Capítulo 28 - Termas de Bagby III

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ELA FOI COM MUITA SEDE AO POTE. Deve ter sido isso. Lauren percebeu que na verdade Camila queria conversar sobre elas, sobre o que era aquilo entre elas, embora já tivessem estabelecido que era sexo, sexo e mais sexo. Por que outro motivo teria se afastado daquele jeito, buscando o ar como se Camila a estivesse sufocando? Ela sabia que aquilo era um erro. Camila não era capaz de se relacionar de um jeito casual e agora Lauren estava pirando e percebendo que Camila estava carente de amor e só queria entrar no coração dela e não sair mais de lá.

Mas Camila não queria isso.

Não podia querer.

Aquela era Lauren Jauregui, a irmã postiça da sua melhor amiga que abandonara a família havia doze anos e mal tinha olhado para trás e Camila sabia muito bem como era amar alguém que não podia ficar. Que não queria ficar.

Mas... depois de ouvi-la falar sobre Astrid na noite anterior, dizendo que a relação dela com a irmã não era nada complicada, que Astrid e Isabel simplesmente não a queriam... as palavras pareceram verdadeiras. Não que ela culpasse Astrid. Já tinha perdido o pai e depois um padrasto e Isabel não era o tipo de mãe que distribuía amor com facilidade. Lauren era uma criança esquisita, fria e distante, mas tinha perdido o pai e a mãe antes de completar 10 anos.

Será que isso não deixaria qualquer pessoa estranha, fria e distante?

E agora, adulta, ela não era nada disso. Um pouco arisca, verdade, e espinhosa. Mas algo nela fazia o pulso de Camila acelerar, além do sexo espetacular, mesmo quando estavam só conversando. Lauren era brilhante, engraçada e forte, e Camila queria envolvê-la todinha, inundá-la, ajudar a ocupar aquele olhar assombrado com algo suave e doce.

Camila esfregou os olhos por debaixo dos óculos, tentando reprimir aqueles malditos sentimentos. Sempre quisera ser do tipo de pessoa capaz de ir para a cama com alguém e deixar que fosse só isso – sexo, sensação, pele. Sabia que não havia nada de mau no fato de nunca ter sido assim. Além disso, tivera a filha muito cedo e sempre houve muito em jogo, ou simplesmente não havia tempo suficiente a cada dia, mas era muito divertido ouvir sobre as façanhas de Dinah aos 20 e poucos anos. Até Astrid tivera algumas noites de sexo casual e essas foram apenas as que havia contado para Dinah e Camila.

Você não é do tipo casual, e tudo bem.

As palavras de Dinah daquela noite na Taverna da Stella ecoaram na cabeça de Camila, mas ela ignorou. Podia ser do tipo que quisesse ser, e naquele momento o que a satisfazia era ter Lauren em sua cama. Ajeitou a roupa e endireitou os ombros, determinada a ir com calma com ela dali em diante.

Sexo, disse a si mesma. Pense em sexo, e só.

– O que você está fazendo? – perguntou Dinah ao vê-la sair de trás da barraca de Josh e Ruby.

– Ah, é, só procurando uma garrafa de água que eu possa usar – respondeu ela, olhando ao redor. – Josh sempre traz milhares.

– É, mas a sua garrafa está com a sua mochila – disse Dinah, apontando para a mochila de Camila, encostada na barraca delas, uma garrafa roxa presa em uma das alças.

– É mesmo – respondeu Camila e deixou por isso mesmo. Pegou a garrafa e bebeu um gole da água já morna.

– Muito bem, vamos nessa – chamou Spencer, batendo palmas uma vez como se elas fossem gado.

E deu um tapa na bunda de Astrid quando ela foi em direção à trilha. Deu um sorrisinho para ela, então a envolveu nos braços e a beijou.

Camila ficou olhando, de dentes cerrados, Astrid retribuir o beijo. Mas sua melhor amiga não estava sorrindo e seus braços pareciam rígidos ao redor dos ombros de Spencer, cujas mãos passeavam por sua bunda. Não estava gostando daquilo, nem um pouco, mas nunca tinha sido muito de demonstrar afeto em público. Enquanto muitas mães ensinam boas maneiras, Isabel martelava decência na cabeça da filha.

CAMREN: Ela Não Se ImportaOnde histórias criam vida. Descubra agora