ao meu lado, preparando o material com uma precisão clínica que só acentuava a frieza da situação. O ambiente ao redor estava carregado de uma tensão palpável, e o som dos meus soluços e do choro eram os únicos que quebravam o silêncio opressor. Eu olhava para a médica com uma súplica silenciosa, mas sabia, no fundo, que não havia muita esperança de que alguém intervisse.

Meus pensamentos giravam em torno de uma única pergunta: como eu havia chegado a esse ponto? As lembranças dos abusos anteriores se misturavam com a brutalidade atual, e eu me questionava se algum dia teria a força para superar toda essa dor. A sensação de estar completamente sob o controle de Matteo, sem qualquer possibilidade de resistência, era um tormento psicológico que parecia não ter fim.

_Por favor, Matteo, eu não quero, vai doer. — A voz me saiu em um lamento quase inaudível, a súplica misturada com o desespero e a antecipação da dor.

Eu sabia como funcionava a colocação do implante anticoncepcional. Tinha ouvido falar o suficiente sobre o procedimento para temer a agonia que se aproximava. Cada pensamento sobre a necessidade de suportar aquela dor, combinada com o medo e a sensação de total vulnerabilidade, só agravava meu sofrimento.

A sensação de estar deitada sobre o colo de Matteo, com seu peso pressionando-me, fazia o ambiente ainda mais opressor. A ideia de que ele estava observando cada passo do procedimento não fazia com que eu me sentisse mais segura. Pelo contrário, sua presença apenas ampliava o sentimento de terror e impotência que me dominava.

Eu tentava focar em qualquer pensamento que pudesse me distrair, mas era em vão. O medo da dor e a sensação de que estava completamente sem controle sobre meu próprio corpo consumiam minha mente. A pressão da situação, a frieza clínica da médica e a presença constante de Matteo tornavam a experiência ainda mais insuportável.

A Dra. Morelli, com seu olhar impassível, deu um sinal para o início do procedimento. A minha voz, entrecortada pelo medo e pela dor iminente, tentava de todas as formas escapar daquela situação insuportável.

_Não, Matteo, por favor, me solta. Eu não quero, vai doer. — implorei, meus olhos se enchendo de lágrimas enquanto minha voz se quebrava em soluços desesperados.

_Pare com isso, Helena, vai ser rápido. — Matteo tentou me acalmar, mas a frieza em sua voz não oferecia nenhum consolo.

Ele pegou meu braço com firmeza, posicionando-o para o procedimento. A Dra. Morelli se aproximou. Eu sentia o meu coração bater freneticamente enquanto observava cada movimento dela, tentando, sem sucesso, afastar a ansiedade que se instalava.

Sussurros na escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora