Capítulo 36 - Ela Não Tentou

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OS BATIMENTOS CARDÍACOS DE CAMILA estavam enlouquecidos, as pontas dos dedos

fervendo de tanto oxigênio. Por um segundo, nada parecia real – o pedido para que Lauren ficasse, a decisão de contar à melhor amiga que ela talvez, quem sabe, provavelmente estava apaixonada por sua irmã postiça distante, e agora isso.

Astrid olhava para ela boquiaberta, mágoa e raiva irradiando por seu corpo. Dinah estava atrás dela com uma expressão de puta merda no rosto.

– Astrid – disse Camila. – Eu...

– Não – respondeu Astrid, levantando a mão trêmula.

Camila soltou um suspiro e se levantou. Sua camiseta estava retorcida, mas ela definitivamente não queria chamar a atenção para suas roupas amarrotadas naquele momento.

– Querida, me deixa explicar.

– Explicar o quê? – perguntou Astrid.

Ela não gritou nem levantou a voz. Camila quase queria que ela fizesse isso, mas seu tom se manteve baixo, exausto. Triste.

– Que você está, o quê? Trepando com a minha irmã e nem se deu ao trabalho de me contar?

– Não, Astrid, eu...

– Então você não está trepando com minha irmã?

Camila piscou várias vezes olhando para a melhor amiga, a vergonha aquecendo seu rosto.

Astrid assentiu.

– Foi o que eu pensei.

– Amiga, que tal ouvir o que ela tem a dizer? – sugeriu Dinah, apertando o ombro de Astrid.

Astrid se virou.

– Você sabia disso?

– Não, ela não sabia – respondeu Camila.

Mas Dinah deu de ombros e disse:

– Eu imaginava.

– O que é que está acontecendo? – perguntou Astrid. – O que mais vocês estão escondendo de mim? Ah, espera, eu já sei que vocês odeiam o Spencer.

– A gente não odeia ele – respondeu Dinah. – Só não achamos que ele seja o cara certo pra você. Você merece coisa melhor. A gente queria conversar com você sobre isso, mas não sabia como. E, no decorrer da semana, Camila, Lauren e eu imaginamos que se a gente conseguisse fazer você parar pra pensar em...

– Espera aí – pediu Astrid, levantando o dedo trêmulo no ar. – Você, Camila e Lauren?

Dinah abriu a boca, depois fechou os olhos. Aquilo era um desastre. Nada estava indo bem. Camila não sabia como explicar as coisas, as palavras se emaranhavam em sua língua.

– Ela estava com a gente o tempo todo – Camila finalmente conseguiu dizer. – E ela... bom... ela é...

– Eu sou boa em estragar tudo – disse Lauren em voz baixa.

Parecia que Astrid ia vomitar. Ficou encarando as três, uma de cada vez, mas seu olhar parou em Lauren.

– Eu não acredito nisso. Faz 22 anos que somos irmãs. Vinte e dois anos de você vivendo distante e fazendo cara de não estou nem aí pra mais ninguém além de mim.

– Astrid – disse Camila, a preocupação tomando conta dela ao ver o rosto de Lauren pálido –, espera um pouco.

Mas Astrid a ignorou.

– Vinte e dois anos tentando entender qual era o meu problema, o que eu tinha feito, por que você não me dava uma chance, por que...

– Por que eu não te dava uma chance? – perguntou Lauren, se levantando. – Desde o dia que meu pai morreu, sua mãe deixou bem claro o que eu era nesta família. Uma tutelada. Uma garota sem casa. Uma órfã. Alguém que ela ia alimentar e vestir, só isso. Não alguém da família. Não uma filha.

CAMREN: Ela Não Se ImportaOnde histórias criam vida. Descubra agora