CAMILA AINDA SEGURAVA o braço de Lauren. Não sabia por quê. Disse a si mesma para soltar mais de uma vez, mas estava com medo de que, se soltasse, ela pudesse sair voando para longe, desmoronasse ou ficasse ali perdida, como estivera na entrada.
Ou talvez ela só gostasse de sentir a pele sedosa de Lauren na sua.
A ideia veio como um relâmpago, obrigando Camila a finalmente recolher os dedos depressa, derramando um pouco de champanhe no deque da varanda.
Lauren não pareceu perceber. Ao olhar em volta e beber mais um gole, ela não saiu flutuando nem desmoronou, mas seus olhos continuavam um pouco arregalados. Era fascinante ver aquela mulher ousada e impetuosa parecendo um cervo perdido na floresta.
Camila não entendia muito bem por que, mas queria muito saber e foi exatamente por isso que engoliu todas as suas perguntas com um gole grande demais de champanhe.
– Ô! – chamou Dinah do outro lado da varanda, puxando Grant pelo braço e indo na direção de Camila. – Por que você demorou tanto?
– Demorei uns dez minutos, Dinah.
– O que é tempo demais para me deixar sozinha com essa galera. – Dinah apontou com a taça de champanhe para o grupo requintado.
– Meu Deus, você já viu tanto Louboutin em um lugar só? É sério que nós somos as únicas pessoas normais no círculo da Astrid?
Camila riu.
– Você sabe que sim.
Isabel Parker-Jauregui tinha dinheiro – muito dinheiro. O primeiro marido viera de família rica e, com a morte dele, ela herdara o dinheiro. O segundo marido, pai de Lauren, fora um arquiteto bem-sucedido em Seattle antes de se mudar para Bright Falls, onde abrira um pequeno escritório, que Isabel logo vendera (e provavelmente amaldiçoara) depois da morte dele.
Ela só queria saber de caridades e filantropia, mas Camila sempre teve a impressão de que era mais pelo status, não pela questão de fazer o bem.
Isabel gostava de controle, gostava de beleza e poder e sempre fez questão que Astrid soubesse disso.
Quando Camila conhecera Astrid, a garota se agarrava à mãe, desesperada por afeto e atenção. Camila achava que fazia sentido. O padrasto dela tinha acabado de falecer, Isabel ficara presa no próprio luto e a amiga havia percebido que Astrid estava morrendo de medo de que a mãe também a deixasse.
Mas, conforme os anos foram passando, Isabel dera cada vez mais atenção à filha e quase a sufocara. Camila se lembrava de muitas noites, no ensino médio, que a amiga passara chorando no colo de Dinah, enquanto Camila acariciava suas costas.
Palavras como Eu odeio ela e Por que ela não me deixa em paz? eram gaguejadas entre soluços.
Desde que voltara da faculdade e fora morar sozinha, o relacionamento entre Astrid e Isabel tinha melhorado, mas Camila não diria que as duas eram próximas. Eram civilizadas. Educadas. Ainda assim, percebia aquela expressão nos olhos de Astrid de vez em quando, a necessidade de impressionar, de agradar.
– Pense – disse Dinah, indicando com a taça o grupo de pessoas –, amanhã seremos só nos três, com muito vinho em um spa cinco estrelas.
Ao lado de Camila, Lauren pigarreou.
– Vou tirar umas fotos antes do jantar – falou, antes de ir para um canto mais escuro, deixando a taça em cima de uma mesa por ali e se ajoelhando para pegar a câmera.
– Dinah – disse Camila, batendo no braço da amiga.
–Ai! O que foi?
– Você disse nós três. Lauren também vai.
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CAMREN: Ela Não Se Importa
Fiksi PenggemarADAPTAÇÃO!!! Comédia romântica, que arrancará muitas risadas e suspiros. Retrata, com bom humor, os contratempos das relações amorosas, familiares e de amizade. Capa by @Mari_Oliver8 (Sra. Minha Esposa).