NO ESCURO

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GEÓRGIA

Em um pulo pequeno acordo assustada.

Olho no relógio da cabeceira da cama onde estou dormindo com Vincent e ja marcava duas da manhã.

Sobressaltada sentia o suor escorrer por meu rosto, e minha respiração ficar ofegante, enquanto meu coração disparava, batendo em um ritmo frenético.

Sento na cama, e respiro fundo,  olho a escuridão do quarto,  e me mexo na cama tentando disfarçar o tormento que a consumia.

Observo Vincent que dormia tranquilamente ao meu lado, seu corpo relaxado.

Tínhamos passado dias ótimos juntos. Mas aquele tormento que eu sempre sentia não queria me abandonar.

Com um movimento furtivo, me levantei, tentando não fazer barulho.

A necessidade do que eu nao queria mais, me puxava com força, um desejo avassalador que infelizmente eu não conseguia ignorar.

Olho para Vincent confirmando que estava dormindo ainda em um sono profundo e começo a caminhar.

Ao entrar no closet, minhas mãos tremiam enquanto vasculhava as prateleiras.

- Onde está? - resmungo, com um nó se formando em seu estômago.

- onde meerda - falo mais alto enquanto puxo as coisas, os itens ali estavam dispostos de maneira caótica, mas nada que pudesse aliviar minha angústia.

O desespero começou a tomar conta de mim.

- porra - puxo uma gaveta que cai, mas meu desespero é tao grande que nao ligo.

Puxo derrubando roupas, sapatos, acessórios, tudo em busca de minha única salvação.

O som de tecido rasgando e objetos caindo ecoou no quarto silencioso.

— Geórgia? O que está acontecendo? — vincent entrou no comodo perguntando, com sua voz sonolenta misturada a uma preocupação crescente, e seu olhar fixo em mim.

Parei abruptamente, o olhar desesperado se fixando nele.

— Alguém entrou no seu apartamento! —  exclamei, tentando me manter firme. — Eu não consigo encontrar...  - paro por um instante  - algo meu! - continuo...

Vincent se aproximou, preocupado, me observava atentamente com a posição ereta, eu remexendo em tudo no closet.

— Geórgia... — Ele hesitou antes de continuar. — Geórgia...

- que - grito e em um momento o silêncio sobressai.

- peguei e joguei fora - ele fala e fico em choque por um momento.

Olhei para ele, a raiva subindo como uma onda.

— O que você fez? — minha voz tremia. — Como você pôde fazer isso? É a minha vida! - grito me levantando.

— Eu não vou deixar você se afundar nisso! — Vincent respondeu, firme um pouco mais alto. — Eu gosto de você, e você está se destruindo!

Respiro fundo tentando nao surtar enquanto sento uma indignação explodir dentro de mim.

— Você não tem o direito de decidir isso por mim! A minha vida é minha! Você não sabe o que está fazendo!  - falo o encarando e sentindo meu corpo querer colapsar, eu preciso das drogas.

Vincent me encarou, o olhar determinado.

— Você acha que isso é vida? Você está se matando, Geórgia!- grita -  E eu não vou ficar aqui de braços cruzados enquanto você se destrói! - me encara com um olhar determinado.

— Isso não é da sua conta! — grito, com lágrimas de frustração escorrendo por meu rosto. — Você não entende nada!

— Então me explique! — ele disse, elevando a voz — Me diga como isso é bom para você! - continua.

Olho para ele, a raiva vai se misturando com a dor.

— Eu vou embora! — declaro, decidida.

Vincent avançou, segurando meu braço com firmeza.

— Você não vai sair! - Diz firme - Só sairá daqui por cima do meu cadáver!

Um silêncio tenso se instalou entre nos, a tensão palpável.

O meu coração disparava, mas, por um momento, fiquei paralisada, sem saber como reagir.

— Por favor... — ele implorou, seus olhos fixos nos dela. — Deixe-me ajudar, com sua outra mão segurou a lateral de meu rosto.

O olhava incrédula, eu não sei o que fazer.

— ninguem pode me ajudar - sussurro.

- O que você quer dizer? — seu tom se suavizou, mas a desconfiança ainda estava lá.

- já estou no fundo do poço Vincent - falo sentindo as lágrimas cair- só você que não quer enxergar.

Falo e sinto ele acariciar meu rosto.

Vincent se ajoelhou no chão, seus olhos transbordando sinceridade, e os meus de lágrimas com o que ele estava fazendo.

- ME DEIXA IR - Falo alto chorando.

— Estou aqui para você, Geórgia. Você não precisa passar por isso sozinha. Deixe-me ajudar, por favor. - fala abraçando minha cintura.

Senti tomada por um turbilhão de emoções.

O que ele estava fazendo era inesperado, e por um breve momento, minhas defesas começaram a ruir, me fazendo chorar descontroladamente.

— Você não sabe o que isso significa... — murmurei, com a voz quebrada.

— Sei que é difícil, mas você não precisa enfrentar isso sozinha. — Ele se aproximou, me abraçando e acariciando  com sua mão suavemente. — Eu estou aqui, por vocês-  diz me olhando nos olhos-  Você importa para mim Geórgia.

As palavras dele penetraram com resistência.

Sentiu algo mudar dentro de mim. A sensação de estar sozinha me abandonou, mesmo que temporariamente.

— Eu... eu não sei se consigo — disse, a vulnerabilidade à flor da minha pele.

— Você pode, Geórgia. - fala se levantando e ficando novamente de pé em minha frente segurando meu rosto- Dê um passo de cada vez.  - sussurra colando nossas testas - Eu estarei ao seu lado.

As lágrimas escorriam por meu rosto enquanto ele olhava para mim.

A força dele, a determinação em seus olhos, me faziam sentir segura de uma forma que não me sentia há muito tempo.

- por favor Geórgia  - sussurra com os olhos fechados e eu os fecho também sentindo a sensação de segurança que ele me proporciona.

— Ok... — disse finalmente, com minha voz quase em um sussurro. — Eu deixo você ajudar.

Vincent sorriu, me abraçando forte, me deixando confortável em seu abraço.

Sela então com um selinho me fazendo olhar fixo em seus olhos.

— Vamos fazer isso juntos, vamos fazer dar certo.

Aceno em confirmação e ele me puxa para um abraço apertado.

Me fazendo ter uma sensação que nunca tive na vida, mas que gostaria de ter com ele todos os dias.

O HERDEIRO - 2° Geração ( HERDEIROS FONTANA) - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora