20º-Amor

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Apenas tinha visto aquela mulher em fotos, mas tinha a certeza quem ela era. O seu cabelo loiro perfeitamente liso, a sua maquilhagem que a fazia parecer uns anos mais nova, o seu corpo de modelo e a sua manicure sem nenhum erro faziam-me encolher nas minhas roupas largas.
-Mary, certo?- perguntou ela examinando-me de cima a baixo.
-Sim! E você é a mãe do Niall!- ela acentiu e eu dei-lhe licença para entrar em casa não compreendendo o motivo para ela estar aqui.
Os seus tacões faziam com que o seu corpo fosse mais alto que o meu alguns centimetros e eu percebi que ela gostava disso, dava-lhe um ar mais superior.
-Mary, quem é?- a minha colega de casa entrou na sala e começou a examinar a nossa convidada inesperada.
-A mãe do Niall!- respondi não tirando os olhos da mulher loira que olhava à sua volta.
Claire acabou por abandonar a sala depois de eu lhe ter assegurado que estava tudo bem e, finalmente, a mãe de Niall olhou para mim,
-Então tu és a puta com quem o meu filho dormiu.- o seu olhar parou na minha barriga mas continuou por todo o meu corpo como se não tivesse reparado.
-Que quer?- perguntei juntando toda a coragem presente no meu corpo.
-Que te afastes do meu filho.- respondeu.
-Pode ficar descançada, não pretendo ver o Niall nunca mais.- as palavras magoavam o meu corpo todo, mas eu tinha de as cumprir. Niall estava melhor sem mim e sem este filho.
-Ainda bem! Espero que isso não vá ser um problema.- apontou para a minha barriga como se "isso" não fosse seu neto e eu coloquei os meus braços à volta desta como a protege-lo daquela mulher maquiavelica.
-Não vai ser!- prometi.
A mulher acabou por ir embora e eu sentei-me no sofá deixando as lágrimas cairem. Ás vezes desejava nunca ter conhecido Niall, talvez a minha vida fosse mais fácil, mas lembrando me de todos os momentos bons, lembrando me do bebe que carrego esses pensamentos evaporam-se, porque por muito que esteja a ser mau estar longe dele eu fui feliz. Muito feliz. E eu ainda estou feliz, porque mesmo não o tendo a ele eu teria esta pequena criança como prova do nosso amor.
-Estás bem?- Claire sentou-se ao meu lado e puxou-me para um abraço esfrengando-me as costas em consolo.
-Já amas-te tanto alguem que ouvir o nome dele doia? Que o teu coração disparava quando vias uma foto dele? Que a tuas barriga se enchia de borboletas quando ouvias a voz dele? Que ve-lo com outra mulher, mesmo sendo só a falar, fazia o teu coração apertar pelos ciumes?- perguntei separando-me dela para a poder encarar.
Ela negou com a cabeça e levantei-me do sofá caminhando até à janela.
-Quando eu estava com o Niall eu podia sentir toda a felicidade do mundo dentro de mim. Eu dava por mim a sorrir feita maluca para uma parede por causa de uma simples mensagem dele ou por memorias dos nossos momentos. Uma vez tirei-lhe uma foto enquanto ele dormia e costumo adormecer a olha-la. Quando eu estava com ele eu sabia que ele nunca seria todo meu, havia a sua familia, a mulher, mas eu não me importava. Aquele bocadinho que eu tinha dele chegava-me. E eu perdi-o. Aquele bocadinho que eu tinha dele foi embora.- parei um pouco enquanto via os carros a passar na estrada, as pessoas a caminhar pelos passeios cheios de pressa esquecendo-se que a vida acaba e que quando acabar eles caminharam tão rápido que não aproveitaram todas as coisas boas à sua volta.- Sabes o que ele me disse uma vez? Que quando duas pessoas estão destinadas a ficar juntas, elas ficam. Não importa onde ou quando elas simplesmente ficam.- dei uma falsa gargalhada lembrando me daquelas palavras vindas da sua boca e das suas lágrimas.- Talvez nós não estivessemos destinados. Ou talvez nem se quer exista destino.

Prostituta// N.H.Onde histórias criam vida. Descubra agora