ERRADO

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GEÓRGIA

- NAO - resmungo ao me virar para todos os lados nesta cama pela decima vez.

Acordei com uma sensação de fraqueza.

- sabia que uma hora ficaria assim - sussurro para mim em desespero.

O primeiro sinal era o suor frio na testa e o tremor nas mãos.

Meu corpo estava clamando por algo que ela tentava desesperadamente ignorar, mas sabia que nao iria consegui agora, como ja nao conseguia nas outras tentativas.

O peso da noite anterior ainda estava presente, mas eu precisava disfarçar, manter a compostura.

Levantei da cama com movimentos lentos e calculados, tentando evitar qualquer estalo ou barulho que pudesse chamar a atenção.

No meio da penumbra do quarto, me dirigi ao closet, sabia que isso iria me destruir e muito, mas eu não conseguia parar.

As roupas estavam empilhadas desordenadamente, e a bolsa estava jogada em um canto, onde eu pensei calculadamente que Vincent nao iria mexer.

Com mãos trêmulas, a peguei, abrindo-a com dificuldade.

Dentro, envolto em um pequeno pacote de papel, estava um pouco do pó que ela precisava para se sentir normal novamente.

Fiz o que podia para manter a respiração calma, e em um puxar bem rápido na substância que estava em meu cartão, senti um alívio imediato enquanto o efeito começava a tomar conta do seu corpo.

Com um novo sopro de energia, consigo sentir voltar ao normal, sem o frio, sem as dores, sem a tristeza.

Me levanto guardando tudo rapido antes que alguem suba.

Vou em direção ao banheiro e escovo os dentes e tomo um banho rápido a seguir.

Ao sair me arrumo e me olho no espelho tentando recuperar a clareza mental.

O vapor quente da água foi um pequeno consolo, e ja estava me esforçando para manter a mente centrada, apesar das lembranças dolorosas que passavam por minha cabeça.

Quando finalmente desci para a cozinha, esperando encontrar ninguém,  avisto Vincent que estava na frente do fogão cozinhando algo que parecia estar muito bom.

Preparando café da manhã.

Ele estava em sua rotina habitual, mexendo uma panela e verificando o aroma do café que se espalhava pelo ar.

Observo aquilo por um momento, não imaginava ele ser o tipo que cozinha e faz coisas normais, ele tem varias coisas para comandar, inumeras coisas e pessoas para fazer tudo para ele, e mesmo assim insiste em ter algo normal.

- o cheiro esta bom ne - assusto quando ele fala comigo antes mesmo de ele se virar, já notando a minha presença.

- Bom dia,- digo a  Vincent, forçando um sorriso ao vê-lo. Seus olhos, no entanto, teve uma mudança brusca ao encontrar os meus.

Não sabia ao que referia, mas não  escondiam a preocupação.

- Bom dia, Geórgia - respondeu, tentando soar o mais natural possível.

Mas seu ar animado, estava agora observador e quieto.

Sentou-se à mesa, colocando a comida.

Fiz o mesmo mais abaixando meu olhar tentando evitar o olhar atento de Vincent, pois tenho certeza que uma hora ele desconfiara se eu não tomar cuidado.

-Você parece um pouco... diferente hoje. Está tudo bem? - Vincent perguntou, sua voz suave mas com um tom de preocupação genuína.

Tento desviar o olhar.

O HERDEIRO - 2° Geração ( HERDEIROS FONTANA) - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora