AMIGA?

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GEÓRGIA

O clube de tiro estava quase vazio, exceto por alguns membros habituais que praticavam com determinação.

Admirei que seu passeio fosse aqui já que mencionou sair para salões.

Mas ele me disse que aquilo era para despistar a putinha do melhor amigo de Vincent.

Confesso que assustei ao escutar isso, mas depois percebi a grande amizade deles.

Nos duas entramos na atmosfera reverberava do ambiente com o som seco dos tiros e o cheiro de pólvora.

Cecília, com sua postura elegante e confiante, me observava preparar minhas armas com precisão.

Eu por minha vez, estava com o foco absoluto, mas não pude deixar de notar o sorriso simpático de Cecília, que contrastava com a seriedade do ambiente.

— Você parece ter um talento natural para isso — comentou Cecília, enquanto pegava sua própria arma e se preparava para o próximo round de tiros.

Lancei um olhar desconfiado, mas com um leve sorriso de agradecimento.

— Treinamento e prática. Sempre - disse simples a vendo sorrir de lado.

— Sim, eu entendo — respondeu Cecília, ajustando a mira com uma destreza quase automática. — Mas deve haver algo mais. Eu sempre fui fascinada por pessoas que conseguem manter a calma sob pressão.

Arquiei uma sobrancelha, intrigada, enquanto ajustava a arma, mas não pude evitar de sorrir, ela me fazia sentir confortável, como uma amiga.

— Você está aqui para praticar ou para um interrogatório disfarçado? - tentei a alfinetar um pouco e percebi que ela adorou minha açãom

Cecília riu suavemente, sem perder o ritmo.

— Apenas curiosa. Afinal, estamos todos no mesmo "negócio", não é? E já que você está aqui... podemos conversar um pouco.  - fala e eu concordo, ela deixa tão facil, que pela primeira vez notei que abri para conversar com alguém naturalmente, a conhecendo a pouquíssimo tempo.

Com um gesto amigável, Cecília apontou para o alvo e esperou Geórgia se posicionar.

— Então, Geórgia, há rumores por aí sobre você e Vincent. Ele sempre foi reservado, mas você parece... diferente.

Franzi a testa, um misto de surpresa e curiosidade visível.

A cada tiro, Cecília mantinha a conversa fluida e casual, seu tom meigo contrastando com a precisão das balas que atingiam o alvo.

— Não sabia que você estava tão interessada na minha vida pessoal — respondi, tentando manter a conversa leve.

— Não é bem isso — disse Cecília, lançando um olhar que transmitia uma gentileza genuína. — Apenas me pergunto se há algo mais entre vocês. Você parece se preocupar com ele, e ele muito com você e sabe isso é raro, com alguem fora da família.

Hesitei por um momento, meus olhos fixos no alvo enquanto ajustava a arma, mas nao pude deixar de sentir algo aquecer meu peito com o relato da preocupação dele.

— Vincent é... diferente para mim. Não é um caso passageiro, ele só me ajuda, não vamos ter nada. - falo como se tivesse que deixar claro que não quero atrapalhar a vida dele.

Cecília me observou com uma atenção cuidadosa, notando como meus olhos relaxavam conforme a conversa avançava.

Cecília não era apenas uma perita com as armas, mas também uma boa ouvinte, e isso fazia com que eu me sentisse mais à vontade.

— Eu compreendo — disse Cecília, com um sorriso encorajador. — É difícil encontrar alguém em quem confiar, especialmente no nosso mundo. - ela diz e eu concordo.

- mas não é porque é meu irmão, mas eu botaria a minha mão, cabeça e corpo por ele no fogo - diz me encarando e eu engulo seco - ele não é aqueles meninos de meia palavra - continua- quando quer algo Geórgia, ele corre atrás para conquistar- diz e sorri para mim - e faz da certo.

O tempo passou rapidamente enquanto nos continuavamos a conversar e a atirar.

As balas ricocheteavam contra o alvo, e a conversa se desenrolava com uma naturalidade que parecia desarmar as barreiras entre nós duas.

Quando finalmente Cecília olhou para o relógio, notou que o dia estava se encerrando.

— Está anoitecendo — comentou ela, enquanto se dirigiam para guardar as armas. — Precisamos ir embora.

Concordei, um pouco relutante em deixar o ambiente que tinha se tornado inesperadamente confortável, fazia muito tempo que não me sentia tão bem com alguém, sentia familiaridade.

— Obrigada por hoje, Cecília. Foi bom conversar - agradeci sinceramente.

Cecília sorriu, com seus olhos brilhando com uma sinceridade calorosa.

— Sempre que precisar, pode contar comigo. Não importa o que seja. - me entrega um número em um papel o deixando dentro de minha mão.

Com um último sorriso, saiu do clube de tiro a acompanhando ate o carro.

Ela dirigiu  para casa de Vincent,  continuando assunto aleatórios de moda.

O dia havia sido incríveis e eu temia minha reacao ao ver Vincent.

Ao entrar em casa, tranquei tudo caminhando ate a sala que fica ao lado da escada que leva ao quarto.

Encontro Vincent deitado no sofá, olhando para a TV com uma expressão relaxada.

Ele parecia tão sereno e atraente.

Me aproximo e vejo que na verdade esta adormecido.

Não pude evitar morder o lábio, admirando-o por um momento, ele havia dispertado algo que nunca havia sentido.

Sentindo um impulso de se aproximar dele, decidi que precisava de um tempo sozinha para processar seus sentimentos.

Caminhei até o quarto e me sentei na cama, olhei para o closet onde mantinha minhas drogas escondidas.

Por um instante, sentiu a tentação familiar, mas então lembrei da conversa com Cecília e da sensação de conforto que tinha experimentado.

— Hoje não — murmurei para eu mesma, com uma determinação renovada. — Graças a Cecília, eu não preciso disso, pelo menos não Hoje.

Com um suspiro profundo e um sentimento de alívio, me levantei e fui ao banheiro tomar um banho rápido, me preparei para descansar.

Minha mente agora estava mais tranquila do que tinha estado há algum tempo.

O HERDEIRO - 2° Geração ( HERDEIROS FONTANA) - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora