Capítulo 33 - Ninguém Pergunta

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DOIS DIAS DEPOIS, Camila ainda se sentia como se estivesse flutuando em um sonho. Nem sempre era um sonho agradável. Às vezes, mais parecia um pesadelo, envolto em pânico e respiração pesada quando ela se perguntava como é que ia sobreviver àquilo – ao que quer que Lauren e ela estivessem fazendo – sem acabar com o coração partido.

Mas sem dúvida havia momentos de sonho também: a lembrança do beijo de Lauren, do toque, de como ela havia segurado sua mão quando voaram pelo piso de madeira da pista de patinação, rindo, com os olhos brilhando sob o globo espelhado. Nem em um milhão de anos Camila imaginaria andar de patins com Lauren Jauregui, dividir uma fatia enorme de pizza gordurosa, um refrigerante gelado e depois fazer amor em sua cama como se o mundo estivesse acabando.

Porque a sensação era a de que estavam fazendo isso mesmo.

Amor.

Não só sexo pelo sexo.

Desde a noite de segunda-feira, as duas passaram todos os momentos possíveis juntas. Lauren tinha ido embora na manhã seguinte antes que Ruby voltasse para casa, mas passou na livraria depois do almoço, com várias fotos para analisar e editar com Ruby, as duas sentadas nos pufes da seção infantil enquanto Camila trabalhava. Depois ela fez strogonoff de carne e as três jantaram juntas na mesa da cozinha e aquilo pareceu tão natural e certo, que Camila teve que pedir licença e ir ao banheiro no meio da refeição, jogar água no rosto e obrigar as lágrimas repentinas a voltarem para o lugar de onde tinham vindo.

Agora era tarde de quarta-feira e Camila não via Lauren desde a noite anterior. Elas assistiram a um filme com Ruby depois do jantar e trocaram uns beijos depois que a menina foi dormir, mas só isso. Camila não estava muito à vontade com a ideia de dormirem juntas com Ruby em casa, então Lauren voltou à pousada e ela foi para a cama sozinha – e detestou.

Foi uma noite agitada, a mente pensando em milhões de maneiras de dizer a Lauren que ela a queria.

Não teve nenhuma ideia muito boa.

– Ruby, temos que ir! – chamou Camila no corredor.

Ia deixar a filha na casa de Tess para que ela e Dinah pudessem levar Astrid a Portland para uma despedida de solteira, evento pequeno e comportado.

Lauren também ia – pelo menos, era o que Camila esperava –, e Dinah e Camila já tinham decidido conversar com Astrid sobre Spencer.

Esse era outro problema.

– Mãe, não consigo falar com meu pai – disse Ruby, vindo pelo corredor com a mochila, o celular novinho na mão.

Camila finalmente tinha cedido e deixado Ruby ter um celular. Josh a levara para sair no dia anterior e comprara um para ela. Precisava admitir que saber que podia falar com Ruby sempre que quisesse, ainda mais quando a filha estivesse com Josh, diminuía um pouco seu nível de estresse. Todos os controles para pais disponíveis nos smartphones atuais o diminuíam ainda mais.

– Como assim? – perguntou Camila, pendurando a mochila dela no ombro.

– Eu mandei mensagem pra ele umas quatro vezes hoje e ele não respondeu.

– Hum. – Camila pegou o próprio celular e o agitou no ar. – Manda uma mensagem pra mim pra saber se elas estão chegando.

CAMREN: Ela Não Se ImportaOnde histórias criam vida. Descubra agora