Depois que Astrid deixou Dinah e Camila em casa, Lauren continuou no banco de trás.
– Não sou sua motorista – disse ela, saindo da casa de Camila na Linden Avenue.
Pela janela, Lauren ficou olhando para a casa que era a cara de Camila. Pequena e aconchegante, com uma varanda grande na frente e cercas brancas, fachada de pedra natural e telhas de madeira azul-escuras.
Camila avançou pela calçada sem olhar para trás, o quadril balançando no jeans justo de um jeito que fez com que a noite anterior invadisse a mente de Lauren como uma enxurrada.
Nossa.
Ela havia passado a manhã e a tarde inteiras tentando não pensar naquilo. Tinha beijado Camila, sentido seu corpo todinho e agora podia seguir em frente.
Não importava que Astrid não soubesse e não viesse a saber até depois do casamento – ou do não casamento, ou término, ou o que quer que Dinah estivesse tentando conseguir –, Lauren sabia.
E tinha passado a vida inteira se colocando em primeiro lugar, preocupada só consigo mesma e com o que sabia que era verdade, porque aprendera, havia muito tempo, que não podia controlar ninguém além de si mesma.
Não podia fazer com que os outros mudassem de ideia, não podia obrigar alguém a amá-la se a pessoa não tivesse interesse nenhum em fazer isso, nem podia evitar que alguém a abandonasse se era isso que a pessoa queria fazer.
Não podia obrigar agentes a fazerem uma reunião com ela. Não podia obrigar amantes da arte a comprar suas fotos.
Não podia obrigar Camila a não sentir vergonha do que tinha acontecido, nem mudar o fato de que seria obrigada e encontrar aquela mulher e seu quadril maravilhoso por mais dez dias.
Só podia cuidar da própria vida e tirar as porcarias das fotos.
Mas, enquanto Astrid arrancava com o carro, Camila parou na varanda e olhou para trás. Seus olhos encontraram os de Lauren através do vidro e ela sentiu aquele olhar descer por suas pernas. O mesmo olhar que Camila lançara por sobre o ombro no dia do brunch. Interesse. Fascínio. Caramba, era desejo.
– Oi? – disse Astrid.
Lauren engoliu em seco e desviou o olhar, soltando um suspiro profundo.
– A pousada fica... o quê? A um quilômetro e meio daqui? Se você for de uma vez eu logo te deixo em paz.
Astrid também soltou um suspiro.
– Eu perguntei se posso ver algumas das fotos que você tirou até agora.
– Ah.
Lauren esfregou a testa. Precisava se controlar. Tinha sido um beijo. Um beijo muito bom. Um beijo excelente, mas, ainda assim, eram só lábios e línguas. Já tinha beijado umas cem pessoas, ouvindo-as ofegar em sua boca como se elas estivessem se afogando e Lauren fosse o próprio ar.
Ou... bom, tudo bem, vai, ela não tinha ouvido cem pessoas reproduzirem aquele som no meio de um beijo, mas com certeza já tinha passado por isso.
– Mas que inferno, Lauren!
Ela deu um pulo no banco.
– Nossa, desculpa.
– Onde você está com a cabeça? Lá em Nova York?
Lauren passou as mãos no rosto.
– Quem dera.
Astrid contraiu os lábios e virou na Main Street, que estava bem movimentada antes do jantar. O céu era de um cinza e branco marmorizado, com promessa de chuva e um aroma terroso no ar.
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CAMREN: Ela Não Se Importa
FanfictionADAPTAÇÃO!!! Comédia romântica, que arrancará muitas risadas e suspiros. Retrata, com bom humor, os contratempos das relações amorosas, familiares e de amizade. Capa by @Mari_Oliver8 (Sra. Minha Esposa).