Obsessed - Quando estou apaixonada por você (Série perfumes Vol.3)

08 - Ultimato

A declaração dela na primeira frase foi como pular direto para o clímax sem nenhuma introdução. Engoli minha comida com dificuldade, começando a hesitar se eu realmente queria saber ou não. Mas a curiosidade me trouxe a esse ponto, e não havia como voltar atrás agora.

Eu sempre me lembro... O passado não importa. O presente é o melhor, e eu gosto de quem ela é agora.

— Você quer ouvir mais?

— Nós chegamos até aqui, o que significa que você está disposta a me contar. Então, o que acontece depois?

— Você é tão curioso — Ela provocou, cutucando minha bochecha. — Bem, não tem muito a ver. Nós nos casamos, e depois de um tempo, ele morreu. Seus bens se tornaram meus. Fim.

— Você não pode simplesmente chegar ao clímax e terminar a história assim. No mínimo, tem que haver alguma história para eu contar. O motivo pelo qual você se casou, como você se sentiu depois de se casar com ele e o que aconteceu depois que ele morreu.

— É uma tragédia. Quanto mais eu conto, mais melodramático fica. Mas se você quiser ouvir, eu te conto. Depois de ouvir, você pode me julgar como quiser.

Ela juntou as mãos e apoiou o queixo nelas, como se estivesse começando a relembrar o passado. Ela continuou sua história como se tivesse acontecido ontem. Eu escutei atentamente enquanto dava mordidas na minha comida.

— O nome dela era Ann, uma jovem bonita cujos pais depositaram todas as suas esperanças nela, acreditando que um dia ela traria riqueza e fortuna para a família. Mas como é típico no campo, eles esperavam que ela se casasse com alguém rico em vez de trabalhar para isso ela mesma porque isso levaria muito tempo. Eventualmente, um homem mais velho e rico da área gostou da filha deles, Ann.

Sim, era ela.

Ela sabia desde o começo que não gostava de homens, então ela se opôs fortemente a ser forçada a um casamento apenas por um dote.  Mas ela não podia ir contra a vontade dos pais. As discussões aumentaram a ponto de ela dizer aos pais que esta seria a primeira e última vez que ela retribuiria a gentileza deles. Seus pais ouviram pela metade, contanto que a filha concordasse com o casamento, era o suficiente. Então, ela decidiu se casar com um homem mais velho que o pai e viver com ele, apesar da família dele não gostar muito dela.

 — Mas ela não se importou.

— Para ser honesta, eu estava mais interessada nas filhas do velho do que nele. Muitas vezes, elas tentaram me seduzir e até tentaram entrar furtivamente no meu quarto, mas... bem, o clima não estava bom.

Ela brincou e continuou a história, descrevendo como era compartilhar uma vida com um homem tão velho quanto seu pai. Isso a fazia sentir náuseas todos os dias, mas ela tinha que suportar.  O cheiro da velhice, sua impotência e sua saúde em declínio — tudo isso a deixava cada vez mais frustrada porque ela nunca conseguia se divertir de verdade.

— Eu até pensei em colocar herbicida na comida dele para que ele simplesmente morresse.

‘’...’’

— Eu queria acabar logo com isso, mas não fiz isso."

Nesse ponto da história, olhei desconfiada para a tigela de sopa clara na minha frente. Ela riu quando me viu segurando meu garfo com força e bagunçou meu cabelo de brincadeira.

— Não tem herbicida nisso. Você pode comer.

— Eu não disse nada.

— Seus olhos te denunciam.