CONFISSÃO

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VINCENT FONTANA GONZÁLEZ

Estava no corredor em frente ao escritório de meu pai, andando de um lado para o outro.

Eu estou fodido.

A preocupação estava estampada em meu rosto, e estava tentando reunir um pingo de coragem para o que estava prestes a fazer.

Para os que conhecem meu pai, ele não é  o tipo mais tranquilo, Eduardo sabe muito bem disso, penso rindo, um riso que desaparece sabendo que posso ser o proximo a correr dele.

Meus pensamentos eram um turbilhão de dúvidas e um diálogo interno que o fazia rir e se preocupar ao mesmo tempo.

Puta que pariu.

-Ótimo, Vincent-  murmurei para eu mesmo, - agora você vai lá e diz ao seu pai que será o álibi de Geórgia. É uma ideia brilhante... brilhante no sentido de que provavelmente vai resultar em você sendo deserdado. - penso novamente e a coragem começar a sumir aos poucos.

Paro, imaginando o pior cenário possível.

- Imagina só, o velho vai me olhar com aquele olhar de ‘eu te disse que isso ia dar errado’, e eu vou sair rolando pela janela do escritório. - digo para mim mesmo fazendo careta - A última coisa que vou ver é o chão se aproximando - sussurro desolado.

Depois de um último suspiro, tomo coragem e me dirigo ao escritório do meu pai.

Seguro a maçaneta e com um suspiro alto a mecho abrindo a porta.

Levanto o olhar e encontrou o meu pai, na pior forma que podia, em uma reunião com Eduardo, meu cunhado, e Luiz, o guarda-costas dele metido a comediante, reunidos em uma conversa séria.

- mas que porra - falo baixo mas eles escutam, ah sério que logo  eles tinham que estar aqui.

Quando me escutaram, Eduardo e Luiz olharam para mim, surpresos.

-Ah, olha quem chegou. - Eduardo diz.

- E Eu estava prestes a ir embora - o respondo tentando esconder seu nervosismo e planejando sair daquela sala.

-Não se mova, Vincent - meu pai ordenou com um tom autoritário. -Sente-se e diga o que tem para falar - fala e quero me sumir daqui.

Mas que merda!.

Posso negar uma ordem de meu pai ? Bom NAO.

Entao o que me resta e ir em direcao da poltrana que ele indicou.

Vou engolindo em seco, tomando coragem e começando a falar.

- bom pai eu nao sei como falar isso - digo nervoso e vejo os dois patetas do lado comecando a rir, conhecendo bem Eduardo, ele ja deve ter falado com Giovanni e ja sabe de tudo, esta apenas aproveitando o momento. - bom é  que eu meio que ...

- chega de enrolar e fala logo Vincent- meu pai diz alto.

- Pai, eu... eu me ofereci para ser o álibi de Geórgia- digo escondendo o quase sequestro que Giovanni fez.

O escritório caiu em um silêncio absoluto. Eduardo e Luiz se entreolharam, o choque visível em seus rostos. Então, não conseguindo conter a surpresa, Eduardo começou a rir descontroladamente, seguido por Luiz, que se juntou à risada.

- Você está ferrado, Vincent! Literalmente ferrado!- Eduardo conseguiu dizer entre risos.

-É, e a diversão só está começando!- Luiz adicionou, ainda rindo.

Eu os olhos como se fosse os matar ali mesmo.

O  meu pai apenas permaneceu em silêncio, sua expressão neutra e difícil de ler, o que esta me deixando mais apavorado.

O som da sala era completa apenas por piadas dos dois agregados, Finalmente, depois de um momento de risadas e piadas sobre o quanto  eu estava encrencado, ele fez um gesto com a mão para que Eduardo e Luiz se retirassem.

- é cunhado foi bom te conhecer - diz apertando meu ombro antes de sair e eu só o olho com raiva.

- lembre-se de mim querido amigo seja onde for para- Luiz grita da porta, que ao se fechar tem a sala transformada em um completo silêncio.

Encaro meu pai que me olha firme.

Quando penso em falar algo, meu pai de olha para mim com um olhar penetrante.

-O que está acontecendo, Vincent? - pergunta em nervoso - Você está louco? Por que aceitou isso?

Senti um pouco mais calmo agora que estavam a sós, e vi em seu olhar um possível espancamento, mas nao um assassinato.

-Eu já me ofereci para ajudar. Giovanni está vindo com Geórgia para o México. Eles precisam de um álibi, e eu... eu sou a única opção - explico

Seu pai o observou com um olhar severo.

- você está louco Vincent, com sua posição no mundo do crime, se envolve em um perigo desse - diz e permaneço quieto. - Você se meteu em uma situação que não pode controlar, e quer que eu aceite isso? Isso é um desastre. E se algo der errado, você é quem vai pagar o preço, além de todos nós juntos - diz e engulo seco.

- vocês não vão se eu pegar a culpa toda para mim. Se algo der errado - o olhar lançado por meu pai depois do que disse me fez abaixar a cabeça, um misto de vergonha e determinação em meu olhar.

-Eu já entrei nessa encrenca, e estou assumindo a responsabilidade. Se vou estar nisso, vou fazer tudo o que puder para resolver. Giovanni vai chegar com Geórgia em breve. Se você não aceitar, isso pode acabar mal para todos nós.- tomo coragem em falar isso, já estou mesmo fudido.

Meu pai  respirou fundo, seus olhos ainda fixos em mim.

- nao acredito nisso - fala passando as mãos pelo cabelo - você vai resolver isso - fala e eu engulo -  Certo. Já que você decidiu entrar nessa bagunça, faça com que funcione. E faça direito. Não me faça arrepender de ter deixado você nessa posição - diz e não sei se isso me alivia ou me deixa mais tenso por ter que fazer isso da certo.

Giovanni,  Giovanni eu te mato.

Assenti, aliviado por ter a aprovação, mas ciente da pressão que estava por vir.

- Vou fazer o que for necessário, pai. Vou garantir que tudo dê certo.- falo firme.

- eu realmente espero que faça- diz cansado e me da um aceno de cabeça, indicando que a conversa estava encerrada.

Sabendo que ele quer apenas um momento para pensar no que fiz e raciocinar melhor, eu me levanto, sentindo a responsabilidade e o peso das palavras de seu pai. Agora, a missão era clara: fazer o plano funcionar e garantir que Geórgia tivesse a chance que precisava, independentemente dos desafios que ele enfrentaria.

Com tudo isso eu espero que Giovanni esteja pronto para ficar falido, porque isso vai custar muito caro pra ele.

O HERDEIRO - 2° Geração ( HERDEIROS FONTANA) - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora