Capítulo 2 - Um Telefone

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CAMILA ESVAZIOU A TAÇA DE VINHO pela segunda vez naquela noite e depois a apoiou na mesa de madeira rústica com uma força um tanto exagerada.

– Relaxa – disse Dinah, sentada à sua frente, mexendo a laranja no coquetel de vodca e refrigerante.

– O que você acha que estou tentando fazer? – perguntou Camila, servindo um pouco mais de Syrah em sua taça.

Ela sabia que se arrependeria, porque vinho tinto sempre lhe dava dor de cabeça, mas Ruby ia passar a noite na casa de Josh pela primeira vez depois de dois anos, aí ela dissera a Dinah que queria sair, espairecer, ficar longe de Josh e daquele sorriso implacável que dizia Sou um cara legal! e daqueles olhos castanhos reluzentes.

Então ali estava ela, meio bêbada, na Taverna da Stella, o único bar de Bright Falls, tentando não hiperventilar. O jukebox neon, no canto do salão, tocava uma música country horrível.

– Acho que o álcool não está ajudando – comentou Dinah.

Virou a cabeça e analisou as pessoas. A maioria eram caras jogando sinuca e um bando de universitários que tinham vindo passar o verão em casa.

– É, não está mesmo.

– Quer ir pra outro lugar? – Dinah apertou sua mão. – Podemos voltar pra sua casa e ver um filme.

Camila balançou a cabeça. Estava inquieta, como quando experimentara maconha com Josh no último ano da escola e passara duas horas com o coração a mil. Precisava gastar um pouco de energia e ficar sentada em um sofá bebendo e comendo restos de pizza não ia ajudar em nada.

– Eu só preciso de alguma distração – disse.

Dinah ergueu as sobrancelhas.

– Que tipo de distração?

Sua voz saiu em tom de provocação e Camila sabia exatamente aonde a amiga queria chegar.

Dinah estava sempre lendo romances e era famosa por tentar cultivar finais felizes para as amigas, ainda que só durassem uma noite.

– Tipo...

Dinah fez um gesto com as mãos, instigando Camila a continuar. Camila revirou os olhos, mas sorriu.

– Tá, tá bom. Isso. Esse tipo de distração mesmo.

– É?

– É.

Dinah juntou as mãos, batendo as palmas uma vez, e as esfregou como uma vilã malvada.

– Aí sim! Faz uma eternidade que você não transa com ninguém.

Camila soltou um "Shhh!" e se inclinou para a frente.

– Dá pra ser mais discreta?

– Ser mais discreta não vai te ajudar a pegar ninguém.

– Ah, meu Deus, será que dá pra você...

– Aí, Bright Falls! – disse Dinah, em voz alta, colocando as mãos em volta da boca e se levantando.

Cabeças se viraram em sua direção, as bocas já sorrindo como sempre acontecia quando Dinah Jane erguia a voz.

– Quem aí quer uma chance com essa bela dama que está aqui comigo? Ela está precisando desesperadamente de uma boa trep...

– Ai, meu Deus, Dinah!

Camila puxou a blusinha leve sem mangas da melhor amiga, quase torcendo para ter rasgado a bainha. Dinah se jogou de volta na cadeira enquanto o rosto da outra ardia como se fosse o núcleo do Sol.

CAMREN: Ela Não Se ImportaOnde histórias criam vida. Descubra agora